Um verdadeiro “exército materno” se espalhou pelo Brasil, chegando também ao exterior, formado por mães que resolveram se unir para rezar pelos seus filhos e, consequentemente, estão gerando a renovação de muitas famílias.

Trata-se do movimento ‘Mães que Oram pelos Filhos’. Tudo começou em 2011, quando um pequeno grupo de mães decidiu se reunir para rezar, iniciativa que rapidamente se estendeu e hoje já reúne cerca de 70 mil mães em todo o país.

Em entrevista à ACI Digital, a fundadora do movimento, Angela Abdo, contou que, “inicialmente, o nosso entendimento era de que íamos rezar pelos filhos, só que ao longo do processo, vimos que quem precisava de conversão eram as mães. Então, as mães convertidas começaram a levar os filhos para a catequese e a rezar pela conversão dos maridos”.

Ao recordar a história desse movimento, Abdo revelou que surgiu de “um desejo do coração” de sua filha, Vanessa Campos Ferreira Menin, “diante da vida, das complicações que ela via, como amigas perdendo filhos”. “Então, me pediu que eu, ela e minha nora rezássemos. Depois, falou para a uma amiga, que falou para outra e começamos o grupo que ficou uns três anos com 20 mães”.

Assim, como explica o próprio site do movimento, “em 30 de março de 2011, o Grupo de Mães da Paróquia São Camilo de Léllis, em Mata da Praia, Vitória/ES, surge da necessidade de mães jovens, casadas e com ‘sucesso’ profissional, mas que sentiam que faltava algo em suas vidas”.

Tempos depois, Angela Abdo recebeu um convite da Comunidade Canção Nova para “lançar um livro contando essa experiência, porque já tínhamos muitas graças, os maridos estavam convertidos”. E, em 2014, foi lançado o livro ‘Mães que oram pelos filhos – Tudo pode ser mudado pela força da oração’, que contribuiu para que o movimento logo crescesse bastante no país.

“Esse crescimento – assinalou a fundadora – , com certeza, é uma inspiração de Deus, porque se fosse uma ação do homem, não teria acontecido”.

Diante disso, o então Arcebispo de Vitória, Dom Luiz Mancilha Vilela, “definiu que seria um movimento, uma nova moção do Espírito”. A partir de então, o movimento foi estruturado, com seu manual, regimento, metodologia.

Atualmente, já são “mais de mil grupos cadastrados e mais uns 500 em cadastramento”, com isso, “temos cerca de 70 mil mães envolvidas no movimento”. Além disso, já existem 23 grupos nos Estados Unidos, 2 no Japão, 1 em Hong Kong, 1 em Dubai e 1 na França.

Sobre a atuação das ‘Mães que Oram pelos Filhos’, Abdo ressaltou que, para entrar em uma Diocese, sempre contam “com a autorização do Bispo” e também “do pároco, para entrar na Paróquia, porque o movimento é muito baseado na Paróquia. Temos as diretrizes gerais, mas é o pároco que faz a orientação”.

De acordo com ela, trata-se de “viver a comunidade” e, neste ponto, surge outra característica do movimento, pois “as mães não ficam só presas ao grupo, mas ali são evangelizadas e voltam para ser liderança dentro da igreja”, atuando nas pastorais.

Os encontros semanais são baseados em uma metodologia que compreende três momentos. “No primeiro, rezamos o terço dos filhos; depois, temos formação, justamente para que elas possam conhecer a Bíblia, os tempos litúrgicos, conhecer os documentos da Igreja; e o terceiro é o momento oracional, pois, na realidade, é para isso que elas vêm, para rezar por seus filhos, então, rezamos com a Palavra de Deus, fazemos uma Lectio Divina cantada e orada”.

Para Angela Abdo, a importância da oração de uma mãe é “que ela mova o céu”, por isso o movimento é “uma oportunidade pontual para rezar pelos filhos”.

Entretanto, para além dessa dimensão, lamentou que, em muitos casos, observa-se “como terceirizaram a educação” e “poderiam terceirizar também a parte religiosa”. “Mas, a mãe é a primeira catequista do filho. É em casa que ele vai aprender valores que mais tarde serão importantes na vida dele. Por isso, a importância da formação da mãe”, completou.

Além disso, assinalou, “quando a mulher toma a autoridade espiritual, ela acaba trazendo isso para o marido também, partilha a Palavra que aprendeu, vai à Missa e o marido vai pela primeira vez e ela explica o que é a Missa”.

“Então – observou –, a pedagogia de Deus foi muito bonita, porque Ele usou o filho como isca, porque pelo filho a mãe sempre vai. Mas, na realidade, é a restauração da família toda”.

De modo pessoal, ‘Mães que Oram pelo Filhos’ também acabou gerando uma transformação na vida da própria fundadora. Angela admitiu à ACI Digital: “Eu tive que mudar a rota da minha vida para seguir essa missão mais importante. Para minha conversão foi muito importante, porque na caminhada, tenho que aprender a cada dia o que é melhor. Não sei nem se eu queria, mas a própria caminhada me conduz a isso”.

“Quando damos o ‘sim’ – indicou –, não sabemos o que vem. Então, para mim, é como Nossa Senhora, ‘faça-se, estou aqui’. E Deus tem feito”.

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