Alguns templos católicos emblemáticos foram novamente atacados por grupos feministas durante a marcha do Dia da Mulher em Santiago, Chile, deixando em suas paredes frases contra a Igreja e a favor do aborto.

A mobilização começou após o meio-dia. O percurso tinha cerca de três quilômetros da Praça Itália pela calçada sul da avenida Libertador Bernardo O’Higgins, conhecida como a Alameda, até a rua Echaurren.

Durante o trajeto, há duas igrejas que fazem parte do patrimônio cultural e religioso do Chile e que nos últimos meses se tornaram alvos de ataques durante as manifestações. Há outros templos menores, mas que também recebem ataques dos manifestantes.

As mulheres policiais também receberam constantes insultos por parte de alguns manifestantes.

Nesse contexto, a Igreja de São Francisco da Alameda e a da Gratidão Nacional foram pichadas com slogans como “igreja cúmplice”, “fábrica de estupradores”, “aborto legal”, “os pró-vidas são pró-balas”, “Deus não existe”, entre outras frases irreproduzíveis.

A Igreja de São Francisco comemorou 400 anos de fundação e foi erguida junto com o caminhar da cidade. É um oásis de paz no meio da cidade, composto pela igreja, o convento e o Museu de Arte Colonial, que guardam obras importantes da época.

Atualmente, o templo franciscano realiza um importante trabalho pastoral com a comunidade e social com os mais desfavorecidos.

Enquanto isso, a Igreja da Gratidão Nacional ao Sagrado Coração de Jesus já recebeu importantes eventos históricos. Seu nome se deve ao gesto de gratidão do país a Deus pela paz obtida após a Guerra do Pacífico. Em algum momento, abrigou os restos de heróis de diferentes conflitos bélicos dos quais o Chile participou.

Este templo, pertencente aos salesianos, sofreu vários danos devido a terremotos, como o de 2010; e ataques como a destruição do Cristo Crucificado durante um protesto estudantil em 2016.

Após a crise social desencadeada em 18 de outubro no país, como resultado do aumento do preço do metrô, os cidadãos começaram a se manifestar de forma espontânea e massiva para fazer ao governo uma série de exigências sociais que permitam melhorar a qualidade de vida dos chilenos.

Até hoje, as marchas começam pacificamente, mas terminam em confrontos entre os encapuzados e a polícia e geralmente desencadeiam ataques a igrejas, propriedades públicas e privadas e mobiliário urbano.

Os templos católicos também tiveram que tomar medidas de segurança nas portas e janelas para evitar entradas violentas, roubos ou outros ataques durante as manifestações.

Quando as manifestações sociais começaram no Chile, o provincial da Ordem Franciscana, Pe. Isauro Covilli, conversou com a ACI Prensa – agência em espanhol do Grupo ACI – e disse que “as demandas sociais são justas e históricas”, no entanto, “o patrimônio é de todos e, portanto, todos devemos cuidá-lo, não apenas aqueles que o protegem. Ninguém pode danificar o patrimônio que é comum”.

"Lamentamos que o templo seja alvo de ataques, é como um quadro-negro onde todos escrevem e expressam sua raiva e descontentamento com mensagens para o governo, os políticos e a Igreja", explicou.

"Rejeitamos todas as situações de violência, estamos cansados ​​disso, dos pequenos grupos que são, na verdade, anarquistas que destroem e parece que as demandas servem como pretexto para seus fins que são destrutivos".

"A violência gera mais violência e não é possível conquistar uma maior justiça social assim”, concluiu Pe. Covili.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

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