A arquidiocese de Medellín, Colômbia, publicou a lista de denúncias recebidas nos últimos 30 anos contra padres por abuso sexual, bem como as ações da Igreja Católica, que incluem a apresentação de 26 casos ao Ministério Público e a apresentação de outros 23 à Santa Sé.

Este é o relatório que a arquidiocese enviou ao jornalista Juan Pablo Barrientos, em resposta ao pedido que fez em 19 de fevereiro de 2021 e em cumprimento da decisão da Corte Constitucional de 2 de junho de 2022, que ordenou entregar a informação pedida.

Barrientos é o autor dos livros Deixai que as crianças venham a mim e Este é o Cordeiro de Deus, e desde 2018 pede à arquidiocese de Medellín informações sobre denúncias de abusos cometidos por padres. O último pedido é de fevereiro de 2021.

Na quinta-feira (25), num vídeo publicado nas redes sociais da arquidiocese, o arcebispo, dom Ricardo Tobón Restrepo, disse que o relatório seria publicado para evitar que fosse manipulado ou distorcido porque Barrientos "foi promovendo uma campanha agressiva de descrédito contra a Igreja Católica.

No vídeo, a arquidiocese mostrou um áudio no qual o jornalista afirma que “a Igreja Católica é uma empresa do crime organizado internacional. Uma rede de pedófilos internacionais que cometem crimes impunemente em todos os cantos do planeta, escondendo-se atrás do fervor do povo”.

O número de denúncias recebidas

Em seu documento, a arquidiocese de Medellín informou que nos últimos 30 anos recebeu 36 denúncias. O caso mais antigo é de 1984 e o mais recente de 2019.

Do total, Restrepo disse que onze foram canonicamente desestimadas, "entre outras coisas, porque as testemunhas se contradizem ou as provas não tem coerência".

Dos padres envolvidos, sete permanecem como párocos, um está suspenso como medida cautelar, outro não tem função pastoral, um está em casa devido à idade avançada e outro está incardinado em Cuenca, Equador.

Dos outros 25 denunciados, seis foram expulsos do sacerdócio, oito estão suspensos por medida cautelar, quatro permanecem como párocos, dois continuam como vigários paroquiais, dois têm ministério limitado, um já morreu e dois ainda estão sob investigação.

Casos enviados à Santa Sé

A arquidiocese de Medellín disse que enviou à Congregação para a Doutrina da Fé 23 denúncias de pedofilia e abuso infantil. O caso informado mais antigo é de 1995 e o mais recente é de 2018.

Do total de denunciados, sete foram expulsos do sacerdócio, sete estão cumprindo pena canônica, cinco já cumpriram a pena imposta e quatro ainda estão em processo canônico.

A arquidiocese explicou ao jornalista que “a finalidade do direito canônico é fazer avançar os processos contra os sacerdotes somente quando há infrações às referidas normas; neste sentido, recorda-se que existem violações de direito canônico (Livro VI, cânones 1311 a 1399 do Código de Direito Canônico) que não constituem crimes definidos no Código Penal”.

"No entanto, em qualquer caso, o abuso sexual contra menores é punível sob jurisdição eclesiástica", disse.

As denúncias apresentadas ao Ministério Público

Por fim, a arquidiocese informou que 26 casos de padres denunciados foram encaminhados ao Ministério Público.

O incidente mais antigo relatado é de 1995 e os mais recentes datam de 2017.

Do total de denúncias, dez foram encaminhadas ao Ministério Público em 10 de outubro de 2019, uma em 23 de junho de 2020, uma em 4 de agosto de 2020 e quatorze em 25 de agosto de 2022.

No vídeo de 25 de agosto, dom Restrepo lamentou e condenou “os abusos cometidos por alguns padres” e destacou que estes “não podem ser manipulados para dizer que toda a Igreja é uma empresa do crime organizado e uma rede internacional de pedófilos”.

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Restrepo agradeceu "entrega generosa" da maioria dos membros da Igreja que se dedicam "à ação pastoral e a ajudar os mais necessitados", e lembrou as ações empreendidas pela Igreja Católica para educar os menores e "combater a pedofilia em todos os ambientes”.

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