Na inauguração do Ano Judiciário hoje (25), o papa Francisco lembrou aos Prelados Auditores do Tribunal da Rota Romana a importância da oração e de invocar o Espírito Santo para realizar um bom discernimento, especialmente durante os processos de nulidade matrimonial.

Em seu discurso aos magistrados, o papa refletiu sobre o discernimento, um "aspecto importante desse serviço", especialmente necessário durante os processos de nulidade matrimonial.

Além disso, recordou as últimas reformas implementadas nesse tipo de processo através de seu motu proprio Mitis iudex Dominus Iesus e ressaltou que essas mudanças "não devem ser mal interpretadas, e nunca se deve negligenciar a necessidade de servir aos fiéis com um ministério que os ajude a compreender a verdade sobre seu matrimônio".

O papa esclareceu que, com essas modificações, não queria favorecer a nulidade dos matrimônios, "mas a celeridade dos processos" e, por isso, queria que as causas de nulidade matrimonial fossem processadas por meio dos tribunais, e não por meio de canais administrativos, "porque o exige a necessidade de proteger a verdade do vínculo sagrado no mais alto grau".

"Sem a oração vocês não podem ser juízes"

O papa Francisco disse aos juízes da Rota Romana que esse discernimento constitui "uma grande responsabilidade confiada a eles pela Igreja, "porque influencia fortemente a vida dos pessoas e das famílias".

Por isso, exortou os magistrados a enfrentar essa tarefa "com coragem e lucidez" e ressaltou que, acima de tudo, "é fundamental contar com a luz e a força do Espírito Santo", já que "sem a oração" eles "não podem ser juízes". "Se alguém de vocês não reza, por favor, peça demissão. É melhor assim", disse Francisco.

Segundo o papa, "essa é a única maneira de chegar a decisões que vão na direção do bem das pessoas e de toda a comunidade eclesial"

Ele também enfatizou que "a objetividade do discernimento judicial exige estar livres de qualquer preconceito, tanto a favor quanto contra a declaração de nulidade”.

A prudência e a justiça

Para conseguir um bom discernimento, o papa Francisco os aconselhou a viver duas grandes virtudes: "a prudência e a justiça, que devem ser informadas pela caridade".

O papa Francisco defendeu uma "prudência justa" que não se refere a uma decisão "discricionária", mas a um "ato declarativo sobre a existência ou não do bem do matrimônio".

Ele também enfatizou que "o discernimento justo implica um ato de caridade pastoral, mesmo quando a sentença é negativa".

Para o papa Francisco, "a lei eclesiástica deve ser feita à luz da verdade sobre o matrimônio indissolúvel, que a Igreja preserva e difunde em sua pregação e missão".

Por último, o papa recordou que o discernimento sobre a nulidade "está apoiado e garantido por seu caráter sinodal".

"Quando o tribunal é colegial, como costuma acontecer, ou quando há apenas um juiz, mas ele consulta os que têm autoridade, o discernimento é realizado em uma atmosfera de diálogo ou discussão, na qual a franqueza e a escuta mútua são fundamentais, para uma busca comum da verdade".

O papa Francisco insistiu que, nesse serviço, "é essencial invocar o Espírito Santo e comprometer-se a empregar todos os meios humanos para averiguar a verdade".

  

Mais em