A Embaixada de Israel junto à Santa Sé amenizou a tensão com a Santa Sé depois de publicar um comunicado contra as recentes declarações do cardeal Pietro Parolin sobre Gaza.

Ontem (14), a embaixada qualificou de “deploráveis” as últimas declarações do cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado da Santa Sé, ao dizer que a situação em Gaza é “desproporcionada”.

Hoje (15), o embaixador Raphael Schulz disse que as palavras do cardeal eram "infelizes", não “deploráveis”.

O que disse o cardeal Parolin?

Por causa do aniversário dos Pactos de Latrão, o cardeal Pietro Parolin disse na terça-feira (13) que a resposta de Israel em Gaza depois dos ataques do Hamas de 7 de outubro é “desproporcionada”.

Segundo o Vatican News, serviço de informação da Santa Sé, o cardeal reiterou a “condenação clara e sem reservas de todo o tipo de antissemitismo”, ao mesmo tempo que reafirmou “um pedido para que o direito de defesa de Israel que foi invocado para justificar esta operação seja proporcional e certamente com 30 mil mortes não o é”, disse.

Parolin acrescentou que “estamos todos indignados com o que está acontecendo, com esta carnificina, mas devemos ter a coragem de seguir em frente e não perder a esperança”.

A resposta da Embaixada de Israel

Em um comunicado divulgado ontem (14) a Embaixada de Israel junto à Santa Sé descreveu a declaração do secretário de Estado da Santa Sé como “deplorável” e disse que “julgar a legitimidade de uma guerra sem levar em conta todas as circunstâncias e dados relevantes conduz inevitavelmente a conclusões erradas”.

Na carta, a Embaixada de Israel disse que “Gaza foi transformada pelo Hamas na maior base terrorista da história. Quase não existe infraestrutura civil que não tenha sido utilizada pelo Hamas para os seus planos criminosos, incluindo hospitais, escolas, locais de culto e muitos outros.”

“Grande parte do ‘projeto’ do Hamas, isto é, a construção desta infraestrutura terrorista sem precedentes, teve o apoio ativo da população civil local”, disse o comunicado.

Segundo o comunicado, os civis de Gaza “também participaram ativamente na invasão não provocada do território israelense em 7 de outubro, matando, violando e fazendo reféns civis”.

“Todos esses atos são definidos como crimes de guerra. As operações militares das IDF (Forças de Defesa de Israel) são realizadas em total conformidade com o direito internacional”, disse a embaixada israelense.

O comunicado da embaixada israelense disse que “para cada militante do Hamas morto, três civis perderam a vida”, enquanto noutras guerras e operações passadas das forças da OTAN ou ocidentais na Síria, Iraque ou Afeganistão “a proporção era de nove ou dez civis para cada terrorista”.

Retificação do comunicado

Em nova declaração publicada hoje (15), a embaixada afirma que a declaração original de ontem (14) foi escrita em inglês e depois traduzida para o italiano.

Por isso, o adjetivo em inglês escolhido foi “regrettable”, que, dizem, “foi traduzido para o italiano como ‘deplorável’, embora também pudesse ter sido traduzido como ‘infeliz’”.

O cardeal Pietro Parolin disse aos meios de comunicação na tarde de ontem (14) que não leu a declaração da Embaixada e por enquanto a Santa Sé não fez nenhuma declaração oficial a este respeito.