O bispo-auxiliar de Toledo, dom Francisco César García Magán, porta-voz da Conferência Episcopal Espanhola (CEE), defendeu o direito dos fiéis de rezar na rua, prática que se mantém há quase 50 dias de rezar pela unidade da Espanha.

Em entrevista à agência de notícias Europa Press o bispo disse que “não só se tem o direito de rezar aqui, em casa ou na Igreja, mas, claro, pacificamente e sem atacar ninguém e sem que ninguém o ataque, você também tem o direito de rezar em praça pública, respeitando as normas administrativas”.

A convocação acontece no Santuário da Imaculada Conceição de Madri desde o último 12 de novembro. Ela é parte dos protestos contra o governo que acontecem desde o dia 3 do mesmo mês em frente à sede nacional do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), a poucos metros do templo.

No final de novembro, a Delegação do Governo de Madri tentou impedir a convocação para a oração, alegando que a comunicação da concentração não cumpria os critérios de urgência previstos na lei.

Apesar disso, a presença de fiéis tem permanecido ininterrupta no local. No dia 8 de dezembro, dia da Imaculada Conceição, padroeira da Espanha, a oração mariana foi feita em mais de 100 locais.

Está previsto que, além da oração diária em Madri, a convocação nacional também aconteça no primeiro sábado do mês, a partir do próximo dia 6 de janeiro.

As declarações de dom García Magán são uma resposta à tentativa do governo de impedir a oração pública do rosário.

Estas considerações somam-se à expressão de “respeito” manifestada pelo presidente da CEE, cardeal Juan José Omella, numa recente carta enviada a José Andrés Calderón, organizador das convocações.

“Quero que saiba que respeito as decisões de pessoas e grupos que agem em consciência para rezar, reunir-se, refletir, etc.”, disse o cardeal Omella em resposta a uma carta que Calderón enviou ao cardeal, depois de outras declarações de Omella sobre o rosário nas quais disse:

“As pessoas que rezam e que pedem, eu não sei o que cada pessoa pede na sua consciência… aí estão eles e os seus grupos. Nós não controlamos as pessoas e os grupos. O que queremos é trabalhar sempre lado a lado, dizer o que é preciso dizer, e trabalhar lado a lado pelo bem comum, se nos deixarem e se contarem conosco. O que não vamos fazer são batalhas políticas e batalhas para derrubar governos, não sei se me faço entender. Nós vamos propor valores que devem ser defendidos, valores pelos quais devemos trabalhar e lutar e pronto. É isso que temos que fazer. Isto é o que é próprio de um cristão e o que é próprio de um cidadão democrático”.

Os motivos para rezar o rosário pela unidade da Espanha

Juan Andrés Calderón disse ao cardeal que os motivos destas convocações estão ligados às frequentes expressões religiosas durante os protestos contra o governo nos primeiros dias por causa dos pactos que alguns bispos qualificaram de “imorais”.

Calderón considerou que estas proclamações sobre o Sagrado Coração de Jesus ou alusivas às raízes católicas de Espanha denotavam “uma profunda nostalgia de Deus” o que levou à convocação da oração do rosário.

O governo tenta evitar a oração em vias públicas

Em abril de 2022, o governo da Espanha, uma coligação social-comunista liderada por Pedro Sánchez, aprovou uma modificação do Código Penal que procura intimidar aqueles que rezam o rosário perto dos negócios de aborto e oferecem ajuda às mães.

Esta disposição legal prevê penas de prisão de três meses a um ano para qualquer pessoa considerada culpada de “dificultar o exercício do direito à interrupção voluntária da gravidez ou de assediar uma mulher através de atos irritantes, ofensivos, intimidantes ou coercivos que ponham em causa a sua liberdade”.

Os grupos mais visados ​​por esta disposição são aqueles que oferecem ajuda às mulheres em situação de risco de aborto nas proximidades de centros onde são feitos abortos, ou aqueles que fazem campanhas recorrentes de oração, como 40 Dias pela Vida.

Voluntárias de 40 Dias pela Vida em Castellón. 40 Dias pela vida.
Voluntárias de 40 Dias pela Vida em Castellón. 40 Dias pela vida.

Em resposta a estas disposições legais, foram organizadas diferentes iniciativas, incluindo a plataforma “Rezar não é crime”.

Amanhã (28), dia dos santos inocentes, foram convocadas orações do rosário nas proximidades de negócios de aborto.

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