Valéria Kumizaki é uma carateca brasileira que está em busca de uma vaga para os Jogos Olímpicos de 2021, no Japão; porém, antes de adotar os equipamentos de luta e proteção, a atleta tinha outro sonho até a adolescência: vestir um hábito de religiosa.

A carateca, de 35 anos, vem de uma família católica e sua mãe, Marina, chegou a procurar um convento para concretizar o desejo da filha. Mas, o fato de ter que morar muito longe da família contribuiu para que não entrasse para a vida religiosa.

Entretanto, Valéria guarda com carinho a recordação de uma experiência que quase fez com que realizasse esse sonho. “Quando fui ao Vaticano pela primeira vez, uma freira veio em minha direção, me deu um cartão do convento delas e disse: ‘Deus pediu pra te entregar isso, e a hora que você quiser você pode se juntar a nós’. Eu chorei muito e tenho o cartão guardado até hoje”, relembrou a atleta, que na época estava participando de uma competição.

Passada essa experiência, agora, a atleta está se dedicando ao esporte e tem novos planos de casar e ter filhos.

“Neste momento, estou vivendo minha vida focada no caratê, mas a gente não sabe o dia de amanhã. Isso (ser freira) é uma vocação, é um chamado de Deus, sempre digo que não sou eu quem tenho de decidir. Já ouvi falar que a gente sente uma coisa muito forte quando ouve esse chamado”, expressou.

Devota de Nossa Senhora Aparecida, Valéria não abre mão de praticar sua fé, mesmo quando está viajando devido às competições. “A primeira coisa que faço quando chego a uma cidade é procurar uma igreja. Essa comunhão com Deus é muito forte para mim”, declarou.

Quando está na casa da família, em Presidente Prudente (SP), o fim do dia é marcado pela oração do Pai Nosso, ao lado da mãe e do sobrinho. “Cresci assim. Minha mãe nunca nos obrigou a nada, mas colocou esses valores na nossa casa: pedir bênção para a avó, pai e mãe antes de dormir” e a rezar toda noite.

“Não uso nada para me dar sorte, mas rezo sempre. Agradeço no começo do dia, depois do treino e antes de dormir”, disse a atleta, que expressa sua fé no dia a dia tendo consigo uma correntinha com pingente da Virgem e o escapulário. Tem também sempre à mão um terço e um livrinho de orações.

Este hábito, aliás, pôde ser testemunhado por aqueles que acompanham a carreira esportiva de Valéria Kumizaki, a qual costuma levar um terço para o pódio em suas conquistas.

Em 2019, ao conquistar a medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de Lima, Valéria carregou seu terço e publicou em seu Instagram a foto com a descrição: “Obrigada meu Deus e minha Nossa Senhora Aparecida”.

Realizou também este mesmo gesto quando foi campeã pan-americana nos jogos de Toronto (Canadá) em 2015.

Olímpiadas 2021

Com o adiamento para 2021 dos Jogos Olímpicos devido à pandemia do novo coronavírus (Covid-19), os atletas tiveram de reorganizar sua preparação. Para Valéria, a fé a ajudou a se fortalecer nessa situação.

“Tudo na vida tem um propósito. Eu vi o adiamento dos Jogos como uma oportunidade de treinar mais, me preparar melhor. Vou disputar um torneio classificatório, estou treinando forte, focada e a fé me faz ver isso: acreditar em uma coisa que a gente tem lá na frente e dar força para conquistar o que queremos na vida”. 

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