O papa Francisco criou no consistório de sábado (30) 21 novos cardeais, com idades entre 49 e 96 anos, e originários de 15 países e cinco continentes diferentes. À CNA, agência em inglês do grupo EWTN, do qual ACI Digital faz parte, 12 dos novos cardeais disseram o que consideram necessário para evangelizar o mundo moderno.

Cardeal Grzegorz Ryś, 59 anos, arcebispo de Łódź, Polônia: Ouvir

Ryś disse que existem duas chaves para evangelizar o mundo moderno: “A primeira é ouvir o Evangelho como Palavra viva. Então, isso significa que ouvimos Cristo e o Espírito Santo. E a segunda coisa é ouvir o povo, caso contrário não há evangelização. Porque a evangelização, em última análise, é o encontro de uma pessoa com outra pessoa: a pessoa do próximo que vive conosco e a pessoa de Cristo que vem ao seu encontro. Então, você precisa ouvir os dois lados, senão não há encontro”.

Cardeal Américo Aguiar, 49 anos, bispo eleito de Setúbal, Portugal: Comunicação digital

“Temos que encontrar o equilíbrio neste mundo digital… e a forma de viver, o modo de se relacionar dos jovens é diferente de nós”, disse Aguiar, acrescentando que a revolução digital mudou a cultura quase na escala da revolução industrial.

“É um mundo novo: não é melhor nem pior, é diferente”, disse. “A comunicação é diversificada… Nós, na missa, nas conferências, falamos, blá, blá, blá, blá, blá, demais, blá, blá, blá. E citamos os documentos do Vaticano, os documentos do papa e tudo mais… Nós, como pastores, temos que nos converter a esta nova cultura, porque Cristo e o Evangelho são sempre os mesmos. Como disse João Paulo II... a nova evangelização devia ser nova em ardor, métodos e expressões. E creio que ainda estamos aí, na descoberta, na adaptação, na conversão a novos métodos e expressões, porque Cristo e o Evangelho são sempre os mesmos”.

Cardeal Stephen Ameyu Martin Mulla, 59 anos, arcebispo do Sudão do Sul: Diálogo

“No nosso tempo, penso que a coisa mais importante que devemos ter é o diálogo”, disse Mulla. “Sem diálogo entre nós não será fácil viver juntos. Mas onde há diálogo há sempre a possibilidade de reunir as nossas ideias e partilhá-las e dar um passo comum. Mas, sem diálogo, a nossa vida fica complicada na sociedade e até na família.”

Cardeal Christophe Pierre, 77 anos, núncio apostólico nos EUA: Querigma

É muito difícil transmitir valores cristãos hoje, disse Pierre. “O desafio da Igreja [na evangelização] é chegar às pessoas – isto é o que o papa Francisco nos diz o tempo todo – devemos chegar às pessoas onde elas estão, compreendê-las, dialogar com elas, e propor-lhes a Boa Nova, mas num contexto novo… Temos que encontrar formas de anunciar a Boa Nova, o querigma, num novo contexto”.

Cardeal Pierbattista Pizzaballa, O.F.M., 58 anos, patriarca de Jerusalém: Jesus

“O que vejo que precisamos hoje como Igreja, pelo menos o que digo a mim mesmo, é dizer às pessoas que, para mim, Jesus é a coisa mais maravilhosa que pode acontecer na minha vida”.

Cardeal Agostino Marchetto, 83 anos, núncio apostólico aposentado e oficial da cúria: Amor

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Marchetto disse que para evangelizar hoje o mais necessário é “o amor, o amor verdadeiro, o amor que tenha presente o que o homem é. Amor que não é apenas um sentimento, mas que tem respeito pela pessoa, sabe o que significa dar-se, o que significa não ser egocêntrico… Não esqueçamos que Deus é amor, e descobrimos, como ele diz, ‘amar uns aos outros, como eu os amei’ ”.

Cardeal Ángel Sixto Rossi, SJ, 65 anos, arcebispo de Córdoba, Argentina: Proximidade

“O que o papa insiste muito é na proximidade. Não se pode servir se não se está perto e se não se escuta: escutar as alegrias, as tristezas, as angústias do nosso povo para poder dar uma resposta, não uma que esteja no ar, mas que responda a necessidades concretas. Por isso, creio que o papa insiste nisso, na proximidade. Não apenas proximidade física, mas proximidade existencial, proximidade espiritual. É saber ouvir para que a linguagem seja de coração a coração”.

Cardeal José Cobo Cano, 58 anos, arcebispo de Madri, Espanha: Esperança

Cobo disse que para evangelizar o mundo moderno, a Igreja precisa “escutar a palavra de Deus” e evangelizar juntos, “não cada um com a sua ideia, mas juntos e na diversidade que temos no mundo de hoje”.

“Nosso chamado é transmitir a esperança de Deus, aquela que vivemos comunitariamente no meio do nosso mundo, que é um pouco o exercício que o Sínodo quer que façamos... Aprender a caminhar juntos para ouvir o que Deus quer neste momento. Essa é a mensagem. E acredito que o nosso mundo neste momento precisa de muita esperança, de boas notícias, para dar sentido e alma às coisas que fazemos, acho que às vezes perdemos a alma das coisas.”

Cardeal Stephen Brislin, 67 anos, arcebispo da Cidade do Cabo, África do Sul: Alcançar

Brislin disse acreditar que o maior desafio da Igreja hoje é como evangelizar, como levar Cristo às pessoas. “Que ao tentar discernir juntos e ouvir uns aos outros, precisamos desenvolver formas de tentar chegar aos outros, especialmente aos jovens, que enfrentam tantas vozes diferentes, tanto barulho em suas vidas, para podermos apresentar a fé de uma forma que os impacte e que eles possam compreender. Espero que isso seja fruto do Sínodo, para começar, mas também acredito que é nisso que temos que trabalhar juntos, dizendo: 'Como podemos chegar àqueles que estão se afastando da fé, perdendo a fé, mas principalmente os jovens', porque acho que eles realmente sentem uma necessidade em suas vidas e de alguma forma não estamos respondendo a essa necessidade”.

“Tem sido maravilhoso que o atual papa, e vários dos papas anteriores, tenham realmente tentado enfatizar que todos nós devemos evangelizar as pessoas, e evangelizamos as pessoas não apenas falando com elas, mas particularmente pela forma como vivemos nossas vidas. e como nossa conduta e nosso comportamento ético proclamam quem somos e o que somos.”

Cardeal Claudio Gugerotti, 67 anos, prefeito do dicastério para as Igrejas Orientais: O Evangelho 'sine glossa'

O que é necessário para evangelizar hoje, disse Gugerotti, é “deixar o Evangelho falar. Tente evitar comentários tanto quanto possível. Esta é a única coisa. O Evangelho foi escrito para pessoas muito simples e a sua exigência era tocar o coração. Sempre que começamos a construir sistemas de culpa ou de política sobre isto estamos estragando o Evangelho, e assim o Evangelho se dilui numa série de problemas mentais que nada têm a ver com ele. Deixe o Evangelho falar sem qualquer comentário: Evangelium 'sine glossa' ”.

Cardeal Stephen Chow Sau-yan, SJ, 64 anos, arcebispo de Hong Kong, China: Ajudar as pessoas a conhecerem a Deus

“Acho importante dizermos que o papa Francisco fez uma distinção”, disse Chow. “A evangelização é realmente ajudar as pessoas a compreender o amor de Deus – e o amor de Deus sem a agenda de transformá-las em católicos – porque esse não deveria ser o foco, pois esse foco seria muito restritivo. Para que eles entendam [que] nosso Deus significa amor, significa boa vontade e uma vida melhor. E isso é importante. Sem isso, você não pode ajudá-los a nos compreender. Portanto, a evangelização deveria ser realmente conhecer a Deus que é amor”.

Cardeal Luis José Rueda Aparicio, arcebispo de Bogotá, Colômbia: Lutar pela paz

Rueda disse que a Igreja “nasceu para evangelizar e servir a humanidade”. Ele disse que, especificamente na Colômbia, a evangelização “tem um compromisso muito forte e profundo com a busca da reconciliação, da justiça, da paz e do respeito pela vida”.

“Porque sofremos as feridas de um conflito de sete décadas, agravado por toda a questão do tráfico de drogas na América Latina... Portanto, o grande desafio é dar continuidade ao que fizeram outros bispos, padres, leigos e catequistas, que é optar pelos pobres, pela sociedade civil, pela vida e pela paz”.