O Projeto de Lei 10/2020 que inclui o nome do servo de Deus padre Cícero Romão Batista no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria foi aprovado ontem (8) no Senado pela Comissão de Educação e Cultura (CE). A Proposta, do deputado federal José Guimarães (PT-CE), vai para votação em Plenário e se não houver recurso segue para sanção presidencial.

“A influência de padre Cícero e seu reconhecimento como homem bom e caridoso foram sedimentados na cultura nordestina. A análise de sua vasta obra já resultou em centenas de publicações, incluindo estudos e biografias, as quais revelam uma vida dedicada ao povo brasileiro”, disse o relator do projeto de lei, senador Cid Gomes (PDT-CE).

O senador também destacou na Comissão que padre Cícero tem uma liderança que “extrapolou as fronteiras do estado do Ceará e são, até hoje, incontáveis” e lembrou que vários fiéis de outros Estados participam das “datas solenes em que se homenageia o seu nascimento, a sua morte e a data do padroeiro de Juazeiro do Norte”. 

O Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria ao qual o nome do padre Cícero Romão Batista poderá ser inscrito visa “homenagear os brasileiros ou grupos de brasileiros que tenham oferecido a vida em defesa e construção do país com dedicação e heroísmo excepcionais”, segundo a Agência Senado. Ele é guardado no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, na Praça dos Três Poderes, em Brasília.

Padre Cícero nasceu em Crato (CE), em 1844, e foi ordenado padre em 1870, em Fortaleza (CE). Dois anos depois de sua ordenação foi para Juazeiro do Norte (CE), onde ficou bastante conhecido por seus supostos milagres, especialmente pelo possível milagre ocorrido em 1889, quando Maria de Araújo (atualmente beata), que participava de uma missa na capela de Nossa Senhora das Dores, recebeu a hóstia do padre e esta sangrou na boca dela. Logo a notícia se espalhou e dois médicos foram chamados para testemunhar o possível milagre. Estes confirmaram o fato e a popularidade de milagreiro de padre Cícero foi espalhada.

Depois disso, padre Cícero foi convocado ao Palácio Episcopal e após investigação, a igreja não aceitou o milagre e o puniu. Em 1894, a Santa Sé o acusou de manipulação da crença popular e o suspendeu da ordem, proibindo-o de celebrar publicamente os sacramentos e de falar em nome da igreja. Em 1898, o religioso foi ao Vaticano pedir revogação da pena ao papa Leão XIII e saiu de lá com a vitória, mas o bispo não aceitou e pediu revisão do resultado. Desde então padre Cícero viveu rompido com a Igreja. Em 1911, tornou-se prefeito do município, permanecendo na função por 12 anos. Ele morreu aos 90 anos, no dia 20 de julho de 1934 ainda rompido com a igreja católica.

 

Em 2015, por decisão do papa Francisco, padre Cícero foi reconciliado com a igreja. A partir daí seu processo de beatificação foi aberto no dia 30 de novembro de 2022, na basílica Nossa Senhora das Dores, em Juazeiro do Norte (CE). Essa é a primeira fase do processo, no qual o Tribunal Diocesano analisa os documentos, virtudes heroicas e de santidade do padre Cícero. Se o parecer for favorável, ele poderá ser considerado venerável.

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