As Forças de Defesa de Israel (FDI) negaram novamente a acusação de que um atirador de elite de suas tropas “assassinou” duas mulheres na paróquia católica da Sagrada Família, em Gaza, na semana passada. Oficiais militares disseram que uma análise do incidente não coincide com os relatos divulgados sobre as mortes das mulheres.

O Patriarcado Latino de Jerusalém disse na semana passada que “por volta do meio-dia” de sábado (16), um atirador das FDI “matou duas mulheres cristãs dentro da paróquia da Sagrada Família em Gaza”. Disse ainda que as mulheres foram baleadas “a sangue frio dentro das dependências da paróquia, onde não há combatentes”.

As FDI inicialmente negaram essas alegações, dizendo à CNA, agência em inglês da EWTN, grupo a que pertence ACI Digital, que em conversas com autoridades da Igreja "não surgiram relatos de um ataque à igreja, nem de civis feridos ou mortos".

Num comunicado enviado à CNA ontem (21), um porta-voz das FDI pôs em dúvida essa versão desta vez baseando-se em uma análise militar do incidente.

“Depois dos relatos de que duas mulheres foram baleadas na área da igreja latina em Shuja'iyya, as FDI concluíram uma revisão inicial do incidente”, lê-se no comunicado.

A revisão concluiu que os “terroristas do Hamas lançaram uma granada de propulsão por foguete (RPG) contra as tropas das FDI nas proximidades da igreja”, disse o comunicado. “Depois, as tropas identificaram então três pessoas na proximidade, que operavam como observadores do Hamas, guiando os seus ataques na direção das tropas das FDI”.

“Em resposta, as nossas tropas dispararam contra os observadores e os impactos foram identificados”, continuou as FDI. “Embora este incidente tenha ocorrido na área onde as duas mulheres foram supostamente mortas, os relatos recebidos não coincidem com a conclusão da nossa revisão inicial, que concluiu que as tropas das FDI tinham como alvo observadores em postos de vigilância inimigos”.

“As FDI continuam investigando o incidente”, disse o comunicado.

Respondendo sobre a quais “relatos” se referiam e se a sua análise determinou se um soldado das FDI matou as mulheres em questão, eles responderam: “Essa é toda a informação que podemos partilhar sobre este tema neste momento”.

No mesmo sábado em que foram relatadas as mortes das mulheres, segundo o Patriarcado Latino, foguetes teriam sido disparados de um tanque das FDI e atingiram o convento das irmãs de madre Teresa de Calcutá, as Missionárias da Caridade, no complexo paroquial, deixando a casa inabitável.

O padre Gabriel Romanelli, padre do Instituto do Verbo Encarnado e pároco da Sagrada Família em Gaza, disse esta semana à CNA que “o gerador e os recursos de combustível do edifício foram destruídos”. Os moradores das instalações, várias dezenas de pessoas com deficiência, “foram realocados”.

As condições “são muito precárias”, disse o padre à CNA. “Alguns deles, que necessitam de respiradores, correm o risco de não sobreviver por muito tempo”.