O sacerdote e missionário francês Charles de Foucauld será proclamado santo depois que o Papa Francisco reconheceu o milagre atribuído à sua intercessão através da assinatura do decreto da Congregação para as Causas dos Santos.

Depois de uma primeira etapa de sua vida afastado da fé, Charles de Foucauld, pertencente a uma família aristocrática, experimentou uma profunda conversão depois de testemunhar a religiosidade dos muçulmanos durante uma viagem ao Marrocos e de experimentar a fé cristã de sua família na França.

Após um longo caminho em busca de sua vocação, foi ordenado sacerdote e mudou-se para a África, onde realizou intenso trabalho missionário baseado no diálogo com o Islã e na luta contra a escravidão.

O Beato Charles de Foucauld nasceu na cidade francesa de Estrasburgo, em 15 de setembro de 1858. Aos 6 anos de idade ficou órfão e cresceu com o irmão na casa dos avós. Estudou com os jesuítas em Nancy e em Paris.

Durante a sua adolescência, ele se distanciou da fé e se entregou a uma vida mundana, embora sempre demonstrasse grande força de vontade e capacidade inata de superação. Entrou para a carreira militar, uma vocação que seu avô tentou incutir nele desde pequeno, mas foi expulso por má conduta e fugiu com sua amante.

Posteriormente, retornou ao exército, mas essa segunda experiência militar também não deu certo e renunciou para se dedicar ao estudo das línguas semitas, em concreto, o árabe e o hebreu.

Suas inquietações o levaram a uma perigosa viagem ao Marrocos de 1883 a 1884, fazendo-se passar por religioso judeu. Também percorreu parte da Argélia e Tunísia e realizou importantes trabalhos cartográficos que lhe renderam a medalha de ouro da Sociedade Francesa de Geografia.

O contato com os muçulmanos o levou a se perguntar sobre Deus. Ficou impressionado com a religiosidade islâmica e como os muçulmanos levavam a sério sua religião enquanto ele tinha se dedicado a desperdiçar dinheiro em aventuras.

De volta à França, a chama da espiritualidade acendeu nele quando compreendeu a fé cristã de sua família. Entrou em contato com o sacerdote Pe. Huvelin e, graças a ele, voltou ao cristianismo em outubro de 1886, quando tinha 28 anos.

Para aprofundar sua fé, fez uma peregrinação à Terra Santa e lá descobriu sua vocação. Durante 7 anos, morou em diferentes mosteiros trapistas, primeiro em Nossa Senhora das Neves e depois no mosteiro sírio de Akbes. Mais tarde, mudou-se para Roma para estudar e depois se retirou para morar sozinho em oração e adoração junto às Clarissas de Nazaré.

Foi ordenado sacerdote em 1901, aos 43 anos, e empreendeu uma nova viagem ao Saara, onde iniciou sua missão com os tuaregues na aldeia de Tamanrasset. Lá, evangelizou os povos do deserto e lutou contra a escravidão: começou a comprar escravos para libertá-los.

Escreveu vários livros sobre a cultura dos tuaregues e de outros povos saarauís e traduziu os Evangelhos para o seu idioma.

Em 1909, fundou a União de Irmãos e Irmãs do Sagrado Coração com a missão de evangelizar as colônias francesas na África. Os povos berberes, maioria no noroeste da África, reconheceram que a missão de Charles de Foucauld gerava sentimentos amigáveis ​​em relação aos franceses.

Foi assassinado, em 1º de dezembro de 1916, na porta de sua ermida durante uma revolta antifrancesa na Argélia.

Do seu carisma surgiram dez congregações religiosas e oito associações de vida espiritual. Ele foi beatificado pelo Papa Bento XVI em 2005.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

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