Por Elias Turk
30 de nov de 2025 às 16:10
O papa Leão XIV disse hoje (30) que conversou diretamente com o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, sobre as guerras em Gaza e na Ucrânia. Ele disse que ambos os líderes concordaram em pontos-chave e que Ancara poderia desempenhar um papel importante nos novos esforços de paz.
No voo da Turquia para o Líbano, o papa disse aos jornalistas que Erdogan concorda com o apoio constante da Santa Sé a uma solução de dois Estados para o conflito entre Israel e Palestina e que ele poderia contribuir para o avanço de novas propostas com o objetivo de pôr fim à guerra na Ucrânia.
"Falamos sobre as duas situações ", disse o papa. "A Santa Sé já há vários anos apoia publicamente a proposta da solução de dois Estados. Todos sabemos que, neste momento, Israel ainda não aceita essa solução, mas nós a vemos como a única solução que poderia oferecer uma saída para o conflito que vivem continuamente. Somos também amigos de Israel e buscamos, com ambas as partes, ser uma voz mediadora".
O papa Leão XIV afirmou que Erdogan "concorda com esta proposta" e destacou que a Turquia "tem um papel importante a desempenhar", tanto em Gaza quanto nos esforços para aliviar a guerra na Ucrânia. Ele disse que a Turquia já havia ajudado a intermediar o corredor de grãos do Mar Negro, que permitiu à Ucrânia exportar alimentos de forma segura através da zona de guerra antes do colapso do acordo em 2023. Agora, disse ele, "existem propostas concretas para a paz", e os contatos de Erdogan com Kiev, Moscou e Washington podem ajudar a avançar "o diálogo, o cessar-fogo e encontrar maneiras de resolver esse conflito, essa guerra na Ucrânia".
O papa fez esses comentários no meio de sua viagem apostólica à Turquia e ao Líbano, uma viagem que ele descreveu como um apelo à paz em uma região marcada por conflitos, deslocamentos e profundas divisões políticas.
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Ao recordar os seus dias na Turquia, o papa Leão XIV disse que seus encontros e liturgias foram caracterizados por um espírito de “simplicidade e profundidade”, destacando em particular a comemoração, na sexta-feira, em Iznik, dos 1700 anos do Concílio de Niceia. Ele também celebrou a Divina Liturgia hoje (30) de manhã com o patriarca ecumênico Bartolomeu I, considerado o primeiro entre iguais entre os bispos ortodoxos orientais, chamando-a de “uma celebração maravilhosa”.
Leão XIV disse que as minorias cristãs da Turquia são um lembrete de que a coexistência pacífica é possível mesmo em meio às diferenças. Ao mesmo tempo, reconheceu que a Turquia "vivenciou momentos difíceis a esse respeito ao longo de sua história".
O papa Leão XIV também revelou conversas ecumênicas em andamento sobre o ano de 2033, que marca os 2000 anos da Redenção. Os líderes da Igreja, disse ele, estão considerando um encontro cristão conjunto para o aniversário, possivelmente em Jerusalém.
Logo depois de falar com os jornalistas, o papa Leão XIV desembarcou em Beirute para iniciar a etapa libanesa de sua viagem, onde deverá abordar a paralisia política do país e oferecer encorajamento a uma população que ainda se recupera da guerra e do colapso econômico.
