Por ocasião do Dia Mundial da Vida Consagrada, celebrado hoje (2), a Igreja Nacional Espanhola de Santiago e Montserrat, em Roma, acolheu na tarde de ontem (1º) a “Vigília da Luz”, uma cerimônia que teve a participação de muitas pessoas consagradas e que foi conduzida pelo arcebispo de Madri, cardeal José Cobo Cano.

Vários grupos de diferentes congregações, especialmente da Espanha, estão em Roma para participar nesta vigília e também para assistir à missa que o papa Francisco celebrará hoje (2) na Basílica de São Pedro.

O cardeal Cobo viajou a Roma para acompanhar os mais de 80 seminaristas da capital espanhola que serão recebidos em audiência privada pelo papa amanhã (3), e para tomar posse do título de cardeal no próximo domingo (4), no templo dos espanhóis na Cidade Eterna.

“A falta de vocações é porque não se conhece a vida consagrada”

Alejandro, religioso de 24 anos de Barcelona, Espanha, e estudante de filosofia em Roma, destacou em conversa com a ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, a importância de celebrar o Dia da Vida Consagrada.

"É um momento para nos tornarmos conhecidos, para conscientizar as pessoas sobre a vida religiosa. A falta de vocações costuma ocorrer porque as pessoas não conhecem o que fazemos, a nossa vida", disse ele.

Disse também que desde muito jovem sabia que o Senhor o chamava à vida religiosa: “Eu tinha sete anos, como a criança que quer ser astronauta, eu queria ser padre”.

Para Alejandro, o essencial que um padre deve ter é “um coração generoso, aberto ao Senhor para dizer ‘sim’ a tudo o que pede”.

Alejandro e outros companheiros participam da “Vigília da Luz”. Daniel Ibáñez/ACI Prensa.
Alejandro e outros companheiros participam da “Vigília da Luz”. Daniel Ibáñez/ACI Prensa.

“Dar visibilidade à vida escondida de entrega desinteressada”

Madre Paloma, membro do governo geral da Congregação Madres de Desamparados y San José de la Montaña (Mães de Desamparados e São José da Montanha), disse que viajaram a Roma “para aproveitar o dia da vida consagrada e nos apresentar aos pés de Pedro”.

“Acho que devemos dar visibilidade ao trabalho social dos consagrados, o testemunho de uma vida às vezes tão escondida de serviço, de oração, de dedicação abnegada, e acredito que deve ter um dia muito especial como este, o dia da Candelária. É uma ocasião para dar mais visibilidade a tanto trabalho bom que se faz na Igreja”, disse.

Ela falou da importância da “autenticidade”, de não ter medo de mostrar o que são e de sair à procura de pessoas que ajudem a aumentar as vocações à vida consagrada.

Madre Paloma, da Congregação Madres de Desamparados y San José de la Montaña. Daniel Ibáñez/ ACI Prensa.
Madre Paloma, da Congregação Madres de Desamparados y San José de la Montaña. Daniel Ibáñez/ ACI Prensa.

O que é vocação?

O padre Miguel Silvestre, da Obra da Igreja, disse que a vocação significa uma única palavra: chamado.

Ele disse que “Deus nos chama a viver d’Ele, alguns ao matrimônio, outros à vida consagrada. E eu senti esse chamado, essa vocação de viver só para Deus, de me entregar completamente a Ele”.

“A vocação é, nesse sentido, uma entrega à vida consagrada, uma entrega total. É por isso que através dos votos de pobreza, castidade e obediência, todo o nosso ser, o nosso coração, todos os nossos desejos, o nosso olhar e os nossos afetos são para Deus e para sempre”, disse.

“Jesus é a melhor coisa que pode nos acontecer na vida”

A irmã Paz, natural de Pamplona (Navarra, Espanha), pertence às Servas de Maria Ministras dos Enfermos e mora em Roma há dois anos.

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A freira contou que vivem esse dia “em atitude de gratidão pelo dom da vida consagrada”.

“Este dia serve para agradecer ao Senhor pela sua escolha e pelo seu chamado e, sobretudo, pela sua fidelidade para conosco em todos os momentos”, disse.

Para aqueles que duvidam se o Senhor os chama, a irmã os aconselhou a “não ter medo”, pois “Jesus é a melhor coisa que pode nos acontecer na vida. Os problemas são muitos, mas a esperança é sempre maior”.

“A Igreja não se entende sem os consagrados”

Mons. José Jaime Brosel, reitor da Igreja Nacional Espanhola em Roma, disse que a “Vigília da Luz” é “um momento de encontro e oração, entre os religiosos de língua espanhola e de oração com eles e por eles” feito especialmente para “agradecer a Deus pelo dom da vida consagrada”.

Falando à ACI Prensa, disse que este “é um momento de ação de graças” para descobrir também “a riqueza e o que significa construir, entre cada um e cada um no seu lugar, o Reino de Cristo”.

Para mons. Brosel, “o Dia da Vida Consagrada acontece 365 dias por ano, mas esta é uma forma de destacar não só o que fazem, mas o que são para a vida da Igreja e do mundo”.

Ele disse que “se (as pessoas consagradas) não existissem, teriam que ser inventadas” e também que “a Igreja não pode ser compreendida sem as pessoas consagradas nas suas diferentes manifestações. É uma riqueza, um dom, um sopro do Espírito”.

Mons. José Jaime Brosel, Reitor da Igreja Nacional Espanhola em Roma. Daniel Ibáñez/ACI Prensa.
Mons. José Jaime Brosel, Reitor da Igreja Nacional Espanhola em Roma. Daniel Ibáñez/ACI Prensa.

“O futuro da Igreja está no Evangelho”

Durante a reflexão sobre várias passagens do Evangelho lidas nesta Vigília, o arcebispo de Madri, cardeal José Cobo, disse que só “um olhar com os olhos de um pobre é capaz de reconhecer Deus”.

“O futuro não será com grandes meios, temos o futuro da Igreja no Evangelho, que é a força dos pobres. A força aparece na fraqueza”, disse ele.

Dom José Cobo convidou os consagrados a deixar que Deus “seja o piloto, e não o copiloto, das nossas vidas” e disse que “devemos estar na linha de frente”, pois “não estamos apenas arriscando a nossa salvação, mas também a de toda a Igreja”.

“Precisamos que ajudem a Igreja a descobrir onde estão as sementes, não a solução para os problemas”, afirmou.

Ele também disse que “a chave está no serviço”, que também é “o incentivo contra a frustração e as reclamações”. “Servir, esperando que Deus em algum momento cumprirá a sua promessa ao seu povo”.

“A luz da vida consagrada convida a servir apesar das dificuldades da vida e dos momentos de escuridão. É preciso arriscar e contar aos outros a beleza da sua vida. Não se retraiam, anunciem o que Deus está fazendo com vocês, para que sejamos peregrinos do futuro”, concluiu o cardeal.

O arcebispo de Madri, cardeal José Cobo Cano. Daniel Ibáñez/ACI Digital.
O arcebispo de Madri, cardeal José Cobo Cano. Daniel Ibáñez/ACI Digital.