O papa Francisco falou ontem (7) sobre a importância de estudar as “alianças” na Bíblia e sua relação com os desafios atuais da Igreja e do mundo.

Francisco recebeu ontem, no Palácio Apostólico Vaticano, os membros da Associação Bíblica da Itália e os participantes da XLVII Semana Bíblica Nacional, que tem como tema “Aliança e alianças entre universalismo e particularismo”.

O papa falou de três alianças: a aliança com Noé que “centra-se no relacionamento entre o homem e a criação”, “a aliança com Abraão, partilhada pelas três grandes religiões monoteístas” e o “dom da lei e a eleição do povo de Israel”.

A primeira aliança mencionada centra-se “na relação entre a humanidade e a criação”. O relato do dilúvio recorda-nos a importância da “justiça” e da responsabilidade ecológica, disse o Francisco. Para o papa, esta aliança de Noé estimula “um uso justo e sóbrio dos recursos do planeta, uma preocupação muito séria neste momento”.

A segunda aliança, a de Abraão, representa a fé em um Deus “comum às três grandes religiões monoteístas”. Em uma “época abalada pelos ecos da morte e da guerra”, o papa recordou que esta “fé comum em um único Deus nos convida e nos encoraja a viver como irmãos” e a “trabalhar juntos para construir o mundo em verdadeira paz”.

A terceira aliança está relacionada com “a dádiva da lei e a eleição do povo de Israel”. “Deus nunca escolhe alguém para excluir outros, mas sempre para incluir todos. A escolha de Deus tem sempre esta dimensão social e missionária”, disse o papa.

“Essa é uma advertência importante para os nossos tempos”, continuou, “nos quais correntes de separação cada vez maiores abrem valas e erguem cercas entre as pessoas e entre os povos, em detrimento da unidade do gênero humano e do próprio Corpo de Cristo, de acordo com o plano de Deus".

O papa também destacou o valor do trabalho conjunto no estudo e na divulgação da “Palavra de Deus”. A Associação Bíblica Italiana desempenha um papel crucial neste esforço, apoiando as semanas bíblicas diocesanas e colaborando com o Pontifício Instituto Bíblico, disse Francisco. Nesta linha, o papa exortou a promover a sinergia entre as instituições acadêmicas e a evitar o elitismo e a exclusão no acesso ao estudo bíblico.