Neste domingo, 14, o Papa Francisco presidiu a Missa de canonização do Papa Paulo VI, do Arcebispo de San Salvador Dom Óscar Romero e de outros cinco novos santos este domingo 14 de outubro; e indicou que todos tinham em comum o saber amar Jesus com absoluta radicalidade.

Assim o assinalou o Santo Padre em sua homilia, em que advertiu que Jesus não se conforma com receber pouco. “Jesus é radical. Ele dá tudo e pede tudo: dá um amor total e pede um coração indiviso”, afirmou.

“Também hoje se nos dá como pão vivo; podemos lhe dar em troca as migalhas? A Ele, que se fez nosso servo até o ponto de ir à Cruz por nós, não podemos lhe responder só com a observância de algum preceito”.

“A Ele, que nos oferece a vida eterna, não podemos lhe dar um pouco do nosso tempo restante. Jesus não se conforma com uma ‘porcentagem de amor’: não podemos amá-lo a vinte, cinquenta ou sessenta por cento. Ou tudo ou nada”.

O Papa assinalou que o Evangelho deste domingo é um convite a encontrar-se com o Senhor, a amar com essa radicalidade, e em concreto isto se reflete no jovem “que se aproximou correndo” do Senhor. Neste sentido, Francisco convidou a “nos identificar com esse homem, cujo nome no texto bíblica não se diz, para sugerir que pode representar a cada um de nós”.

A conversa que se produz entre esse jovem e Jesus é um diálogo que se produz no interior de cada cristão ao longo de sua vida de fé.

O jovem “pergunta a Jesus como herdar a vida eterna. Ele pede a vida para sempre, a vida em plenitude: quem de nós não a deseja? Mas, vemos que a pede como uma herança a ser possuída, como um bem que deverá obter, que deve conquistar com as próprias forças”.

De fato, “para conseguir este bem observou os mandamentos desde a infância e para chegar ao objetivo está disposto a observar outros; por isso pergunta: ‘O que devo fazer para herdar?’”.

O Papa Francisco explicou que “a resposta de Jesus desconcerta” esse jovem. “O Senhor põe seu olhar nele e o ama. Jesus muda a perspectiva: dos preceitos observados para obter recompensas ao amor gratuito e total. Aquela pessoa falava em termos de oferta e procura, Jesus lhe propõe uma história de amor”.

Em concreto, “pede-lhe pasar da observância das leis ao dom de si mesmo, de alcançar por si mesmo a estar com Ele. E lhe faz uma proposta de vida ‘cortante’: ‘Vende o que tem, dá aos pobres (…) e logo vem e segue-me”.

“Jesus também diz a ti: ‘Vem, Segue-me’”, afirmou Francisco dirigindo-se aos fiéis congregados na Praça de São Pedro. Então, explicou o que significam essas duas palavras: “vir” e “seguir”.

“Vem: significa que Jesus não quer esteja quieto, porque para ser de Jesus não é suficiente com não fazer nada de ruim. Segue-me: não vá atrás de Jesus só quando for do seu agrado, e sim procure-o dia a dia; não se conforme em observar os preceitos, dando um pouco de esmola e dizer algumas orações: encontra nele o Deus que sempre te ama, o sentido de sua vida, a força para você se entregar”.

O Senhor tem uma atitude cortante com aquele jovem, mas suas palavras não são de reprovação, mas sim de amor. Jesus lhe diz: “Vende o que tem e dá aos pobres”.

O Pontífice sublinhou que “o Senhor não faz teorias sobre a pobreza e a riqueza, mas vai direto à vida. Ele te pede que deixe o que paralisa o coração, que te esvazies de bens para deixar espaço a ele, o único bem”.

“Verdadeiramente, não se pode seguir Jesus quando se está lastrado por coisas. Porque, se o coração estiver cheio de bens, não haverá espaço para o Senhor, que se converterá em um objeto mais. Por isso a riqueza é perigosa e, diz Jesus, dificulta inclusive a salvação”.

Deus não é severo, insiste Francisco. “O problema está em nós: o ter muito, o querer muito sufoca nosso coração e nos faz incapazes de amar”.

Neste sentido, o Papa comparou o coração humano com um ímã que “se deixa atrair pelo amor, mas só se adere por um lado e deve escolher entre amar a Deus ou amar as riquezas do mundo”.

“Perguntemo-nos de que lado estamos. Perguntemo-nos como vai nossa história de amor com Deus. Conformamo-nos com cumprir alguns preceitos ou seguimos Jesus como apaixonados, realmente dispostos a deixar algo para ele?”.

Em definitiva, perguntemo-nos: “basta-nos Jesus ou procuramos as seguranças do mundo? Peçamos a graça de saber deixar por amor do Senhor: deixar as riquezas, a nostalgia dos postos e o poder, as estruturas que já não são adequadas para o anúncio do Evangelho, os lastros que entorpecem a missão, os laços que nos atam ao mundo”.

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