11 de dez de 2025 às 13:17
A polícia de imigração venezuelana confiscou e cancelou o passaporte do arcebispo emérito de Caracas, Venezuela, cardeal Baltazar Porras, quando ele estava prestes a viajar para Bogotá, Colômbia, partindo ontem (10) do Aeroporto Internacional Simón Bolívar, em Maiquetía.
Segundo o Grão-Priorado da Ordem Militar e Hospitalar de São Lázaro de Jerusalém na Venezuela, na manhã de ontem o cardeal “foi submetido a tratamento humilhante” pelas autoridades aeroportuárias do governo de Nicolás Maduro.
Em Bogotá, o cardeal Porras tinha voo marcado para Madri, capital da Espanha, e, em seguida, para Toledo, onde participaria da solene cerimônia de investidura como protetor espiritual da Ordem de São Lázaro na Venezuela. Acompanhando o cardeal estavam o grão-prior José Antonio Rodríguez e sua mulher, que foram autorizados a embarcar no avião.
“Agentes da polícia de imigração detiveram injustificadamente sua eminência o cardeal Porras e o grão-prior, junto com sua mulher. O passaporte venezuelano do cardeal foi confiscado e cancelado, impedindo-o de embarcar em seu voo programado para Bogotá, com conexão para Madri”, disse a ordem num comunicado.
“Apesar de sua eminência ter apresentado seu passaporte do Estado do Vaticano, emitido em virtude de sua dignidade cardinalícia e com as prerrogativas diplomáticas que lhe correspondem como príncipe da Igreja Católica, foi-lhe negado o embarque”, diz o documento. “O cardeal foi submetido a tratamento humilhante, como a revista de seus pertences pessoais e roupas, com o uso de cães farejadores de drogas, enquanto sua bagagem era retirada da aeronave”.
A Ordem de São Lázaro na Venezuela diz que o ocorrido é uma "violação flagrante" do Direito Internacional, especialmente da Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas.
Consequentemente, “com profundo sentimento de indignação e em defesa da dignidade de nossa Ordem, de suas autoridades e da Santa Igreja”, foi apresentada uma queixa à Secretaria de Estado da Santa Sé, para que a secretaria transmita “um protesto formal às autoridades venezuelanas pela violação das prerrogativas diplomáticas de sua eminência o cardeal Baltazar Porras”.
A Ordem de São Lázaro na Venezuela também solicita à Santa Sé que exija “a restituição imediata dos documentos confiscados e a garantia de livre trânsito internacional para sua eminência, conforme as normas internacionais vigentes”.
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“A força está na fraqueza do presépio”
Em um comunicado dirigido à Conferência Episcopal Venezuelana (CEV), o cardeal Porras falou sobre o que ocorreu no aeroporto Simón Bolívar e disse que "o mais comum neste último quarto de século é sofrer quase sempre, com poucas exceções".
Ao verificarem o passaporte de Porras, a polícia de imigração disse a ele que constava como morto no sistema de identificação. O cardeal disse que foi seguido até mesmo ao banheiro pelos soldados, que o impediram de viajar.
“Estamos no tempo do Natal. A força está na fragilidade do presépio, na delicadeza da verdade que se constrói em paz, sem violência e sem abusos. A esperança vem do trabalho contínuo pelo bem de todos, especialmente dos excluídos”, disse o arcebispo emérito de Caracas.
Nas últimas semanas, o cardeal Porras foi alvo de vários ataques e abusos por parte de figuras proeminentes do chavismo, principalmente Nicolás Maduro e Diosdado Cabello.
Nos dias que antecederam e sucederam a canonização dos primeiros santos da Venezuela, em 19 de outubro, o cardeal falou, em Roma, sobre a situação precária do país, exortando especialmente ao fim da perseguição política e à libertação das milhares de pessoas detidas por motivos ideológicos.




