A imagem da irmã Ann Nu Tawng ajoelhada diante da polícia instando-a a não usar violência contra os manifestantes chamou a atenção do mundo após o golpe militar em Myanmar no dai 8 de março deste ano.

A religiosa afirmou que o Espírito Santo a levou a se ajoelhar entre a polícia e os manifestantes, e que tirou suas forças da oração diante do Santíssimo Sacramento.

“Senti profundamente a ação do Espírito Santo”, disse ela aos repórteres de Roma, em uma videochamada de Myanmar.

Falando em birmanês e com tradução simultânea de um padre e de um seminarista de Myanmar, a religiosa disse, no dia 13 de maio, que a oração foi fundamental para apoiá-la durante este período difícil para seu país.

“Mesmo quando estamos passando por um momento de perseguição, realmente me ajudou, acima de tudo, fazer orações de louvor. A oração de adoração ao Santíssimo Sacramento me deu essa força. A partir daí tive forças para ajudar as pessoas e agir assim”, disse.

Irmã Ann Un Thawng pertence às Irmãs de São Francisco Xavier no norte de Myanmar. O vídeo dela ajoelhada diante de policiais na cidade de Myitkyina, no dia 8 de março, comoveu o papa Francisco.

“Eu também me ajoelho nas ruas de Myanmar e digo: pare com a violência! Também eu estendo meus braços e digo: Que o diálogo prevaleça!”, disse o Papa Francisco em 17 de março.

Myitkyina, a capital do estado de Kachin, experimentou alguns dos piores atos de violência quando as forças de segurança reprimiram os manifestantes do golpe militar de 1º de fevereiro.

A freira disse que, para ela, ajoelhar-se é um “gesto de reconciliação” que também comunica o perdão aos inimigos. Ela disse que em 8 de março foi a segunda vez que se ajoelhou diante da polícia dessa maneira. E lembrou que, mais tarde naquele dia, ela também ajudou a transportar manifestantes feridos para o hospital.

“Em três meses, morreram mais de 800 pessoas. Estou muito preocupada com o futuro”, disse ela.

Irmã Ann expressou sua gratidão ao Papa Francisco pelas muitas vezes que ele falou sobre a situação em Myanmar.

O Papa tem pedido repetidamente que o país volte a viver em harmonia. Myanmar tem uma população de 54 milhões de habitantes e faz fronteira com Bangladesh, Índia, China, Laos e Tailândia. Francisco se tornou o primeiro pontífice a visitar a nação de maioria budista em novembro de 2017.

O cardeal Charles Maung Bo, arcebispo de Yangon, também tem apoiado os manifestantes, enquanto pede que o movimento permaneça “pacífico e não violento”.

O papa Francisco oferecerá uma missa pela comunidade birmanesa de Roma na basílica de São Pedro no dia 16 de maio.

O padre Maurice Moe Aung, membro da Congregação dos Missionários da Fé, disse que a comunidade birmanesa em Roma é composta principalmente por estudantes, incluindo membros de comunidades religiosas.

O padre, natural da Birmânia, disse a repórteres em 12 de maio que estava preocupado com o aumento do número de mortos e prisões, à medida que os protestos continuam em todo o país.

No dia 11 de maio, cumpriram-se 100 dias desde que os militares de Myanmar tomaram o controle do país em um golpe repentino. O escritório de direitos humanos das Nações Unidas expressou preocupação com “graves violações dos direitos humanos” no país, onde as forças de segurança mataram pelo menos 782 pessoas em sua tentativa de reprimir protestos de rua.

“O mundo deve fazer ouvir a sua voz. Deve dar uma contribuição mais decisiva. Não podemos esperar. Não podemos esperar ou haverá muitas outras mortes”, disse o padre.

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