O Arcebispo de Nova York, Cardeal Timothy Dolan, garantiu que o relatório publicado na semana passada pela Associated Press (AP) sobre a ajuda do governo para manter os empregos nas instituições católicas, foi algo inventado com a aparente intenção de “denegrir a Igreja” nos Estados Unidos.

Assim indicou o Cardeal em uma mensagem publicada em 14 de julho no site da Arquidiocese de Nova York, depois que a AP publicou uma matéria há alguns dias afirmando que "a Igreja Católica Romana dos Estados Unidos utilizou uma isenção especial e sem precedentes dos regulamentos federais para acumular pelo menos 1,4 bilhão em ajudas ao coronavírus apoiadas pelos contribuintes”.

O texto da AP indica ainda que "muitos milhões de dólares vão para as dioceses que pagaram grandes acordos ou buscaram proteção contra falência por causa dos encobrimentos de abuso sexual por parte do clero".

A esse respeito, o Cardeal Dolan disse que, embora apoie e respeite a liberdade de imprensa, também deve especificar que, com seu relatório, a AP "inventou uma história onde não havia uma e tentou denegrir a Igreja".

AP também indicou que a arrecadação "da Igreja poderia ter atingido - ou mesmo excedido – 3,5 bilhões de dólares", de um total de 696 bilhões de dólares que o governo dos Estados Unidos estabeleceu no fundo do Programa de Proteção de Cheques de Pagamento, para ajudar a manter os empregos nos Estados Unidos.

Do mesmo modo, a nota da AP assinala que "à medida que a economia despencou e as taxas de desemprego cresceram, o Congresso permitiu que os grupos religiosos e outras organizações sem fins lucrativos" também recebessem o benefício para manter "os norte-americanos empregados".

AP indica ainda que as dioceses, paróquias, escolas e outros ministérios católicos receberam "pelo menos 3.500 empréstimos". As dioceses incluem a Arquidiocese de Nova York, a Diocese de Orange e a Diocese de Wheeling-Charleston.

Sobre o relatório de AP, o Cardeal Dolan disse que é "evasivo, carregado de insinuações, sobre dioceses, paróquias, escolas, organizações de caridade e outras instituições católicas que receberam corretamente a ajuda do governo federal para pagar seus empregados durante a crise da COVID -19".

"Muitos meios de comunicação divulgaram a notícia insinuando que havia algo de errado com o fato de que as instituições católicas tenham recebido dinheiro do Programa de Proteção de Pagamento", assegurou.

Ao ser consultado sobre se o relatório da AP era verdadeiro, o Cardeal disse que “minha resposta simples é não, de modo algum. No melhor dos casos, foi cheio de erros; no pior, totalmente falso.

O Purpurado explicou que o programa de proteção visa manter o emprego de muitas pessoas “nestes tempos difíceis. As instituições religiosas foram convidadas e autorizadas a participar, já que empregam muitas pessoas em todo o país".

No caso de Nova York, o número é de 6 mil empregos em período integral e 400 em meio período.

Sem essa assistência, por exemplo, “a secretária paroquial ou o professor de seu filho em uma escola católica poderia facilmente ter perdido o emprego. Portanto, o dinheiro não foi destinado à ‘Arquidiocese’, mas aos nossos trabalhadores".

"Um segundo problema é que o artigo tenta estabelecer algum tipo de conexão entre a crise de abusos sexuais” na Igreja e o programa de proteção. “Não se equivoquem, o dinheiro recebido pela Arquidiocese de Nova York foi usado exclusivamente para os fins da lei, que é continuar pagando salários e benefícios aos funcionários", ressaltou.

"Nem um centavo desse dinheiro foi usado de forma alguma para vítimas ou sobreviventes de abuso sexual".

Em terceiro lugar, continuou o Cardeal, “o artigo da AP se concentra apenas na Igreja Católica, como se os católicos fossem os únicos participantes do Programa de Proteção ao Pagamento. De fato, organizações religiosas de todas as religiões participaram do programa, como era a intenção".

À nível nacional, explicou o Cardeal, "a Administração de Pequenas Empresas aprovou mais de 88 mil empréstimos para organizações religiosas, apoiando mais de um milhão de empregos. Por que, então, focar apenas a Igreja Católica, a menos que os repórteres tenham algum preconceito contra a Igreja (que suspeitamos que eles têm)?”.

No mesmo dia em que o relatório da AP foi divulgado, os bispos dos EUA divulgaram um comunicado explicando por que se viram obrigados a solicitar empréstimos do governo em meio à pandemia de coronavírus que levou a uma grave crise econômica e que gerou, entre outras coisas, que mais de 100 escolas católicas tenham sido forçadas a fechar.

“A Igreja Católica é a maior provedora não governamental de serviços sociais nos Estados Unidos. Todos os anos, nossas paróquias, escolas e ministérios atendem a milhões de pessoas necessitadas, independentemente de raça ou religião”, afirmou o Arcebispo de Oklahoma City e chefe do Comitê de Justiça Doméstica e Desenvolvimento Humano do Episcopado dos EUA, Dom Paul S. Coakley.

Sobre o relatório da AP, o Cardeal Dolan finalmente disse que é "tão impreciso e deixa uma impressão tão prejudicial que me pareceu importante deixar as coisas claras para todos vocês".

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Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

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