A Santa Sé informou hoje (5) que o cardeal Matteo Maria Zuppi foi para a Ucrânia como enviado do papa Francisco para “alcançar uma paz justa” e “apoiar gestos de humanidade”.

A Santa Sé confirmou que hoje e amanhã (6), o arcebispo de Bolonha e presidente da Conferência Episcopal Italiana (CEI) estará em Kiev, capital ucraniana.

"O principal objetivo desta iniciativa é ouvir em profundidade as autoridades ucranianas sobre os possíveis caminhos para alcançar uma paz justa e apoiar gestos de humanidade que contribuam para aliviar as tensões", disse o comunicado da sala de imprensa da Santa Sé.

Em 20 de maio, a Santa Sé informou que o papa Francisco confiou ao cardeal Zuppi a tarefa de liderar uma missão de paz entre a Rússia e a Ucrânia. O diretor da sala de imprensa, Matteo Bruni, disse na ocasião que “o momento da missão e o modo como ela será realizada” estavam “em estudo”.

Cinco dias depois do anúncio oficial da Santa Sé, durante a homilia do encerramento da Assembleia dos Bispos Italianos, o cardeal Zuppi recordou "a angústia na alma do povo ucraniano que anseia pela paz, e a dos que choram aqueles que nunca mais voltaram, engolidos pela máquina de morte fratricida que é guerra".

Durante a coletiva de imprensa de encerramento do Conselho Permanente da CEI, o cardeal Zuppi reiterou o objetivo de sua missão, dizendo que no conflito que já dura um ano e meio na Ucrânia, o papa Francisco está envolvido "até as lágrimas", referindo-se à sua carta ao povo ucraniano divulgada em 25 de novembro de 2022.

"Com a guerra se perde tudo"

“Com a paz sempre se ganha, talvez pouco mas se ganha, com a guerra se perde tudo”, disse o papa Francisco em entrevista ao programa italiano “A sua Immagine” (À Sua Imagem), transmitida ontem (4).

O papa refletiu sobre a violência que atinge a vida das pessoas, inclusive das mais jovens: “É uma história tão antiga quanto a humanidade: com a paz sempre se ganha, talvez pouco mas se ganha, com a guerra se perde tudo”.

O papa Francisco reiterou o apelo de Pio XII em sua radiomensagem aos governantes em 1939, às vésperas da Segunda Guerra Mundial: “Nada se perde com a paz. Tudo se perde com a guerra”.

Na primeira entrevista do papa Francisco em um estúdio de televisão, ele deu estas declarações pensando no conflito da Ucrânia, mas também em todas as guerras do mundo.

Francisco também lamentou que hoje exista "um prazer na tortura". "Estamos vendo isso na guerra, nas filmagens de guerra, o prazer... E tantos soldados que trabalham lá torturando soldados ucranianos. Eu vi os filmes. E isso às vezes acontece com os meninos", disse.

Desde o início da invasão da Ucrânia pela Rússia, o papa Francisco fez vários apelos e procurou formas de acabar com o conflito.

Em 13 de maio, o papa Francisco recebeu o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, em audiência privada. Em uma audiência privada dirigida a alguns embaixadores, no dia da festa de Nossa Senhora de Fátima, o papa recordou também que a “neutralidade” da Santa Sé pode ajudar a resolver conflitos e guerras.

Confira também: