O arcebispo de Bolonha e presidente da Conferência Episcopal Italiana, cardeal Matteo Zuppi, participou na terça-feira (12) do encontro inter-religioso organizado pela Comunidade de Sant'Egidio, que acontece em Berlim, Alemanha. Ele conduziu a meditação durante a oração ecumênica dos cristãos e disse que “a guerra é como um incêndio terrível, sem respeito pela vida, mas um coração pacífico pode apagar o fogo e ajudar a paz a crescer”.

O cardeal se referiu especialmente à Ucrânia e à Síria, dois países gravemente afetados pela guerra nos últimos tempos, perguntando-se se algum dia a paz chegará a ambos os territórios, “abandonados no desespero no deserto, sem água nem salva-vidas”.

"Será que o tempo do Senhor chegará em uma época em que as pessoas acham que têm tempo de sobra e estão se entregando ao desperdício, perdendo oportunidades, incapazes de tirar lições do sofrimento sem fim que é a consequência da pandemia da guerra?", questionou.

O cardeal Zuppi exortou todas as pessoas de boa vontade a não ter medo, a não dar desculpas e a ser “profetas de paz que quebram as lanças do preconceito, que criam distâncias e cicatrizes”, para estar sempre prontos a amar o próximo.

Segundo Zuppi, só assim a humanidade poderá curar as feridas do seu coração: cuidando das feridas dos outros. “Não pratiquemos a arte da guerra, nem cultivemos o ódio, nem retribuamos o mal com o mal; não humilhemos ou aniquilemos nossos vizinhos porque não somos capazes de amar verdadeiramente”, disse.

“Aprendamos a arte de viver, a arte de Deus: amemos uns aos outros, reconheçamos a beleza de cada pessoa, o dom recíproco que representamos uns para os outros”, acrescentou.

Para o cardeal Zuppi, é impossível para o ser humano tornar-se corajoso por seus próprios meios, mas ele só pode conseguir isso caminhando com seus irmãos e seguindo Jesus Cristo.

“Cristo, nossa paz, aquele que nos confia sua paz, encarregando-nos de vivê-la e dá-la aos nossos companheiros de viagem. Quem é ousado? O humilde pacificador, aquele que semeia a paz no meio da divisão, da ignorância e da violência. Aquele que não se rende diante da guerra e lava os pés daqueles que não são amados, daqueles que não são amados, de quem está ferido pelo mal”, disse.

O cardeal concluiu pedindo a Deus que “liberte todos nós do medo e da mediocridade” para que todos possam reconhecer no outro a paz que Ele deseja para o mundo.

Após o evento, o cardeal Zuppi viajou para Pequim como enviado especial do papa Francisco, em um esforço para acabar com o conflito entre a Rússia e a Ucrânia.