O papa Francisco propôs uma “revolução da ternura” ao falar na audiência geral de hoje, 19 de janeiro. Falando sobre são José, o papa exortou os católicos a se espelhar "na paternidade de José que é um espelho da paternidade de Deus, e perguntarmo-nos se permitimos que o Senhor nos ame com a sua ternura, transformando cada um de nós em homens e mulheres capazes de amar desta forma".

“Sem esta ‘revolução da ternura’ – é necessária uma revolução da ternura!  – corremos o risco de permanecer presos numa justiça que não nos permite erguer-nos facilmente e que confunde redenção com castigo”, disse o papa.

“A ternura é algo maior do que a lógica do mundo. É uma forma inesperada de fazer justiça. É por isso que nunca devemos esquecer que Deus não se assusta com os nossos pecados: convençamo-nos bem disto. Deus não se assusta com os nossos pecados, é maior do que os nossos pecados: é pai, é amor, é terno. Não se assusta com os nossos pecados, com os nossos erros, as nossas quedas, mas assusta-se com o fechamento do nosso coração – isto sim, fá-lo sofrer – assusta-se com a nossa falta de fé no seu amor", disse. "Há uma grande ternura na experiência do amor de Deus".

Segundo o papa, "é bom pensar que a primeira pessoa que transmitiu esta realidade a Jesus foi precisamente José" porque "as coisas de Deus vêm sempre até nós através da mediação de experiências humanas”.

Francisco recordou a parábola do pai misericordioso contada no Evangelho segundo São Lucas (Lc 15,11-32), que sublinha “não só a experiência do pecado e do perdão, mas também a forma como o perdão chega à pessoa que errou”.

Depois de mencionar uma representação teatral que tratou da parábola do Pai misericordioso, Francisco observou que "esta é a misericórdia de Deus. Ele não se assusta com o nosso passado, com os nossos aspetos negativos: assusta-se apenas com o fechamento" e reconheceu que "todos temos contas a acertar; mas acertar as contas com Deus é belíssimo, porque começamos a falar e Ele abraça-nos. A ternura!”

“Assim, podemos perguntar-nos se experimentamos esta ternura, e se, por nossa vez, nos tornamos suas testemunhas. Pois a ternura não é sobretudo uma questão emocional ou sentimental: é a experiência de nos sentirmos amados e acolhidos precisamente na nossa pobreza e miséria, e, por conseguinte, transformados pelo amor de Deus”, disse o papa.

Para o papa, "Deus não conta apenas com os nossos talentos, mas também com a nossa fraqueza redimida" e recordou que o ensinamento de são Paulo "basta-te a minha graça, porque a força manifesta-se na fraqueza" para destacar que "o Senhor não nos tira todas as fragilidades, mas ajuda-nos a caminhar com as fragilidades, pegando-nos pela mão”.

“Pega pela mão as nossas fragilidades e põe-se perto de nós. Isto é ternura. A experiência da ternura consiste em ver o poder de Deus passar precisamente por aquilo que nos torna mais frágeis; mas sob condição de nos convertermos do olhar do Maligno que nos faz ‘olhar para a nossa fragilidade com um juízo negativo, ao passo que o Espírito trá-la à luz com ternura’”.

Assim, o papa convidou a observar "como as enfermeiras, os enfermeiros, tocam as feridas dos doentes: com ternura, para não os ferir mais" e acrescentou que “assim o Senhor toca as nossas feridas, com a mesma ternura”

“É importante encontrar a Misericórdia de Deus, especialmente no sacramento da Reconciliação, - na oração pessoal com Deus, fazendo uma experiência de verdade e ternura”, disse Francisco.

"Paradoxalmente, também o Maligno pode dizer-nos a verdade: ele é mentiroso, mas arranja-se para nos dizer a verdade a fim de nos levar à mentira; mas, se o faz, é para nos condenar”, disse o papa. “O Senhor diz-nos a verdade e estende-nos a mão para nos salvar.  Entretanto nós sabemos que a Verdade vinda de Deus não nos condena, mas acolhe-nos, abraça-nos, ampara-nos, perdoa-nos.  Deus perdoa sempre: ponde isto na cabeça e no coração. Deus perdoa sempre. Somos nós que nos cansamos de pedir perdão. Mas ele perdoa sempre, inclusive as coisas mais terríveis”.

Rezar pelos presos

Antes de concluir a catequese, o papa pediu orações por "nossos irmãos e irmãs que estão na prisão" e que "é justo que quem erra pague pelo próprio erro, mas é também justo que aqueles que erraram possam redimir-se do seu erro".

“Não pode haver condenações sem janelas de esperança. Qualquer condenação tem sempre uma janela de esperança. Pensemos nos nossos irmãos e irmãs encarcerados, e pensemos na ternura de Deus por eles e rezemos por eles, para que encontrem naquela janela de esperança um caminho de saída rumo a uma vida melhor”, disse.

Por fim, o papa recitou oração a são José que fala da ternura para ajudar a se aproximar do sacramento da reconciliação.

São José, pai na ternura,
ensinai-nos a aceitar que somos amados precisamente naquilo que é mais débil em nós.
Concedei que não coloquemos qualquer obstáculo
entre a nossa pobreza e a grandeza do amor de Deus.
Suscitai em nós o desejo de nos aproximarmos do Sacramento da Reconciliação,
para que possamos ser perdoados e também que nos tornemos capazes de amar com ternura os nossos irmãos e irmãs na sua pobreza.
Estai próximo daqueles que erraram e que pagam o preço por isso;
ajudai-os a encontrar, juntamente com a justiça, a ternura para recomeçar.
E ensinai-lhes que a primeira maneira de recomeçar
é pedir sinceramente perdão, para sentir a carícia do Pai.

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