“Se não entendermos o que é uma mulher, o que é a teologia de uma mulher, nunca entenderemos o que é a Igreja. Um dos grandes pecados que cometemos foi ’masculinizar’ a Igreja”, disse o papa Francisco hoje (30) ao receber os membros da Comissão Teológica Internacional.

Por causa de uma inflamação pulmonar que o impede de respirar normalmente, o papa entregou o discurso escrito e falou algumas palavras improvisadas.

Francisco falou da “criatividade” que as mulheres têm no campo teológico e lembrou que no próximo encontro com o Conselho dos Cardeais, conhecido como C9, refletirão “sobre a dimensão feminina da Igreja”.

“A Igreja é mulher”, disse o papa convidando os teólogos a refletirem sobre o conceito de “a Igreja como mulher, a Igreja como esposa”.

Conversão missionária da Igreja

Para o papa, “hoje somos chamados a dedicar toda a energia do coração e da mente a uma conversão missionária da Igreja”.

Para isso, propôs uma “teologia evangelizadora” que promova o diálogo com o mundo da cultura.

“E é essencial que vocês, teólogos, façam isso em sintonia com o Povo de Deus, eu diria ‘de baixo para cima’, ou seja, com um olhar privilegiado para os pobres e os simples, e ao mesmo tempo se colocando "de joelhos", porque a teologia nasce da adoração a Deus”.

“Cabe aos teólogos espalhar novos e surpreendentes lampejos da luz eterna de Cristo na casa da Igreja e na escuridão do mundo”, disse o papa.

No discurso escrito, Francisco citou o Concílio de Nicéia, que faz 175 anos em 2025.

O papa Francisco falou dos dois desafios atuais que esta Comissão estuda: a questão antropológica e a questão ecológica.

Ele falou do trabalho que fazem para propor uma reflexão “sobre o estado atual da fé trinitária e cristológica” confessada pelo Concílio de Niceia.

Neste sentido, ele exortou a redescobrir o Concílio de Nicéia e destacou três razões para fazê-lo: a espiritual, a sinodal e a ecumênica.

“Aquele que se tornou homem por nós e para nossa salvação é Deus de Deus, luz da luz. Não é apenas a luz do conhecimento impensável, mas é uma luz que ilumina a existência com o amor do Pai”, disse.

“Há uma luz que nos guia no caminho e dissipa as trevas, e esta luz, que vive na nossa vida, é nascente e eterna: como podemos dar testemunho dela, se não com uma vida luminosa, com uma alegria que irradia?”

Ele também disse que “sinodalidade é o caminho, o modo de traduzir em atitudes de comunhão e processos de participação a dinâmica trinitária com a qual Deus, por meio de Cristo e no sopro do Espírito Santo, vem ao encontro da humanidade”.

Finalmente, ele exortou os membros da Comissão Teológica Internacional a não se contentarem com “o que já foi adquirido” e a manterem “seus corações e mentes abertos ao semper magis de Deus”.