Na oração do Ângelus de hoje (28), em que a Igreja celebra a festa da Sagrada Família, o papa Leão XIV pediu às famílias cristãs que não deixem que a "chama do amor" seja sufocada com as "miragens" do mundo que propõem um "bem-estar vazio e superficial".

“Infelizmente, o mundo sempre tem os seus “Herodes”, os seus mitos de sucesso a qualquer custo, de poder sem escrúpulos, de bem-estar vazio e superficial, e muitas vezes paga as consequências com solidão, desespero, divisões e conflitos”, disse o papa.

Leão XIV pediu as famílias cristãs que não deixem que "as miragens" do mundo "sufoquem" sua "chama do amor", mas conservem “nelas os valores do Evangelho: a oração, a frequência aos sacramentos – especialmente a Confissão e a Comunhão –, os afetos saudáveis, o diálogo sincero, a fidelidade, a concretude simples e bela das palavras e dos bons gestos de cada dia".

Ao comentar o Evangelho de Mateus 2, 13-15.19-23, que narra a fuga da Sagrada Família para o Egito, o papa destacou que esse foi “um momento de provação para Jesus, Maria e José”, visto que "no contexto luminoso do Natal, projeta-se, quase inesperadamente, a sombra inquietante de uma ameaça mortal, que tem a sua origem na vida atormentada de Herodes, um homem cruel e sanguinário, temido pela sua brutalidade e, precisamente por isso, profundamente só e obcecado pelo medo de ser destronado".

Herodes, 'cego pelo medo de perder o trono, as suas riquezas e os seus privilégios'

O papa explicou que Herodes, quando soube pelos Magos do nascimento do “rei dos judeus”, sente-se "ameaçado no seu poder", e com isso, "decreta a morte de todas as crianças com a idade correspondente à de Jesus", porque está "cego pelo medo de perder o trono, as suas riquezas e os seus privilégios".

"Ele não consegue ver isso", disse Leão XIV, não vê que "Deus está a realizar, no seu reino, o maior milagre da história, no qual se cumprem todas as antigas promessas de salvação".

"Em Belém", continuou o papa, "há luz e alegria" e "alguns pastores receberam o anúncio celestial e, diante do presépio, glorificaram a Deus, mas nada disso consegue penetrar além das fortificações do palácio real, a não ser como um eco distorcido de uma ameaça, a ser sufocada com uma violência cega".

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Leão XIV destacou que a "dureza de coração" de Herodes, "evidencia ainda mais o valor da presença e da missão da Sagrada Família que, no mundo despótico e ganancioso que o tirano representa, é o ninho e o berço da única resposta de salvação possível: a de Deus que, em total gratuidade, se doa aos homens sem reservas nem pretensões”.

O papa também destaca "o gesto" de são José que, "obediente à voz do Senhor, põe a salvo a Esposa e o Menino", no qual "manifesta-se aqui em todo o seu significado redentor".

"No Egito, a chama do amor doméstico a que o Senhor confiou a sua presença no mundo cresce e ganha vigor para levar luz ao mundo inteiro", disse.

Famílias, ‘luz de esperança para os ambientes em que vivemos’

O papa concluiu a sua reflexão convidando a contemplar o mistério da Sagrada Família pensando nas famílias de hoje e na sua missão na sociedade.

"Isso torná-las-á luz de esperança para os ambientes em que vivemos, escola de amor e instrumento de salvação nas mãos de Deus", disse Leão XIV. "Peçamos, então, ao Pai do céu, por intercessão de Maria e são José, que abençoe as nossas famílias e as do mundo inteiro, para que, crescendo segundo o modelo da família do seu Filho feito homem, elas sejam para todos um sinal eficaz da sua presença e da sua caridade sem fim".