Para Luis Losada, diretor de campanhas da CitizenGO, os vazamentos do Wikileaks, em coordenação com diversos meios de comunicação, são “mais uma tentativa da extrema esquerda abortista e da agenda LGTB para tentar desprestigiar o nosso trabalho em defesa dos direitos humanos: o direito à vida, à educação dos filhos e à liberdade de expressão”.

No dia 5 de agosto, a página de vazamentos Wikileaks publicou mais de 17 mil documentos internos das organizações HazteOír e CitizenGO, sob o título “The Intolerance Network” (A rede da intolerância). A publicação envolveu os meios de comunicação “Taz” da Alemanha, “Il Fatto Quotidiano” da Itália, “Contralínea” do México e “Público” da Espanha.

Os relatórios acusam HazteOír e CitizenGO de fazer parte de uma rede internacional que trabalha contra legislações abortistas e da agenda da ideologia de gênero, apontam os principais doadores dessas instituições e vinculam as instituições pró-vida e pró-família a grupos políticos como VOX, na Espanha, e o Partido Ação Nacional, (PAN) no México.

O que são HazteOír e CitizenGO?

A HazteOír surgiu em 2001, na Espanha, como uma iniciativa de defesa da vida, da família, da liberdade religiosa e de educação. Com o passar dos anos, foi alcançando protagonismo graças ao sucesso das suas campanhas de coleta de assinaturas em rejeição ao doutrinamento na ideologia de gênero e à pressão de legislações abortistas no país ibérico.

A partir de HazteOír, surgiram plataformas como MásLibres.org, que defende a liberdade religiosa, e Derecho a Vivir, que defende a vida humana desde a concepção.

Em 2013, a HazteOír lançou a plataforma internacional CitizenGO, como ferramenta para a defesa da vida, da família e das liberdades em todo o mundo.

Segundo relatório de 2020, disponível na sua página, a HazteOír conta com 5,75 mil parceiros, que contribuem com mais de 66% do total de suas receitas, que nesse ano somaram 1,8 milhões de euros. O resto é produto de doações.

O ideário da CitizenGO afirma que “reconhecemos e demandamos o respeito à dignidade da pessoa e aos direitos que dela se derivam”. Entre eles, estão o “direito à vida e à sua conservação, desde a sua concepção até ao fim natural”, o “direito à liberdade de educação” e o “direito à liberdade religiosa e a honrar a Deus, de forma privada e pública, individual e coletiva, segundo a reta consciência”.

Difusão de Wikileaks “pode ser um ou vários delitos”

Em 8 de agosto, Ignacio Arsuaga, presidente da HazteOír e CitizenGO, publicou uma carta denunciando que os documentos vazados “foram roubados (hackeados) do meu computador em 2017 por um grupo de criminosos (hackers)” e advertiu às páginas associadas ao Wikileaks que “a obtenção e difusão dos documentos pirateados e/ou o seu conteúdo poderia constituir um ou vários delitos segundo o disposto no Código Penal espanhol”.

Arsuaga enfatizou que a informação divulgada “não é confiável”, pois sofreu “a alteração de alguns conteúdos”. Segundo ele, parte da informação divulgada “revela dados pessoais relacionados com a ideologia de alguns cidadãos europeus”, violando assim as leis da União Europeia.

“Uma organização mundial em defesa da vida, da família e da liberdade”

Luis Losada rejeitou as acusações difundidas pela Wikileaks e os quatro meios de comunicação com os quais se associou: “CitizenGO é uma organização mundial em defesa da vida, da família e da liberdade. Os rótulos que eles quiserem colocar serão deles, não nossos”.

Além disso, disse que “CitizenGO mantém relações com todos aqueles que defendem nossos ideais”.

“Não somos uma organização partidária, mas queremos influenciar e marcar a agenda política em defesa de nossos princípios e valores”, disse.

Para o diretor de campanhas da CitizenGO, a difusão destes documentos internos “a nível mundial creio que obedece à forte oposição que fizemos ao Relatório Matić do Parlamento Europeu, que pretendia declarar o aborto como direito”.

“Freamos relatórios similares anteriores e os grupos de pressão abortista e de ideologia de gênero nos veem como um freio para sua agenda”, disse.

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O relatório Matić, conhecido por ter sido apresentado pelo político croata Predrag Fred Matić, foi um documento que visava o reconhecimento, como se fosse um direito, o acesso universal “ao aborto seguro e legal”, bem como a garantia de que “o aborto a pedido seja legal nas primeiras etapas da gravidez”.

No relatório Matić, a objeção de consciência foi redefinida como uma “negação de assistência médica”.

Apesar da grande oposição de grupos pró-vida de todo o mundo, assim como da Igreja Católica, o Parlamento Europeu aprovou o relatório Matić em 24 de junho.

Sobre o impacto a difusão dos documentos publicados por Wikileaks que teve no México, Losada disse que isso tem relação com o sucesso de diversas campanhas de CitizenGO em defesa da vida, do matrimônio e contra uma recente consulta popular promovida por López Obrador.

Parlamentares do Morena, a favor da legalização do aborto e da agenda LGTB no México, assinaram um comunicado qualificando HazteOír e CitizenGO de ser “anti-direitos” e de se manifestar “contra a liberdade das mulheres, contra a educação e contra a diversidade sexual”.

Para os parlamentares do partido de López Obrador, HazteOír e CitizenGO perseguem “interesses obscuros” que “provocam uma enorme dor na sociedade”.

“Ladram, logo cavalgamos”

Luis Losada disse que, “no México, além de ter defendido a vida do nascituro e o casamento homem-mulher, lançamos uma campanha para denunciar a farsa da consulta do dia 1º de agosto”.

“Depois de evidenciar o fracasso, suponho que os de Morena tratam de procurar um culpado. Enganam-se. Deveriam se olhar no espelho: as pessoas já não toleram o excesso de marketing”, disse.

“No caso espanhol, o sistema trata de desprestigiar a VOX porque está sendo uma voz firme frente ao politicamente correto. Qualquer informação deturpada serve para esse fim”, acrescentou.

Diante das críticas dos políticos promotores da legalização do aborto e da agenda LGTB, Losada disse que “ladram, logo cavalgamos. As críticas daqueles que pretendem impor a agenda abortista não fazem mais do que confirmar que estamos no caminho certo”.

Longe de qualquer agenda obscura, afirmou, “nosso ideário está publicado na web. Nosso objetivo é a mobilização social em defesa da vida, da família e da liberdade”.

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