A arquidiocese de Medellín, Colômbia, informou ontem (18) que cumprirá a decisão da Corte Constitucional de entregar a um jornalista informações sobre casos de abusos sexuais, depois que o tribunal esclarecer alguns pontos da sentença.

O arcebispo de Medellín, dom Ricardo Tobón Restrepo, destacou que “fomos notificados da decisão da Corte Constitucional que determina a entrega das informações pedidas por um jornalista”, referindo-se a Juan Pablo Barrientos, que desde 2018 pede informações sobre denúncias de abusos cometidos por padres contra menores.

"Respeitando a lei – disse Restrepo - e com a firme decisão de colaborar no esclarecimento dos fatos, em 12 de agosto pedimos à Corte o esclarecimento de alguns pontos de sua decisão que consideramos confusos".

Num vídeo postado na conta da arquidiocese no Twitter, dom Restrepo disse que “uma vez recebidos esses detalhes, que consideramos importantes, nossa arquidiocese procederá a cumprir com a sentença dentro dos critérios estabelecidos pela Corte Constitucional”.

"Tornamos esta declaração pública para que não haja dúvidas ou mal-entendidos sobre nossa total disposição de cumprir nosso compromisso de contribuir com as investigações e chegar à verdade", disse Restrepo.

 

Em sua sentença SU191/22, de 2 de junho de 2022, a Corte Constitucional da Colômbia ordenou que a arquidiocese de Medellín respondesse ao pedido feito por Barrientos em 19 de fevereiro de 2021, dentro de 48 horas após a notificação e que "todas as perguntas podem ser respondidas, pois não há ressalvas".

Na ocasião, o jornalista pediu informações sobre o número de denúncias recebidas pela arquidiocese nos últimos 30 anos, os nomes dos padres envolvidos, as datas dos fatos, o processo canônico feito e sua situação perante a justiça penal ordinária.

Barrientos anexou a esse pedido os nomes de 915 sacerdotes da arquidiocese de Medellín.

O jornalista argumentou que mencionou todos esses padres porque a arquidiocese não havia respondido a quantas denúncias de abuso recebeu nas últimas três décadas, mas só respondeu pelos 103 padres que nomeou em seus pedidos de outubro de 2018 e julho de 2020.

Em seu pedido de fevereiro de 2021, Barrientos acrescentou perguntas sobre o estado atual de cada um dos 915 padres. Ele disse que desistiria disso se a arquidiocese de Medellín preferisse responder quantas denúncias recebeu nos últimos 30 anos, o número de casos enviados à Santa Sé e os apresentados à justiça colombiana.

Segundo o jornalista, a arquidiocese apenas o informou que “dos 915 nomes da lista [há] 185 falecidos, 73 não pertencem à arquidiocese de Medellín, 4 nomes repetidos, 6 sem registro no banco de dados [e] 647 sacerdotes diocesanos”; e que nos últimos 30 anos "foram recebidas várias denúncias que foram tratadas por esta arquidiocese de forma coerente e com base no Direito Canônico e no Direito Penal Colombiano".

Na sentença da Corte Constitucional consta que a arquidiocese de Medellín “deve levar em conta que o pedido suscitou dois blocos alternativos de questionamentos e, portanto, conforme o autor estabeleceu em seu escrito, a entidade pode escolher qual dos dois blocos de questionamento quer responder e isso a isentará de abordar o que não foi selecionado”.

Em 5 de março, num comunicado, a arquidiocese afirmou que “não há rede de pederastia na arquidiocese de Medellín ou na Igreja na Colômbia. Houve alguns casos específicos, que absolutamente deploramos e rejeitamos”.

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