Segundo especialistas católicos conservadores em migração, os fiéis que não participam de manifestações contra a aplicação da lei são uma "maioria silenciosa" nos EUA.

Iniciativas como One Church One Family (Uma Igreja, Uma Família), dos jesuítas do oeste dos EUA convocam dioceses, paróquias, escolas, comunidades religiosas e outras instituições católicas a acolher e promover “ações públicas que exaltem a dignidade dos migrantes”, tais como “uma vigília em frente a um centro de detenção, uma celebração de oração num local onde migrantes foram detidos publicamente, ou um terço acompanhando pessoas que vão a audiências em tribunais de migração”.

“Acredito que um grande número de católicos americanos apoia as medidas do presidente em relação à imigração”, disse Andrew Arthur, pesquisador residente em Direito e Políticas do Centro de Estudos de Imigração, à CNA, agência em inglês da EWTN. “Acho que ele recebeu a maioria dos votos católicos na última eleição, dependendo da pesquisa consultada”.

Arthur destacou que a aplicação das leis de migração foi um dos principais pontos da campanha presidencial de Donald Trump no ano passado. O fato de Trump não ter dado mais ênfase a essa questão crucial na campanha de 2020 também foi considerado "uma das principais falhas" de sua segunda tentativa de chegar à Casa Branca.

Embora os fiéis que se opõem às medidas coercitivas do governo Trump tenham sido francos em sua defesa dos migrantes, organizando vigílias, procissões eucarísticas e protestos, Arthur disse que o grupo de fiéis que apoia o governo "não é homogêneo" e não organiza manifestações da mesma maneira.

“Não sei se existe um grande grupo católico que defende abertamente a aplicação da lei”, disse ele, falando sobre defesa aberta dessa prática. “Mas isso é mais ou menos o que se espera. Na minha opinião, trata-se da maioria silenciosa neste país”.

“Uma das coisas que observamos é que a Igreja Católica, segundo relatos, especialmente entre os fiéis mais jovens, é mais conservadora e, portanto, mais alinhada com as forças policiais em geral e com a fiscalização da migração em particular”, disse Arthur. “Mas não há motivo para formar um grupo para apoiar o que o governo está fazendo”.

“Trabalho na área de imigração e fiscalização há 33 anos e servi sob quatro presidentes diferentes, começando com George H.W. Bush”, disse ele. “Não há nada na fiscalização da imigração hoje [que seja diferente da fiscalização] sob George H.W. Bush, Bill Clinton, George W. Bush ou Barack Obama”.

'É isso que a lei exige'

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“É isso que a lei exige. É isso que os agentes estão fazendo”, disse Arthur. “Acho que a única coisa realmente excepcional é a resposta que eles estão recebendo por isso”.

O ex-secretário adjunto interino de Segurança Interna dos EUA, Ken Cuccinelli, disse à CNA: "Estou ciente dos dois pontos básicos contidos no parágrafo do catecismo da Igreja sobre imigração: 1) As nações mais ricas devem ser generosas com suas políticas de imigração; e 2) Os migrantes devem respeitar as leis e os costumes da nação para a qual estão emigrando".

“Acredito que os EUA são historicamente a nação mais generosa da Terra quando se trata de acolher pessoas de todo o mundo, portanto, atendemos à primeira expectativa católica”, disse ele. “No entanto, um imigrante ilegal, por definição, não atende à segunda expectativa encontrada no catecismo”.

Cuccinelli enfatizou a necessidade de o sistema de imigração americano funcionar em primeiro lugar para os americanos, assim como os problemas econômicos para os americanos pobres da classe trabalhadora que a imigração ilegal em larga escala de "pouca qualificação" acarretaria.

Por fim, Cuccinelli, que também já foi diretor do Serviço de Cidadania e Imigração dos EUA, disse à CNA que espera que os esforços do governo Trump para demonstrar seu compromisso com o Estado de Direito incentivem um retorno gradual a um regime de imigração legal em breve.

Charles Nemeth, diretor do Centro de Justiça Criminal, Direito e Ética da Universidade Franciscana de Steubenville, Charles Nemeth, também falou sobre o assunto a partir de uma perspectiva católica. “Se a questão é justiça, é melhor adotar a visão aristotélico-tomista de que justiça se refere ao que é devido — nada mais, nada menos. Os imigrantes ilegais iniciam sua jornada já num estado falho, pois furaram a fila e desrespeitaram nossas leis e tradições”.

Para que uma sociedade seja justa, disse ele, deve priorizar o bem comum do Estado-nação em vez de "atender às necessidades ou exigências individualizadas daqueles que não têm o direito legal de se assimilar sem a observância das regras e regulamentos que a entrada nas fronteiras exige".

Nemeth disse que a "política de portas abertas" do governo Biden subverteu os direitos dos cidadãos americanos ao permitir a imigração em massa, o que, segundo ele, resultou "num aumento drástico da criminalidade e da agitação social, transformando o Estado de Direito numa farsa". Ele falou também sobre o acesso de imigrantes sem documentos a benefícios como saúde, vale-alimentação e educação, "enquanto nossos próprios cidadãos são esmagados pelos custos desses mesmos serviços".

“Uma coisa é demonstrar compaixão”, disse ele, falando sobre os católicos que protestam contra as medidas coercitivas do governo Trump, “mas outra bem diferente é minar o tecido social de uma sociedade que permite regras especiais para categorias especiais de habitantes”.

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