O papa Francisco agradeceu aos jornalistas do Vaticano, a quem se referiu como seus "companheiros de viagem", por sua paixão e "trabalho árduo", especialmente quando informam com respeito sobre os "escândalos da Igreja".

No início da manhã de hoje (22), cerca de 150 membros da Associação Internacional de Jornalistas Credenciados junto ao Vaticano (AIGAV) foram recebidos pelo papa Francisco na Sala Clementina do Palácio Apostólico.

O grupo de jornalistas credenciados junto à Santa Sé, "uma comunidade unida por uma missão", segundo o papa, foi recebido no Vaticano pela primeira vez desde a fundação da associação.

Depois de ser recebido com aplausos, o papa Francisco comentou sobre a "paixão" destes profissionais da notícia, bem como seu "amor por aquilo que informam" e seu "trabalho árduo" a serviço da verdade.

O jornalismo é uma vocação

Para o papa, "ser jornalista é uma vocação, como a de um médico, que escolhe amar a humanidade curando suas doenças" e que "escolhe tocar as feridas da sociedade e do mundo".

Ele também lembrou que essa vocação "é um chamado que nasce na juventude" e, por isso, exortou-os: "voltem às raízes dessa vocação". “Quanta necessidade de conhecer e contar, por um lado, e quanta necessidade de cultivar um amor incondicional pela verdade, por outro!"

O papa comentou sobre a paciência dos jornalistas do Vaticano em acompanhar as notícias que chegam da Santa Sé dia após dia, tentando contar a história de "uma instituição que transcende o aqui e agora, e nossas próprias vidas".

Os vaticanistas frequentemente acompanham o papa em suas viagens apostólicas e, por isso, Francisco os agradeceu por seus "sacrifícios em seguir o papa ao redor do mundo e "por trabalhar com frequência, mesmo aos domingos e feriados".

"Peço-lhes desculpas pelas vezes em que as notícias que me dizem respeito, de diferentes maneiras, os afastaram de suas famílias, de brincar com seus filhos, e também tiraram a vocês o tempo de passar com seus maridos ou esposas”, disse Francisco.

Segundo o papa, essa reunião é "uma oportunidade para refletir sobre o árduo trabalho de um vaticanista ao contar o caminho da Igreja, ao construir pontes de conhecimento e comunicação em vez de sulcos de divisão e desconfiança".

Posteriormente, ele lembrou as palavras do decano da comunidade de vaticanistas, Luigi Accattoli, colunista histórico e editorialista de "Assuntos do Vaticano" do Corriere della Sera, que enfatizou que "aprendeu a arte de buscar e narrar histórias de vida" que é "um belo incentivo: amar o ser humano, aprender a humildade".

Citando são Paulo VI, Francisco disse que um jornalista do Vaticano "não deve guiar-se, como às vezes acontece, por critérios que classificam as coisas da igreja segundo categorias profanas e políticas, que não se adaptam as coisas em si mesmas, mas, muitas vezes as distorcem, mas devem levar em conta o que verdadeiramente informa a vida da igreja, quer dizer, seus objetivos religiosos e morais e suas qualidades espirituais características".

"Delicadeza" ao falar dos escândalos

Continuando, Francisco agradeceu aos jornalistas pela "delicadeza" que muitas vezes eles têm "ao falar dos escândalos da Igreja, existem e muitas vezes eu vi vocês com uma delicadeza grande, um respeito, um silêncio eu diria até envergonhado”.

Em seguida, o papa Francisco agradeceu-lhes mais uma vez "pelo esforço que fazem para manter esse olhar que sabe ver por trás das aparências, que sabe captar a substância, que não quer se curvar à superficialidade dos estereótipos e das fórmulas pré-embaladas da informação-entretenimento".

 Ele também os encorajou a "a continuar nesse caminho que sabe unir a informação à reflexão, o falar ao escutar, e o discernimento ao amor.

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A responsabilidade pela verdade

Ele também enfatizou a dificuldade desse trabalho, dizendo que "a grandeza do jornalista do Vaticano está na sutileza da alma que se soma à habilidade jornalística".

O papa Francisco ainda enfatizou que "a beleza de seu trabalho em torno de Pedro é fundá-lo sobre a sólida rocha da responsabilidade na verdade, não sobre as frágeis areias da tagarelice e das leituras ideológicas". Segundo o papa, isso consiste em "não esconder a realidade e também suas misérias, sem amenizar as tensões, mas ao mesmo tempo sem fazer clamores desnecessários, mas esforçar-se para captar o essencial, à luz da natureza da igreja".

Por fim, o papa pediu aos jornalistas que rezem por ele e depois os cumprimentou pessoalmente, um a um.