A Igreja Católica celebra hoje (24) pela primeira vez a memória litúrgica da beata Benigna Cardoso da Silva, conhecida como a “heroína da castidade”. Ela foi beatificada há um ano, após ter seu martírio reconhecido pelo papa Francisco.

“Uma jovem mártir que, seguindo a Palavra de Deus, manteve pura a sua vida, defendendo a sua dignidade. O seu exemplo nos ajude a ser generosos discípulos de Cristo. A vida do mundo depende do nosso testemunho coerente e alegre do Evangelho”, disse Francisco dias após a beatificação.

Benigna Cardoso da Silva nasceu em 15 de outubro de 1928, em Santana do Cariri (CE). Ficou órfã de pai e mãe muito cedo, e foi adotada junto com seus irmãos mais velhos pela família “Sisnando Leite”.

Religiosa e temente a Deus, desejava fazer a Primeira Eucaristia e seguir os mandamentos de Deus. Participava das missas diariamente e fazia penitência nas primeiras sextas-feiras, em honra ao Sagrado Coração de Jesus, do qual era devota.

Aos 12 anos de idade, Benigna começou a ser assediada por Raul Alves, por quem não tinha interesse. Benigna procurou o padre Cristiano Coelho para pedir conselhos sobre as investidas de Raul. O sacerdote a aconselhou a ir estudar em Santana do Cariri (CE) e lhe deu de presente uma Bíblia, que foi o seu livro de cabeceira daí em diante.

No dia 24 de outubro de 1941, sabendo que Benigna iria ao poço pegar água, Raul ficou a sua espreita e na oportunidade que teve tentou violentar a jovem. Rejeitado, Raul pegou a faca que tinha consigo e a golpeou cortando-lhe os dedos da mão esquerda. Benigna continuou resistindo. Raul a feriu na testa, nas costas e lhe cortou o pescoço, matando-a aos 13 anos.

Na época do assassinato, padre Cristiano Coelho Rodrigues, que foi mentor espiritual da menina, escreveu a seguinte nota ao lado do seu registro de batismo: “Morreu martirizada, às 4 horas da tarde, no dia 24 de outubro de 1941, no sitio Oiti. Heroína da Castidade, que sua santa alma converta a freguesia e sirva de proteção às crianças e às famílias da paróquia. São os votos que faço à nossa santinha”.

Desde então, vem aumentando a devoção à menina. Em 2004, teve início a Romaria da Menina Benigna, que acontece de 15 a 24 de outubro e entrou para o calendário oficial do Estado do Ceará em junho de 2019. Milhares de pessoas se reúnem para celebrar a heroína da castidade, muitos usando roupas vermelhas com bolinhas brancas, como o vestido que a beata usava no dia do seu martírio

Anos depois o martírio, o algoz de Benigna, Raul Castro, se converteu e testemunhou sobre a morte da menina, dizendo que ela lutou com uma força incomum para sua idade, para manter sua pureza.

O martírio de Benigna foi reconhecido pelo papa Francisco em outubro de 2019. Ela foi beatificada em 24 de outubro de 2022 e se tornou a primeira beata do estado do Ceará.