10 de dez de 2025 às 13:19
Cinco recuperandos da Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (APAC) de Porto Alegre (RS) receberam o sacramento da crisma das mãos do bispo-auxiliar de Porto Alegre, dom Darley Kummer, no sábado (6).
A celebração contou com a presença dos familiares dos crismandos e do frei Orestes Serra, agente da Pastoral Carcerária da arquidiocese, que atua diretamente na unidade da APAC.
O trabalho pastoral na unidade tem o objetivo de “levar a Palavra de Deus aos irmãos privados de liberdade e mostrar para eles a misericórdia de Deus que os ama, perdoa e chama a mudança de vida”, disse o frei Orestes à ACI Digital.
A APAC é uma organização sem fins lucrativos cuja finalidade é “recuperar os presos, proteger a sociedade, socorrer as vítimas e promover a justiça restaurativa”, diz o seu site. As APACs existem no Brasil desde 1972, e a de Porto Alegre foi inaugurada em 2018, quando começou a receber presos do regime fechado, que na metodologia APAC são chamados de recuperandos.
Segundo o frade, em seus sete anos de atuação no local, esse foi o segundo grupo da unidade a receber o sacramento da crisma e o terceiro a receber a eucaristia. A formação foi dividida em 16 encontros de iniciação à vida cristã, ministrados pelo recuperando Edmilson, sob supervisão de frei Orestes.
A metodologia da APAC tem na espiritualidade um de seus pilares. Segundo o frei Orestes, “uma pessoa privada de liberdade, geralmente tem uma baixa estima, um coração enrijecido, sem perspectiva de vida, inclusive acaba perdendo seu nome pois é chamada por um apelido”.
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Ele contou que quando o preso chega à APAC, “a primeira coisa que recebe é um abraço de boas-vindas, um crachá com sua foto e nome. Quer dizer, sua identidade começa a ser resgatada”, continuou.
Os agentes procuram mostrar ao interno que “Deus abomina o pecado, mas Ama a pessoa humana”. Segundo o frade, eles fazem todos os dias a reflexão do Evangelho do dia, buscando “confrontar a vida de cada um com o Evangelho”.
O objetivo do momento de espiritualidade é “mostrar que todos nós somos chamados a uma vida nova em Cristo”, disse.
Entre os muitos testemunhos vividos na unidade, frei Orestes conta que “um certo sábado, após a reflexão bíblica, um recuperando me procurou dizendo que não acreditava que Deus algum dia iria perdoá-lo. Eu não sabia qual tinha sido o seu delito. Ele olhou nos meus olhos e disse: ‘Como Deus vai me perdoar se eu matei minha esposa e minha sogra?’”.
“Num primeiro momento eu paralisei, mas depois respondi que Deus era um Pai misericordioso e tinha um amor especial por cada um dos seus filhos. Com o tempo, ele pediu para fazer a catequese, começou a rezar e hoje é uma outra pessoa. Conseguiu se arrepender, receber o perdão de Deus, se perdoar e pedir o perdão a seus filhos”, disse.
“O trabalho com as pessoas privadas de liberdade também é um processo de conversão na nossa vida. É um mútuo aprendizado”, concluiu.




