O prefeito do dicastério para a Promoção do Desenvolvimento Humano Integral da Santa Sé, cardeal Michael Czerny, disse hoje (19) que a sinodalidade “não representa nenhum perigo para a natureza da Igreja”, especialmente para a sua estrutura hierárquica.

O cardeal canadense fez esta avaliação um dia depois que os delegados do Sínodo da Sinodalidade foram apresentados à visão abrangente de um teólogo para a Igreja hierárquica. Ele foi questionado durante a coletiva de imprensa do sínodo hoje sobre as preocupações de que houvesse tentativas de separar o governo da Igreja do sacramento das ordens sagradas.

“Acho que a identificação entre ordens [sagradas] e ofícios é algo que está sendo superado”, disse Czerny. “Em outras palavras, entendemos que as ordens não são necessárias para todos os ofícios”.

Ele destacou o fato de que o prefeito do dicastério para as Comunicações da Santa Sé tem sido liderado há vários anos por um leigo, Paolo Ruffini.

“Não há perigo para a natureza da Igreja”, acrescentou Czerny, “porque há responsabilidades que já estão sendo – e em alguns casos já estão – confiadas a não-cardeais, não-bispos, não-padres”.

O arcebispo de Pretória, África do Sul, dom Dabula Anthony Mpako, disse na mesma coletiva que acredita ser geralmente aceito que “a sinodalidade deve coexistir com a estrutura hierárquica da Igreja”.

“Não acho que isso esteja em questão”, continuou. “No entanto, o que provavelmente queremos ver é como os dois podem funcionar de tal forma que a sinodalidade comece a infundir a forma como a estrutura hierárquica da Igreja funciona”.

Acrescentando que “não está nada preocupado com isso”, o arcebispo disse que, “na Igreja Católica, a sinodalidade tem um caráter único, [porque] é uma sinodalidade no centro da qual está a cátedra de Pedro, o papa”.

“No final das contas, a hierarquia anda de mãos dadas com a sinodalidade”, disse.

Em resposta a uma pergunta sobre as preocupações manifestadas por alguns católicos norte-americanos de que o Sínodo da Sinodalidade tenha um resultado predeterminado com uma agenda liberal, o bispo de Brownsville, no estado americano do Texas, dom Daniel Flores, disse que “não vê uma conspiração”, “Simplesmente ouvi conversas honestas, sinceras, fiéis e caridosas sob, devo dizer, 'sub tutela petri', 'sob os cuidados de Pedro'. Isso não é uma ameaça à fé”.

“Vivemos em uma época muito suspeita”, disse o bispo, que é presidente-delegado do sínodo. “Não me preocupo com isso.”

Mpako também disse que uma conspiração “não se conecta com a realidade como eu a conheço”.

“Acho que o desejo de uma Igreja mais sinodal que incentive a participação de todos é algo que muitos de nós temos apelado”, disse. “Já temos terreno fértil para isso [na África]; temos praticado para isso”.