O ano de 2021 está prestes a terminar e, para receber o ano novo de 2022, ACI Digital apresenta uma retrospectiva dos dez acontecimentos mais importantes que marcaram a vida da Igreja Católica nestes doze meses.

1. Tentativa de renúncia de cardeal alemão

O arcebispo de Munique e Freising, cardeal Reinhard Marx, enviou uma carta ao papa Francisco renunciando a seu cargo em 21 de maio. Marx declarou que a Igreja na Alemanha havia chegado a um "ponto morto”, e que esperava que sua renúncia fosse dar um novo impulso no combate aos abusos sexuais. No dia 4 de junho o papa recusou a renúncia.

Quando Marx era presidente da conferência episcopal alemã teve início o Caominho Sinodal Alemão, reunião de clérigos e leigos que discute reformas na igreja alemã, inclusive as propostas de ordenação de mulheres, fim do celibato sacerdotal e revisão da moral sexual da Igreja para aceitação do homossexualismo.

2. Renúncia do arcebispo de Paris

O arcebispo de Paris, dom Michel Aupetit, renunciou ao cargo em carta enviada ao papa Francisco. O motivo seria uma relação do bispo com uma mulher em 2012 revelada pela revista Le Point em 22 de novembro. O arcebispo negou publicamente que seu relacionamento com a mulher fosse sexual ou romântico. A revista diz que Aupetit, que era popular entre os fiés, não era uma unanimidade entre o clero de Paris. A revista diz ter ouvido padres, teólogos, professores e responsáveis diocesanos. Entre as atitudes de Aupetit criticadas por essas fontes estão o fechamento de uma paróquia que acolhia homossexuais, divorciados casados de novo e católicos progressistas em fevereiro deste ano. Segundo Le Point, Aupetit também desagradou ao interferir no Collège des Bernardins, centro de diálogo com a sociedade e as outras religiões. “Os bernardinos não são suficientemente católicos”, disse uma vez o arcebispo.

O papa Francisco aceitou a renúncia de Aupetit no dia 2 de dezembro dizendo que o fazia “no altar da hipocrisia” e não “da verdade”, por Aupetit ter sido vítima de difamação sem que tivesse feito nada de grave.

3. Renúncia e casamento de bispo espanhol

O ex-bispo de Solsona, Espanha, Xavier Novell, casou-se pela lei civil com Silvia Caballol, na segunda-feira, 22 de novembro. O papa Francisco aceitou a renúncia de Novell como bispo em 23 de agosto. Pouco depois, soube-se que a renúncia tinha sido por causa de sua relação com Caballol, de 38 anos, mãe divorciada de dois filhos e a autora de romances eróticos com elementos satânicos. A mídia da espanha especula que Silvia Caballol está grávida de gêmeos.

Novell nasceu em 1969, na província espanhola de Lérida. Foi ordenado sacerdote da diocese de Solsona em 1997 e em 2010 foi sagrado bispo e nomeado ordinário desta diocese, tornando-se um dos bispos mais jovens da Espanha.

4. Freira salvou 100 pessoas rezando de joelhos diante de policiais em Mianmar

No domingo, 28 de fevereiro, a irmã Ann Un Thawng implorou de joelhos à polícia em Myitkyina, Mianmar, para que não matasse um grupo de jovens que estava protestando contra o golpe de 1º de fevereiro. "Em nome de Deus, não tirem essas jovens vidas, tirem a minha", disse ela e conseguiu salvá-los. Além disso, ela abrigou 100 dessas pessoas no convento de sua congregação.

No dia 13 de maio, irmã Ann disse que o Espírito Santo a levou a se ajoelhar entre a polícia e os manifestantes.

"A oração de adoração ao Santíssimo Sacramento me deu essa força", disse. Hoje, a freira que é considerada uma das 100 mulheres mais influentes de 2021 pela BBC, arrisca sua vida cuidando de pacientes covid-19 em aldeias que não têm acesso a hospitais.

5. Papa Francisco viajou ao Iraque

O papa Francisco esteve em visita apostólica ao Iraque de 5 a 8 de março, tornando-se o primeiro papa a viajar a este país, onde os cristãos sofreram anos de violência, perseguição e morte devido ao terrorismo do Estado Islâmico.

Além de realizar o sonho de são João Paulo II de chegar a esta “terra martirizada”, o papa Francisco visitou igrejas que foram destruídas pelo Estado Islâmico; participou de uma reunião inter-religiosa na Planície de Ur, a terra de Abraão; foi o primeiro papa a celebrar uma missa no rito caldeu; e rezou e trouxe conforto, alegria e mensagens de esperança à “Igreja mártir” do Iraque.

6. Padre é agredido e preso em Cuba durante protestos históricos e repressão em Cuba

Em 11 de julho, milhares de cubanos de cerca de 50 cidades, incluindo grandes cidades como Havana, Camagüey e Santiago de Cuba, participaram do maior protesto histórico em 60 anos contra a ditadura comunista; e muitos foram ameaçados e reprimidos com violência pelo governo.

Entre eles estava o padre Castor Álvarez Devesa, que foi golpeado e preso na delegacia de Montecarlo de Camagüey, acusado de desordem pública por defender jovens manifestantes que depois foram presos. O padre, que pertence à arquidiocese de Camagüey, foi libertado "depois de uma longa negociação do arcebispo, que durou praticamente o dia inteiro".

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Após sua libertação, o padre Álvarez agradeceu a Deus, aos fiéis e pediu orações pelos que foram presos e desaparecidos. Entre 15 e 16 de novembro, quando o regime militarizou as ruas para impedir novos protestos pacíficos, padres e religiosos católicos foram publicamente repudiados, perseguidos e hostilizados, e até ameaçados de ir para a cadeia por mobilização.

7. Ameaça de morte ao padre que disse que o comunismo é inimigo da Igreja

O padre Omar Sánchez Portillo, secretário-geral da Caritas Lurín, no Peru, e conhecido por seu extenso trabalho de solidariedade, foi ameaçado de morte por desconhecidos após ter criticado o comunismo em uma homilia, duas semanas antes das eleições presidenciais no país.

Em 23 de maio, o padre Omar disse na missa que o comunismo é inimigo da Igreja e que vários beatos peruanos foram assassinados pelo grupo terrorista Sendero Luminoso, que se declara marxista, leninista e maoísta.

O padre disse à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, que diferente do que as pessoas falavam, as ameaças não provinham do lado do então candidato à presidência Pedro Castillo, hoje presidente do Peru, que foi muito criticado por convocar para sua equipe pessoas acusadas de ter vínculos com o terrorismo. Além disso, disse que ama em Cristo aqueles que o ameaçaram de morte e que os perdoa e reza por eles.

Em 23 de agosto, o padre Omar disse à ACI Prensa que desde 24 de maio recebeu três cartas com o seu nome e três balas de desconhecidos que tentariam intimidá-lo; e que sofreu vários ataques cibernéticos em suas redes sociais e roubo de cartão de débito. "Medo? Não. Querem que me cale? Jamais. Continuarei falando? Sempre. #TerrorismoNuncaMas”, disse ele.

8. O 52º Congresso Eucarístico celebrado em Budapeste

O papa Francisco foi a Budapeste, na Hungria, no dia 12 de setembro, para celebrar a missa de encerramento do 52º Congresso Eucarístico Internacional na Praça dos Heróis, que começou em 5 de setembro, depois de ter sido adiado por um ano, por causa da pandemia covid-19.

Em sua homilia, o papa Francisco exortou os fiéis a se renovarem como os discípulos para passar "da admiração por Jesus à imitação de Jesus". Por isso, disse que é importante reconhecer que “diante de nós está a Eucaristia, para nos recordar quem é Deus”; exortou a dedicar “tempo de adoração”; e caminhar “atrás de Jesus”; ou seja, com a confiança de ser filhos amados de Deus.

9. Ultrassonografia "ao vivo" enfurece abortistas e se torna viral

Em 3 de outubro, durante a marcha “Em favor da mulher e da vida” na Cidade do Mexico e em vários locais do país, Ana, uma mãe de 15 anos com um bebê de 38 semanas de gestação, fez uma ultrassonografia voluntariamente e com o consentimento dos pais que participaram do evento.

O vídeo se tornou viral no Twitter, alcançando mais de 4,1 milhões de pessoas e foi reproduzido mais de 860 mil vezes em pouco mais de 24 horas. No vídeo é possível escutar os batimentos cardíacos do bebê de Ana, confirmando que há uma vida humana em seu ventre.

Os defensores da legalização do aborto no México ficaram indignados com o ultrassom, argumentaram que “uma menina não deve ser exposta como se fosse um circo”; chamaram os pró-vida de "psicopatas" e "porcos nojentos", expressaram seu "ódio" e fizeram ameaças.

As críticas ocorreram apesar de a Comissão Nacional de Direitos Humanos do México afirmar que a partir dos 12 anos se tem o “direito de decidir livremente, de forma autônoma e informada sobre nosso corpo e nossa sexualidade”. Algo que deveria incluir que um médico faça um ultrassom, mas costuma ser usado para justificar o acesso de menores ao aborto.

10. Filme sobre a Eucaristia fez sucesso nos cinemas europeus e da América

O documentário “Vivo”, que mostra por meio de testemunhos como a Eucaristia tem o poder de transformar vidas, foi um sucesso na Espanha e um dos mais assistidos nas primeiras semanas de seu lançamento, no dia 9 de abril, apesar das restrições devido à pandemia de covid- 19.

Depois da grande acolhida na Europa, o filme, que segundo o seu diretor Jorge Pareja, foi feito para “ajudar as pessoas, dar-lhes esperança e tocar o seu coração”, também foi sucesso de bilheteira na sua primeira semana no México, apesar de ser exibido em poucos cinemas. O filme também estreou na Argentina, Equador, Peru, entre outros países.

O produtor, padre José Pedro Manglano, recordou que a Eucaristia não é “um pão objeto”, mas “que naquele Pão há um coração que bate”. Segundo a Bosco Films, distribuidora internacional do filme, “é um milagre de filme” que fez com que muitas pessoas saíssem “chorando e cantando das salas”. “Está acontecendo algo que escapa de nossas mãos. Chama-se e está ‘Vivo’”, disse ele.

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