O arcebispo de Durango, México, dom Faustino Armendáriz, disse que “é um desafio buscar a vontade de Deus” no Sínodo da Sinodalidade, evento do qual participa e que acontece no Vaticano até o dia 29 de outubro, e no qual pela primeira vez os leigos, incluindo 54 mulheres, têm direito de voto.

O Sínodo da Sinodalidade foi convocado em outubro de 2021 sob o lema “Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão”. Centenas de pessoas, incluindo sacerdotes e leigos, participam da sessão. Haverá uma segunda sessão em outubro de 2024.

“Aqui é um desafio buscar a vontade de Deus, não a nossa. Ouvem-se muitas vozes dizendo que ‘isso vai acontecer’, ‘isso vai mudar’, 'isso vai ser removido'. Não. Qual é a vontade de Deus? É isso que queremos descobrir”, disse dom Armendáriz em entrevista à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI.

Ele disse que as muitas propostas e experiências apresentadas iluminarão os participantes para ajudá-los a “ver com mais esperança este caminho da Igreja”, no qual há algumas vozes que “estão muito longe de imaginar o que realmente queremos”. “O que queremos não é eliminar o que já existe, mas fortalecê-lo com o desejo de que as nossas Igrejas sejam Igrejas vivas”, disse.

Sinodalidade e o Espírito Santo

Dom Armendáriz reconheceu que estar todos “em sinodalidade não é fácil”, pois há pessoas “com ideias muito diferentes” e que vêm de culturas diferentes.

“Eu, num dos círculos menores, tive que ser relator, e montar um documento onde todos concordamos é um grande desafio, mas sim é possível. Digo isso pelo meu testemunho de ter conseguido e de poder apresentá-lo à comissão de síntese”, continuou.

O método de trabalho do sínodo estabelece que cada círculo menor ou grupo de trabalho apresente o seu relatório à comissão encarregada de preparar o documento síntese da primeira sessão, que incluirá tanto os temas sobre os quais há convergência como aqueles sobre os quais há divergências.

O arcebispo exortou os católicos a “olhar com grande esperança porque sim vão surgir muitos frutos [do sínodo]. Acho que devemos confiar no Espírito Santo e dizer – toda vez que iniciamos um projeto ou uma sessão – que o fazemos em nome de Deus.”

Respondendo sobre o que é sinodalidade, dom Armendáriz disse: “Sinodalidade, literal e etimologicamente, significa ‘caminhar juntos’, embora o fato de estarmos juntos não significa que estejamos em sinodalidade, mas antes é todo um estilo de vida que temos que aprender".

O arcebispo de Durango disse então que “no sínodo, antes de cada reunião, invoca-se a presença do Espírito Santo, fazem-se pausas para meditar à luz do Espírito, volta-se ao tema e no final, depois de um dia ou mais, podemos estar de acordo a respeito, olhando para o bem da Igreja”.

“Aqui não importa o que nós dizemos, mas o que o Espírito Santo inspira em cada um dos participantes do sínodo”, disse.

Se o que se faz no sínodo for feito “em nome de Deus, creio que não corremos o risco de andar com cálculos, mas podemos simplesmente partilhar”, continuou.

Ele disse que nas missas pede-se ao Senhor e à Virgem que guiem os delegados. “Invocamos o Espírito Santo e acreditamos que ele está conosco”, disse.

“No final das contas, com a metodologia do diálogo no Espírito obtemos o que acreditamos ser bom para a Igreja”, disse.

Os organizadores do sínodo e o papa Francisco disseram que o método a seguir nesta sessão é a “conversação espiritual”, na qual deve haver uma escuta atenta ao Espírito Santo para que Ele seja o protagonista.

Na fase dos círculos menores, há quatro minutos de silêncio a cada duas ou três intervenções e um minuto entre cada intervenção, uma nova metodologia na história dos sínodos.