O presidente da Conferência Episcopal Italiana, cardeal Matteo Zuppi, anunciou que a conferência acolhe a declaração Fiducia supplicans, "um documento que se situa no horizonte da misericórdia".

O cardeal italiano, a quem o papa confiou a missão de interceder em nome da Santa Sé pela paz na Ucrânia, fez estas declarações em um longo e detalhado texto de introdução aos trabalhos do Conselho Episcopal Permanente da Conferência Episcopal Italiana, que se reúne de 22 a 24 de janeiro em Roma.

Zuppi disse que o documento do Dicastério da Doutrina da Fé "está situado no horizonte da misericórdia, do olhar de amor da Igreja para todos os filhos de Deus, sem se afastar dos ensinamentos do Magistério".

Destacou que o texto escrito pelo cardeal Víctor Fernández e assinado pelo papa "não questiona o significado do sacramento do matrimônio".

Também lembrou que "Deus quer que todos se salvem" e que é "tarefa da Igreja interessar-se por todos e por cada um dos homens".

O presidente da conferência episcopal pediu para não esquecer "que todos os batizados gozam da plena dignidade de filhos de Deus e, como tais, são nossos irmãos e irmãs".

Em seguida, convidou os bispos italianos a não se deixarem "intimidar por leituras meramente sociológicas da Igreja" ou por uma cultura "para a qual a fé está declinando".

"É a arrogância do pessimismo, que se apresenta como realismo. O pessimismo se transforma em um tipo de segurança e motiva a preguiça e o hábito", advertiu.

O cardeal também exortou os bispos a evitarem ser intimidados "por leituras da Igreja que interpretam nossa ação como política".

Reiterou que, apesar de estar abertos ao diálogo, "não deixaremos que outros nos digam qual é o conteúdo de nossa ação caritativa ou de nossa missão, que nunca são partidárias, porque a única parte da Igreja é Cristo e a defesa da pessoa, da vida, do começo ao fim".

"Certas leituras querem dividir os bispos e os cristãos, enquanto, em contrapartida, sinto viva a comunhão entre os bispos e o povo e isso vale mais do que os likes nas redes sociais", assegurou.

O cardeal Zuppi recordou que no passado "houve anos difíceis para as igrejas na Itália", especialmente depois do Concílio Vaticano II, "quando a comunidade parecia se desintegrar na oposição entre grupos, bispos e protestos, a Igreja praticou com confiança uma comunhão inclusiva na escuta mútua".

Nesta perspectiva, lamentou que "estamos em uma época em que o passado e a tradição são apagados, como se o que nos precedeu fosse errado ou irrelevante; ao contrário, a história, da qual somos herdeiros, nos reconforta". Segundo o cardeal Zuppi, "as crises apresentam uma Igreja enfraquecida", mas garantiu que não se deve ter medo da "fragilidade e da pequenez".

Ele também reiterou que "apesar das leituras pessimistas ou políticas sobre a Igreja", percebe-se "a força da caridade", tanto dos cristãos como dos sacerdotes.