5 de dezembro de 2025 Doar
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Há uma estratégia para aniquilar cristãos e islamizar a Nigéria, diz perito em direitos humanos

Caixões com restos mortais de 73 cristãos do Estado de Benue, no centro da Nigéria, massacrados por jihadistas fulani em 2018. | Cortesia da Intersociety

Ataques contra comunidades cristãs, especialmente no norte da Nigéria, não são um fenômeno isolado, mas sim uma estratégia para "aniquilá-las todas e islamizar o país", diz o criminologista e pesquisador Emeka Umeagbalasi.

Umeagbalasi passou 30 anos denunciando violações de direitos humanos em seu país e disse que "esse não é simplesmente um caso de violência".

"Documentamos o assassinato coordenado e sistemático de um povo inteiro, então estamos falando claramente de um genocídio cristão", disse ele à ACI Prensa, agência em espanhol do Grupo ACI.

Umeagbalasi, diretor da Sociedade Internacional para as Liberdades Civis e o Estado de Direito (Intersociety) publicou um relatório sobre a violência de radicais muçulmanos contra quem professa a fé cristã.

Eles não podem rezar em voz alta, eles fazem isso em segredo

A ONG estima que no norte do país existam cerca de 40 milhões de cristãos que "não podem rezar em voz alta". "Eles fazem isso em segredo, à noite”, diz a Intersociety. “Ninguém ousa confessar abertamente sua fé. Se fizer isso, corre o risco de ser morto por blasfêmia".

A ONG alerta sobre uma "estratégia sistemática para alcançar o extermínio dos cristãos" apoiada pela cumplicidade do Estado e pela passividade da comunidade internacional.

"Hoje, no norte da Nigéria, é quase impossível viver como cristão e, se essa tendência continuar, dentro de meio século não seremos mais um país religiosamente plural", diz Umeagbalasi

"A cumplicidade faz parte da política expansiva do governo nigeriano de islamizar o país", diz Umeagbalasi. Segundo o perito, no governo de Muhammadu Buhari (2015-2023), ex-oficial militar de origem fulani, a Nigéria sofreu uma deterioração significativa na segurança interna.

Embora Buhari tenha chegado ao poder prometendo derrotar grupos jihadistas e restaurar a estabilidade, tanto o Boko Haram quanto seu braço direito, o Estado Islâmico na Província da África Ocidental, consolidaram seu controle sobre grandes áreas do nordeste do país nos últimos anos.

Existe um “projeto nacional de islamização”

"Os jihadistas tomaram o poder político e desde então lançaram um projeto de islamização nacional", diz ele.

Como exemplo da inação do Estado nigeriano, Umeagbalasi cita o caso paradigmático dos sequestros em massa no Estado de Kaduna, no norte do país. Nessa região, vários grupos armados ligados a pastores da etnia fulani, a mesma do presidente, atacam frequentemente aldeias cristãs, sem que as forças de segurança façam qualquer esforço para impedi-los. Segundo o especialista, o governo nigeriano tende a minimizar essa violência, descrevendo-a simplesmente como "crime comunitário".

Cerca de 850 cristãos permanecem presos em vários campos na região de Rijana, bem perto de uma base militar. Isso começou em dezembro do ano passado e eles permanecem reféns dos jihadistas até hoje. Entre dezembro e agosto deste ano, cerca de 100 prisioneiros foram mortos na região.

“Como é possível que tudo isso esteja acontecendo a poucos quilômetros de instalações militares sem que ninguém tome providências?”, pergunta o ativista.

Paróquias praticamente vazias por medo de atentados

Segundo a Conferência dos Bispos Católicos da Nigéria (CBCN, na sigla em inglês), pelo menos 145 padres foram sequestrados desde 2015. No entanto, investigações da ONG Intersociety elevam esse número para 250 clérigos católicos atacados, além de outros 350 ministros de várias denominações cristãs.

“A Igreja Católica e os bispos da Nigéria estão fazendo o que podem, mas há limites para o que eles ousam dizer publicamente”, diz Umeagbalasi.

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"Eles não podem reconhecer abertamente, por exemplo, que muitas paróquias no norte do país estão praticamente vazias por medo de ataques”, diz o especialista. “Mas podemos dizer a verdade, e fazemos isso para ajudá-los".

Em 2075, pode não haver mais cristianismo na Nigéria

A violência alterou profundamente o equilíbrio religioso na Nigéria. "O objetivo dos jihadistas é eliminar os cristãos", diz o diretor da Intersociety. "Se não agirmos com urgência, pode não haver mais cristianismo na Nigéria até 2075".

Os deslocamentos em massa para campos de deslocados internos — e além das fronteiras, para Camarões ou Chade — são mais uma evidência da magnitude do problema. "Quando destroem sua igreja, atacam sua comunidade e ameaçam sua vida, você não tem escolha a não ser fugir", diz Umeagbalasi.

O negócio do sequestro

A consultoria africana de segurança e estratégia SBM Intelligence documentou em seu relatório anual, Economia da Indústria de Sequestro da Nigéria, Atualização de 2025, que 4.722 pessoas foram sequestradas por grupos extremistas entre julho do ano passado e junho deste ano. Entre as vítimas estavam 18 padres.

Pela libertação desses milhares de reféns, eles pagaram cerca de 2,57 bilhões de nairas (cerca de R$ 9,2 bilhões), o que representa cerca de 10% do que os sequestradores estavam exigindo.

“Padres e freiras têm famílias que acabam pagando resgates, mesmo com a Igreja se recusando oficialmente a negociar”, diz Emeka Umeagbalasi. “Além disso, os sequestradores ficam com carros de luxo usados ​​pelos clérigos, que acabam vendendo no mercado negro. Um carro roubado de um padre pode valer até 10 milhões de nairas (cerca de R$ 35, 8 mil) no mercado negro”.

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