A Agência Salesiana de Notícias (ANS) divulgou uma lista de santos famosos que serão incorporados ao calendário litúrgico dos greco-católicos ucranianos, que conformam uma numerosa Igreja Católica de Rito Oriental, espalhada por vários países do mundo.

Entre os santos incluídos estão são João Paulo II, santa Teresa de Calcutá, são Charbel, santo Antônio de Pádua, santo Afonso Maria de Ligório e são João Bosco. Mas por que eles só foram incorporados agora a esta Igreja Oriental, embora ela seja católica? Aqui estão três aspectos para entender esse evento importante.

1. Os greco-católicos

Na Ucrânia, um país da Europa de Leste, há duas comunidades católicas que diferem, entre outras características, na forma como celebram a sua liturgia. O grupo minoritário é o de rito latino ou romano; ou seja, aqueles que usam o Missal Romano, tal como é usado em muitos países ocidentais.

A comunidade majoritária é formada por greco-católicos, que mantêm um antigo rito denominado bizantino. Suas formas e tradições litúrgicas são muito semelhantes às ortodoxas. No entanto, eles estão em plena comunhão com o papa.

Eles têm presença autônoma ou independente das dioceses ou arquidioceses latinas em países como Brasil, EUA, Canadá, Polônia, Argentina, Austrália e outras nações europeias.

2. Os calendários

Nos primeiros dias de fevereiro deste ano, os bispos greco-católicos fizeram um Sínodo no oeste da Ucrânia, perto da fronteira com a Polônia, e concordaram em mudar de calendário a partir de 1º de setembro. Assim, a partir desse mês eles mudaram do calendário “Juliano” para o calendário “Gregoriano”. Mas o que isso significa?

Há muitos séculos, os cristãos eram regidos pelo calendário juliano, instituído por Júlio César (46 a.C.), mas este apresentava certas deficiências, razão pela qual não calculava com precisão os dias e os anos. Por isso, em 1582 o papa Gregório XIII estabeleceu o chamado calendário gregoriano, que continha correções ao calendário juliano para melhor ajustar o tempo.

Com o calendário gregoriano, a Igreja Católica Romana estabeleceu dias fixos para a celebração de solenidades e santos. A maioria deles não muda de data, são fixos ou imóveis, como 25 de dezembro, que é Natal; ou 25 de março, Festa da Anunciação. No entanto, a Páscoa continua a ser variável.

Os católicos gregos aceitaram o calendário gregoriano para celebrar festas fixas, assim como fazem os católicos de rito latino. Mas preservarão a celebração da Páscoa e de outros feriados a ela relacionados que variam em data, seguindo o calendário juliano.

3. O que aconteceu com os santos famosos?

Alguns santos famosos no Ocidente não eram celebrados de forma oficial por todos os greco-católicos ucranianos, mas os bispos desta Igreja fizeram um Sínodo recente em Roma, de 3 a 13 de setembro, e ali concordaram em incorporá-los ao seu santoral antigo.

Para os salesianos, “a introdução dos nomes dos santos de outras Igrejas sui iuris (autônomas e católicas) no calendário litúrgico da Igreja greco-católica mostra a abertura e o respeito que a Igreja greco-católica tem pelas sagradas tradições da Igreja Latina e de outras Igrejas Católicas Orientais”.

Os salesianos também publicaram uma imagem de dom Bosco representado no estilo bizantino, que a Igreja greco-católica costuma usar para venerar os santos.

Por fim, o papa Francisco expressou seu desejo de que todos os cristãos, católicos e não católicos, celebrem a Páscoa na mesma data até 2025, ano em que se comemora os 1700 anos do Primeiro Concílio Ecumênico de Niceia, celebrado em 325.

Estão atualmente em curso conversações de alto nível entre as Igrejas cristãs para tornar este sonho uma realidade.