Líderes pró-vida na América Latina reagiram à possível anulação da decisão da Suprema Corte no caso Roe x Wade, que legalizou o aborto nos Estados Unidos.

O site POLITICO publicou em 2 de maio o vazamento de um rascunho do parecer sobre o caso Dobbs x Jackson Women's Health Organization, afirmando que o resultado será reverter as decisões pró-aborto de Roe x Wade de 1973 e Planned Parenthood x Casey de 1992.

O caso Dobbs envolve uma lei do Estado do Mississippi que restringe a maioria dos abortos depois da 15ª semana de gravidez, mas não pode entrar em vigor até que a Suprema Corte emita sua decisão final. Se a decisão do tribunal for favorável, mais de uma dúzia de estados imediatamente tornariam o aborto ilegal.

Em declarações à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, Jesús Magaña, presidente da plataforma pró-vida Unidos pela Vida, da Colômbia, comentou que se o vazamento for verdadeiro, "seria uma vitória do movimento pró-vida" e seria reconhecido que a sentença de 1973 "foi um erro gravíssimo que custou a vida, só nos Estados Unidos, de mais de 60 milhões de seres humanos".

“A sentença de 1973 tem um efeito muito grande, principalmente no continente americano. Na América Latina, as sentenças nos Estados Unidos são analisadas com muito cuidado e, no caso de Roe x Wade, a decisão pressionou pela descriminalização do aborto em muitos de nossos países e continua a fazê-lo até hoje", explicou Magaña.

O líder pró-vida colombiano disse que a reversão da sentença histórica “teria efeitos positivos a favor da vida na América Latina”.

 

 

Por sua vez, Martha Villafuerte, diretora nacional da associação Família Equador, disse à ACI Prensa que quando a comunidade pró-vida em seu país soube do vazamento, houve "um impacto de muita esperança".

“A notícia foi um tapa na cara, porque enquanto o Equador se curva à agenda do aborto, os Estados Unidos lutam de forma firme, coerente e frontal. É tudo ou nada. Essa é a força que devemos replicar para que nossa Corte Constitucional reverta a descriminalização do aborto”, disse.

"Para países como Colômbia ou Equador, onde recentemente houve sentenças contra a vida, esta notícia nos sacode para ir à raiz do problema", disse ela.

No entanto, Villafuerte teme, segundo fontes nos Estados Unidos, que o vazamento da sentença contra Roe x Wade "possa ​ser uma jogada suja do lobby do aborto para pressionar os juízes".

"Nós temos que dar todo o apoio, cruzando fronteiras, rezando muito para que os juízes mantenham sua posição e mostrem coragem diante da pressão política", concluiu.

Marcial Padilla, diretor da plataforma pró-vida e em defesa da família ConParticipación, do México, também falou sobre este assunto. Ele disse à ACI Prensa que a decisão da Suprema Corte é de “extrema importância para o México e toda a América Latina”.

“No México, por exemplo, uma decisão judicial de 2021 está impondo o aborto no país. Portanto, para os mexicanos é muito importante observar o que está acontecendo nos Estados Unidos. E se a decisão for proferida, seria a prova de que, com perseverança, é possível reverter a interpretação de uma Corte”, disse.

Padilla lembrou que os grupos pró-vida “devem ter consciência de que a causa em favor da dignidade e valorização da vida humana não ocorre apenas antes do nascimento”. Segundo ele, deve ser reconhecido que, se Roe x Wade for anulado, seria dado um passo “muito importante para poder proteger a mãe e o filho em todas as circunstâncias".

Do Peru, a diretora da Associação Origen, Giuliana Caccia, disse à ACI Prensa que, se Roe x Wade fosse declarada nula, provocaria uma espécie de “puxão de tapete” para “todas as leis (e projetos) que fundamentam seus argumentos nesse precedente judicial, não apenas nos Estados Unidos”, mas em todo o mundo.

Caccia disse que a sentença de Roe x Wade reforçou, por décadas, a “narrativa de que o aborto é um direito humano”, o que pode ser verificado com “a estratégia que o lobby pró-aborto implementou ao longo dessas décadas, gerando jurisprudência supranacional e pseudocientífica para promover sua agenda”.

Para Caccia, é uma questão de tempo até que a "verdade venha à tona", seja "agora" ou "no futuro".

“O mais incrível desse caso é que Norma McCovey, a famosa 'Jane Roe' da sentença, afirmou que a história que deu origem ao seu caso era falsa: ela não foi estuprada e seus depoimentos foram manipulados pelas advogadas ativistas que levaram o caso adiante", disse ela.

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“Lembremos que ela se arrependeu, se converteu ao catolicismo e foi ativista pró-vida. Apesar desta confissão, que seria suficiente para revogar a sentença, isso não aconteceu. Porque era uma conquista muito poderosa para perdê-la por causa deste ‘pequeno detalhe’”, disse sobre este famoso caso.

"Esperamos que seja feita justiça e isso ajudará a deter este genocídio que tem como principais vítimas crianças e mulheres inocentes que não compreendem as repercussões pessoais e espirituais da decisão que tomam de acabar com a vida de seus bebês", concluiu a líder peruana pró-vida.

Finalmente, a diretora de campanhas de CitizenGO na Argentina, Silvina Spataro, disse à ACI Prensa que "é uma grande alegria a possibilidade" de derrubar Roe x Wade, porque a sentença de 1973 é "injusta e baseada em um caso falso".

"Esta notícia é um grande passo para todos os pró-vida! Deve nos dar forças para continuar lutando para reverter as leis criminosas do aborto em nossos países e para continuar trabalhando para aumentar a consciência sobre o valor da vida humana desde a concepção até a morte natural", disse Spataro.

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