No segundo dia de sua viagem apostólica no Cazaquistão, o papa Francisco destacou quatro desafios globais que exigem unidade: a pandemia, a paz, a fraternidade e o cuidado da casa comum.

Na manhã de hoje (14), às 9h40 (00h40 no horário de Brasília), o papa Francisco deixou a nunciatura apostólica e foi para o Palácio da Independência.

Às 10h (01h no horário de Brasília), participou da Oração em silêncio dos Líderes Religiosos na Sala de Conferências.

Depois, ocorreu a cerimônia de abertura do VII Congresso de Líderes das Religiões Mundiais e Tradicionais, onde aconteceu a sessão plenária.

Francisco foi o último religioso a se sentar. Ele chegou ao seu lugar em uma cadeira de rodas e foi recebido com aplausos pelos demais participantes.

Depois do presidente da República do Cazaquistão, Kassym Jomart K. Tokayev, o papa Francisco fez seu discurso para quase 100 participantes. Foi a primeira vez que um líder religioso fez um discurso de abertura neste congresso.

Francisco disse que “nós, seres humanos, não existimos tanto para satisfazer interesses terrenos e tecer relações apenas de natureza econômica, como sobretudo para caminhar juntos como viandantes com o olhar voltado para o Céu”.

Francisco disse que “chegou a hora de despertar daquele fundamentalismo que polui e corrói toda a crença, chegou a hora de tornar límpido e compassivo o coração".

"Na realidade, as religiões não são problema, mas parte da solução para uma convivência mais harmoniosa", disse o papa, que recordou que "precisamos de religião para responder à sede de paz do mundo e à sede de infinito que habita o coração de cada homem”.

A pandemia

Francisco falou da pandemia como o primeiro dos desafios que chamam as religiões a uma maior unidade. “Nossa vulnerabilidade comum, que se manifestou durante a pandemia, deveria estimular-nos a continuar, não como antes, mas com mais humildade e clarividência”.

“Os crentes na pós-pandemia são chamados ao cuidado: a cuidar da humanidade em todas as suas dimensões, tornando-se artesãos de comunhão, testemunhas duma colaboração que supere as barreiras da própria pertença comunitária, étnica, nacional e religiosa”, disse.

Para Francisco, esta proposta “não é apenas um caminho para ser mais sensíveis e solidários, mas um percurso de cura para as nossas sociedades”.

A paz

O papa lamentou “os nossos dias ainda marcados pelo flagelo da guerra, por um clima de confrontos exasperados, pela incapacidade de recuar um passo e estender a mão ao outro.”.

Segundo ele, "há necessidade, para todos e cada um, de uma purificação do mal".

“Deus é paz, e sempre conduz à paz, nunca à guerra. Por isso empenhemo-nos ainda mais a promover e reforçar a necessidade de que os conflitos sejam resolvidos não com as razões inconclusivas da força, com as armas e as ameaças, mas com os únicos meios abençoados pelo Céu e dignos do homem”, disse Francisco.

A acolhida fraterna

O papa Francisco falou da fraternidade como o terceiro desafio que pede unidade e lamentou que “todos os dias são descartados nascituros e crianças, migrantes e idosos”.

“Mas é nosso dever lembrar que o Criador, que vela sobre os passos cada criatura, nos exorta a ter um olhar semelhante ao d’Ele, um olhar que reconheça o rosto do irmão”, disse.

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“Cabe a nós, além de afirmar a dignidade inviolável de todo o homem, ensinar a chorar pelos outros, porque só seremos verdadeiramente humanos, se sentirmos como nossas as fadigas da humanidade”, disse o papa.

Cuidado da casa comum

O papa disse que “o Altíssimo providenciou uma casa comum para a vida. E como podemos nós, que nos professamos Seus, permitir que aquela seja poluída, maltratada e destruída? Unamos esforços também neste desafio”.

“Não procuremos falsos sincretismos conciliatórios – não servem –, mas guardemos as nossas identidades abertas à coragem da alteridade, ao encontro fraterno. Só assim, por este caminho, nos tempos sombrios que vivemos, poderemos irradiar a luz do nosso Criador”, concluiu Francisco.

No final da abertura do congresso, o papa Francisco teve encontros privados com alguns dos líderes religiosos.

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