Hoje (31) faz um ano que Bento XVI morreu aos 95 anos no Mosteiro Mater Ecclesiae do Vaticano, onde passou seus últimos dias dedicado à leitura e à oração, depois de renunciar ao pontificado em 2013.

Suas últimas palavras

"Signore, ti amo!" (Senhor, eu te amo!) foram as últimas palavras de Bento XVI.

Ele disse isso por volta das três da manhã e em italiano, com uma voz fraca, mas clara, poucas horas antes de sua morte e na presença de um enfermeiro.

Segundo o seu secretário pessoal, o arcebispo Georg Gänswein, estas foram as suas últimas palavras compreensíveis, “porque sucessivamente não foi mais capaz de se expressar”.

“Permanecei firme na fé!”

Na tarde de 31 de dezembro, a Santa Sé publicou o testamento espiritual de Bento XVI, que pedia aos que compõem a Igreja Universal que permanecessem firmes na fé e não se deixassem confundir.

Depois de pedir perdão de coração “a todos aqueles a quem de algum modo tenha feito mal”, dirigiu-se “a todos aqueles que na Igreja foram confiados a meu serviço: permanecei firmes na fé! Não vos deixeis confundir!”

No final de seu testamento espiritual, Bento pediu orações por ele: "para que o Senhor, não obstante todos os meus pecados e insuficiências, me acolha na morada eterna. A todos aqueles que me estão confiados, dia a dia vai de coração minha oração".

O funeral e sepultamento de Bento XVI

Seu corpo foi levado para a basílica de São Pedro no dia 2 de janeiro e seu funeral, celebrado pelo papa Francisco, aconteceu no dia 5 de janeiro na praça de São Pedro, coberta por denso nevoeiro desde o início da manhã.

Na missa do funeral, o papa Francisco disse querer despedir-se do seu antecessor “com a mesma unção, sabedoria, delicadeza e dedicação que ele soube dispensar ao longo dos anos”.

Pouco antes de o caixão com o corpo de Bento XVI ser introduzido na Basílica de São Pedro a caminho das Grutas do Vaticano, o papa Francisco levantou-se para tocar no caixão e rezar.

Quando o arcebispo alemão Georg Gänswein beijou o a multidão gritava "Santo subito!" (Santo já).

O papa Bento XVI foi sepultado no Vaticano, no mesmo túmulo onde repousavam originalmente os restos mortais de são João Paulo II.

O primeiro papa a renunciar em 600 anos

Joseph Aloisius Ratzinger foi eleito papa em abril de 2005. Ele assumiu o nome de Bento XVI depois de décadas de serviço à Igreja Católica como teólogo, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, cardeal e um dos colaboradores mais próximos de são João Paulo II, a quem sucedeu no papado.

No dia 11 de fevereiro de 2013, Bento XVI, então com 85 anos, surpreendeu o mundo com o anúncio, em latim, da sua renúncia, tornando-se o primeiro papa a renunciar em 600 anos.

Disse que deu este passo porque a idade avançada e a falta de forças o tornavam inadequado para o cargo.

Um dos principais teólogos do século XX, Bento XVI teve um pontificado marcado por uma profunda compreensão dos desafios da Igreja, diante de crescente agressão ideológica e da perspectiva cada vez mais secular do Ocidente, dentro e fora da Igreja.

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Nascido na cidade bávara de Marktl am Inn, em 16 de abril de 1927, o futuro papa cresceu numa região da Alemanha conhecida pela sua piedade e grande devoção mariana.

Depois de um período forçado de dois meses no exército alemão no final da Segunda Guerra Mundial, Ratzinger e o seu irmão mais velho, Georg, retomaram os seus estudos para o sacerdócio, primeiro em Freising e depois em Munique.

Ordenado sacerdote junto com o seu irmão, em 29 de junho de 1951, Ratzinger completou seu doutorado em Teologia e tornou-se professor universitário e vice-presidente da prestigiada Universidade de Ratisbona, na Baviera.

Importante teólogo do século XX

Sua reputação como intelectual levou o então arcebispo de Colônia, Alemanha, cardeal Joseph Frings, a convidá-lo para servir como especialista ou perito no Concílio Vaticano II. Ele rapidamente se destacou.

Em 1977, o papa São Paulo VI nomeou-o arcebispo de Munique e Freising. Mais tarde naquele mesmo ano, ele o criou cardeal.

Quatro anos depois, em 1981, o papa João Paulo II nomeou-o prefeito da então Congregação (agora Dicastério) para a Doutrina da Fé, o dicastério da Santa Sé dedicado a promover e defender a doutrina católica. Permaneceu no cargo até a morte de são João Paulo II em 2005.

Depois de sua renúncia ao pontificado em 2013, passou a morar no mosteiro Mater Ecclesiae, um pequeno convento construído em 1994 dentro do Vaticano.