23 de dez de 2025 às 12:52
Para resgatar o verdadeiro sentido do Natal, a Missão Duas Vidas fez no sábado (20) em Nova Iguaçu (RJ) uma festa que reuniu cerca de 100 crianças e mães que desistiram de abortar por causa do acompanhamento recebido pela missão. Fundada em 1991 por Dóris Hipólito, a missão já salvou cerca de 4 mil bebês do aborto dando suporte e acompanhamento para grávidas em situação de vulnerabilidade.
A celebração deste ano teve brincadeiras, presentes, lanche e um momento de espiritualidade com músicas e orações. Cada criança ganhou roupas e brinquedos, e as mães receberam alimentos para a ceia de Natal.
Da festa participaram mulheres que chegaram à missão em uma situação de desespero e abandono, muitas pressionadas a abortar, outras abandonadas pelos companheiros, algumas pensando em tirar a própria vida. Agora, celebraram o nascimento do Menino Jesus com seus filhos nos braços.
Uma delas foi Marlene Ferreira Pereira, 30 anos, que foi com o seu bebê de quatro meses e três filhas. “No dia que eu conheci o projeto, eu ia tirar a minha vida e a da criança e Deus não permitiu”, disse à ACI Digital. “O pai não aceitou a gravidez, a família não queria que eu ficasse com a criança e hoje meu filho, Carlos Estêvão, está completando 4 meses”.
Ela foi acolhida por Dóris, que a ajudou com os exames do pré-natal, apoio psicológico e espiritual. “Hoje eu sou uma nova criatura, com altos e baixos, mas estou aqui agradecendo pelo projeto ter me abraçado, acolhido e ter me colocado esperança para eu não tirar o meu filho”.
Para ela, o Natal deste ano será cheio de sentido pois viu “a providência de Deus agir mais uma vez” com os presentes e carinho que recebeu na festa de Natal.
As crianças fizeram uma encenação do nascimento do Menino Jesus vestidas de Maria, José, pastores e anjos. Depois, o assistente espiritual da missão, padre Félix Poschenreithner, pároco de Nossa Senhora da Conceição, diocese de Nova Iguaçu, conduziu um momento de oração e reflexão.

“Deus não escolheu os grandes, mas um estábulo. Ele quer entrar na minha pobreza para me acolher e mostrar que a salvação é para todos”, disse o padre às mães. “Deus escolheu que seu Filho nascesse de uma mãe. Ele veio para a terra da mesma forma que todos nós nascemos. A missão também tem o papel de cuidar dos filhos que hoje são tão ameaçados”.
Para Dóris, “a importância da festa de Natal é levar para cada coração, para cada criança e para cada mãe o verdadeiro sentido do Natal, que é Jesus que nasce. Jesus nasceu lá em Belém, mas sempre nasce aqui também na Missão Duas Vidas. Nossa festa de Natal prioriza o sentido religioso, o nascimento de Cristo”.
As mulheres deram o testemunho de como passaram da negação à aceitação e celebraram a bênção de passar o Natal com os filhos. Ana Beatriz Pereira Oliveira, 25 anos, participou da festa com a filha Lorena de 11 meses no colo. Ela contou que chegou ao projeto pensando em abortar ou entregar a filha para adoção. “As orações, a leitura da Palavra e o carinho das pessoas do projeto mudaram minha ideia. Foi muito difícil, mas consegui por causa de Deus, do projeto e da dona Dóris”, contou ela à ACI Digital. “Hoje estou feliz, porque a Lorena veio para me salvar”.
Desempregada e mãe de duas meninas, Larissa contou à ACI Digital que ficou desesperada quando engravidou do terceiro filho, mas que desde o dia em que “conheci o projeto me senti acolhida. O pensamento de abortar saiu do meu coração porque aprendi que não é de Deus. Depois que conversei com a Dóris, sonhei que Deus me dizia que ela foi enviada para me ajudar”.
Monique, 28 anos, contou que foi abandonada pelo seu companheiro quando engravidou. “Eu não queria meu bebê porque fiquei chateada. Sofri muito na minha gestação, mas tive pessoas que me acolheram como a dona Dóris. Ele cresceu e está muito saudável, graças a Deus. Até os seis meses eu não quis a gestação. Hoje ele é o amor da minha vida. Deus sabe direitinho colocar as coisas certas”.
Para Dóris, a transformação verdadeira só acontece quando a mulher encontra Cristo, pois “o alicerce do nosso trabalho tem que ser a evangelização. Se essa mulher não tiver um encontro pessoal com Jesus Cristo, ela volta daqui a nove meses com outra gravidez. Por isso investimos tanto na formação espiritual, catequese e preparação para os sacramentos”.
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“O nosso investimento é grande na parte da evangelização, formação espiritual, preparação para os sacramentos, o batismo, primeira comunhão”, contou ela.
O encontro com Jesus que leva à mudança de vida foi testemunhado pela Sheila Germano, 32 anos. Ela conheceu a missão há oito anos e diz: “A missão mudou a minha vida, eu bebia muito, saia, vivia nas baladas. Aqui eu mudei, parei de beber, de fumar, de sair para bailes”..
“Vivo agora só para os meus filhos, vou à Igreja, rezo o terço, ensino as minhas filhas a rezar também”, contou emocionada.
A Missão Duas Vidas
A Missão Duas Vidas foi fundada em 1991 por Dóris Hipólito, quando era professora de História e Geografia em Nilópolis e percebeu que suas alunas recorriam ao aborto e sofriam graves sequelas físicas e emocionais.
“Comecei a dar palestras e, ao final, era comum uma aluna dizer: professora, estou grávida; se eu não tivesse ouvido essa palestra, eu iria fazer um aborto”, disse Hipólito.
A partir daí, a professora começou a reunir mulheres que desistiam de abortar na Igreja Nossa Senhora da Conceição, em Nilópolis, oferecendo para elas palestras de formação humana e evangelização.
“Formação humana para que elas conhecessem o seu corpo, conhecessem o método Billings de ovulação e tivessem mais conhecimento sobre as DSTs que não eram muito divulgadas. A formação da evangelização para que elas tivessem um encontro com Deus e a partir daí tivessem um novo caminho”, disse Dóris.
Com o tempo, a missão cresceu e passou a acolher mulheres em situação extrema: moradoras de rua, usuárias de drogas, vítimas de violência. Em 2007, Dóris deu “um passo na fé” e alugou a primeira casa de amparo chamada Casa de Amparo Pró-vida São Frei Galvão. Hoje, a missão mantém casas em Nilópolis, Nova Iguaçu e um sítio para acolher gestantes dependentes químicas.
O trabalho em Nova Iguaçu, porém, trouxe um desafio particular, “quando chegamos, descobrimos que havia várias casas abortórios perto da nossa. Nosso trabalho aumentou muito, porque precisávamos atuar nas ruas, nas portas desses lugares onde a vida era negada”, explica Dóris. “Tivemos até a conversão de um aborteiro e de uma aborteira, que veio trabalhar conosco como forma de penitência”.
Dóris contou que muitas adolescentes atendidas pelo projeto nem sabem quem é o pai do seu filho, porque elas engravidam nos bailes funks e todos os vizinhos e parentes a encaminham para abortar.
“Aí é que entramos acolhendo a adolescente e acolhendo o bebê, são duas vidas. Tanto que nosso nome depois foi registrado Missão Duas Vidas. Salvar a mãe e salvar o bebê”, disse.
Segundo Dóris, a missão atende anualmente cerca de 150 mulheres que querem abortar seus filhos e cerca de 95% desses aconselhamentos termina com o nascimento do bebê e a adesão dessas mulheres à missão pró-vida.




