A arquidiocese do Rio de Janeiro (RJ) vai celebrar no domingo (9) seus veneráveis e servos de Deus com a Festa da Santidade, na catedral metropolitana de São Sebastião. A iniciativa atende a um do papa Francisco feita em novembro do ano passado para que, a partir do Jubileu da Esperança, todas as figuras de santidade de uma diocese fossem recordadas no dia 9 de novembro em seu respectivo território.

Na arquidiocese do Rio de Janeiro, estão em processos de beatificação a venerável Odette Vidal Cardoso, conhecida como Odetinha, o venerável Guido Vidal França Schäffer, a serva de Deus Madre Maria José de Jesus, O.C.D., o servo de Deus frei Nemésio Bernardi, OFMCap., e os servos de Deus Zéia Pedreira Abreu Magalhães e Jerônimo de Castro Abreu Magalhães.

Na carta pela memória nas Igrejas particulares dos seus santos, beatos, veneráveis e servos de Deus publicada no ano passado, o papa Francisco disse que “no decurso do ano litúrgico, a Igreja honra publicamente os santos e os beatos em datas e formas predeterminadas”. Mas, acrescentou “parece-me importante que todas as Igrejas particulares comemorem os santos e beatos, bem como os veneráveis e servos de Deus dos respetivos territórios, numa única data”.

Francisco ressaltou na carta que “não se trata de inserir uma nova memória no calendário litúrgico, mas de promover com iniciativas apropriadas fora da liturgia, ou de recordar no seu contexto, por exemplo na homilia ou noutro momento considerado oportuno, aquelas figuras que caracterizaram o percurso cristão e a espiritualidade locais”.

“Portanto, exorto as Igrejas particulares, a partir do próximo Jubileu de 2025, a recordar e honrar estas figuras de santidade, todos os anos no dia 9 de novembro, festa da Dedicação da Basílica de Latrão”, completou.

A comemoração dos veneráveis e servos de Deus na arquidiocese do Rio de Janeiro começará com as laudes com os consagrados às 8h; às 8h30 haverá uma palestra com o tema “Chamados à santidade: Compreendendo o Caminho das Causas dos Santos”, com o delegado arquiepiscopal para as Causas dos Santos da arquidiocese do Rio, dom Roberto Lopes, OSB; às 9h, terá uma exposição sobre os veneráveis e servos de Deus; e o encerramento será com missa celebrada pelo arcebispo, cardeal Orani Tempesta, às 10h.

Veneráveis e servos de Deus da arquidiocese do Rio de Janeiro

Venerável Odetinha

Odette Vidal de Oliveira nasceu no Rio de Janeiro (RJ), em 18 de fevereiro de 1931. Seu pai morreu de tuberculose antes que ela nascesse e sua mãe, Alice, se casou novamente com o rico Francisco Oliveira, que adotou a menina e a educou na fé católica.

Ela ficou conhecida pelo seu amor à Eucaristia e pela caridade, sendo um testemunho de fé, simplicidade e humildade. Recebeu a primeira comunhão em 15 de agosto de 1937, no Colégio São Marcelo, da paróquia Imaculada Conceição, em Botafogo. Desde então, ao receber a comunhão, dizia: “Oh meu Jesus, vinde agora ao meu coração!”. Seu confessor atestou sua fé viva, confiança inabalável, intenso amor a Deus e ao próximo.

Dedicada à caridade com os que mais precisavam, gostava de ajudar sua mãe, que fazia uma feijoada aos sábados para os pobres. Odetinha colocava seu avental e servia a todos alegremente. Rezava o terço diariamente, revelando sua total confiança em Nossa Senhora. Também se queixava pelo fato de são José, que tanto trabalhou e sofreu por Jesus e Nossa Senhora, ser tão pouco honrado.

Nos últimos quarenta e nove dias de sua vida sofreu dolorosa enfermidade, paratifo, suportada com paciência cristã. Dizia: “Eu vos ofereço, ó meu Jesus, todos os meus sofrimentos pelas missões e pelas crianças pobres”. Em 25 de novembro de 1939, recebeu a Eucaristia de manhã e, em ação de graças, disse: “Meu Jesus, meu amor, minha vida, meu tudo”. Pouco depois, morreu.

Seu processo de beatificação teve início em 2013. No início de 2015, foi encaminhada à Santa Sé a documentação reunida pelo Tribunal Eclesiástico da arquidiocese do Rio, que recebeu parecer favorável pela Congregação da Causa dos Santos, em 2016. Suas virtudes heroicas foram reconhecidas pela Santa Sé em novembro de 2021.

Venerável Guido Schäffer

Guido Vidal França Schäffer nasceu em 22 de maio de 1974, em Volta Redonda (RJ) em uma família católica fervorosa. Mudou-se com a família para o Rio de Janeiro, onde se formou em medicina e atuou na Santa Casa de Misericórdia. Dedicou-se ao cuidado dos pacientes com Aids e também dos pobres, juntos com as Missionárias da Caridade de santa Teresa de Calcutá. Seu serviço como médico era sempre acompanhado pela evangelização.

Nos anos 1990, Guido deu início ao grupo de oração Fogo do Espírito Santo em sua paróquia.

Depois de participar do encontro das famílias por ocasião da visita de são João Paulo II ao Rio de Janeiro em 1997 e de uma viagem à Europa, em 2000, para a beatificação dos protomártires do Brasil, Guido decidiu entrar para o seminário, sem deixar a medicina.

Morreu em 1º de maio de 2009, surfando na praia do Recreio dos Bandeirantes. Guido foi atingido na nuca por uma prancha de surfe, desmaiou e se afogou.

O processo de beatificação de Guido Schäffer foi aberto em janeiro de 2015. A etapa diocesana do processo se encerrou em outubro de 2017 com o envio de toda a documentação para a Santa Sé. Ele foi declarado venerável em 20 de maio de 2023.

Serva de Deus Madre Maria José de Jesus

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Madre Maria José de Jesus nasceu em 18 de fevereiro de 1882, no Rio de Janeiro, e recebeu o nome de Honorina de Abreu. Era filha do historiados Capistrano de Abreu. Sua mãe morreu quando ela tinha nove anos. Foi educada pelo pai e também se destacava intelectualmente, era amante da cultura, falava várias línguas. Tinha uma vida normal, como das adolescentes de sua época, com amigos, namorados.

Aos 21 anos, teve uma profunda conversão e voltou-se totalmente para Deus e a Igreja. Reaproximou-se dos sacramentos, entrou para a Pia Sociedade das Filhas de Maria, atuou como catequista, dedicou-se à vida espiritual.

Aos 29 anos, mesmo tendo que enfrentar seu pai e o abandono da família, entrou para o Convento de Santa Teresa, das carmelitas descalças, no Rio de Janeiro, onde professou em 1912 e adotou o nome de Maria José de Jesus. Destacou-se como monja piedosa e exemplar e, em 1917, foi eleita priora, função que exerceu por 27 anos.

Como priora, encabeçou um processo de reformas no Convento de Santa Teresa, de onde saíram algumas fundações. Suas reformas se refletiram nos carmelos Brasil afora, tanto que ficou conhecida como santa Teresa do Brasil.

Madre Maria José de Jesus escreveu vários retiros, meditações, obras espirituais, poemas. Traduziu para o português as Obras Completas de santa Teresa de Jesus.

Ela morreu em 11 de março de 1959, com fama de santidade. Seu processo de beatificação foi aberto em 1989 e a etapa diocesana se encerrou em março de 1992.

Servo de Deus frei Nemésio Bernardi

Frei Nemésio Bernardi nasceu no dia 9 de março de 1927, em Veranópolis (RS). Era filho de Adriano Bernardi e Filomena Zandoná Bernardi. O casal teve 18 filhos, dos quais três morreram logo depois do nascimento e um aos quatro anos. Dos demais 14 filhos, frei Nemésio e outros 11 seguiram a vida religiosa.

O capuchinho fez sua profissão religiosa em 6 de janeiro de 1944 e foi ordenado padre em 21 de janeiro de 1984. Mudou-se em 1964 para o Rio de Janeiro, então capital federal.

Prestou serviços na hospedaria do convento, foi o responsável por deixar os quartos limpos para os frades, principalmente oriundos da sua região, que iam à capital fazer tratamento de saúde ou resolver algum outro assunto. Durante muito tempo, foi também o cozinheiro.

Mesmo com suas tarefas cotidianas, dedicou-se profundamente à sua vida de consagrado e ao ministério sacerdotal, com destaque para o sacramento da penitência. Frei Nemésio celebrava a missa na primeira sexta-feira de manhã, tomava o café e ia atender as confissões até o meio-dia, retornando às 16h para continuar o seu trabalho religioso até atender a última pessoa. Além disso, largava tudo o que estivesse fazendo para atender a chamados para bênçãos ou visitas a doentes.

Morreu em 4 de fevereiro de 2016, aos 88 anos. Seu processo de beatificação foi oficialmente aberto em julho de 2022.

Servos de Deus Zélia e Jerônimo

Zélia Pedreira Abreu Magalhães nasceu em 5 de abril de 1857, em Niterói (RJ). Jerônimo de Castro Abreu Magalhães nasceu em 26 de julho de 1951, em Magé (RJ). Ambos vieram de famílias abastadas. Eles se casaram em 27 de julho de 1876, na Chácara da Cachoeira, Tijuca, Rio de Janeiro. Depois de uma temporada em Petrópolis (RJ), fixaram residência na Fazenda Santa Sé, perto do Carmo do Cantagalo, província do Rio de Janeiro, que pertencia à família Abreu Magalhães.

Construíram um verdadeiro lar católico. Tiveram treze filhos, dos quais quatro morreram em tenra idade. Os outros filhos, três homens e seis mulheres, abraçaram a vida religiosa em diferentes ordens religiosas.

Em sua fazenda, o casal Zélia e Jerônimo também se preocupavam muito com a vida espiritual de seus escravos, promovendo a catequese, a participação na missa, a confissão. Muito antes da promulgação da Lei Áurea, que declarou o fim à escravidão no Brasil, o casal já tinha concedido a liberdade aos seus escravos.

Jerônimo morreu em 1909, com fama de santidade. Depois da morte de seu marido, Zélia passou um tempo cuidando de seu pai até a morte dele.

Mais tarde, realizou seu antigo sonho de se tornar religiosa. Ingressou no Convento das Servas do Santíssimo Sacramento, no Rio de Janeiro, onde tomou o hábito em 22 de janeiro de 1918 e adotou o nome de irmã Maria do Santíssimo Sacramento.

Zélia morreu em 8 de setembro de 1919, também com fama de santidade.

O processo de beatificação do casal Zélia e Jerônimo foi iniciado em 2014.