24 de out de 2025 às 16:28
O papa Leão XIV falou da sinodalidade como uma fronteira particularmente significativa na vida eclesial atual ao receber os superiores da Companhia de Jesus (Jesuítas) no Vaticano, pedindo-lhes que permaneçam fiéis ao seu carisma missionário nos contextos mais desafiadores da sociedade contemporânea.
“O caminho sinodal exige uma escuta mais profunda do Espírito Santo e uns dos outros, para que nossas estruturas e ministérios sejam mais ágeis, mais transparentes e mais receptivos ao Evangelho”, disse o papa.
Em seu discurso, Leão XIV alertou contra os “falsos deuses do consumismo, do poder e da autossuficiência” e pediu o discernimento de novos caminhos de evangelização “nas fronteiras, sejam elas geográficas, culturais, intelectuais ou espirituais”.
O superior geral da Companhia de Jesus, padre Arturo Sosa, liderou o grupo de 100 jesuítas, entre eles provinciais e superiores Regionais, presidentes de conferências, conselheiros gerais, Secretários e tradutores, segundo a própria ordem dos jesuítas.
“Em todos os continentes, mesmo nas sociedades secularizadas, muitos buscam um sentido, muitas vezes sem se dar conta disso”, disse o papa diante dos superiores jesuítas reunidos no Vaticano. “Encontrem as pessoas nesta inquietação, comuniquem a alegria do Evangelho com humildade e convicção”.
Leão XIV enfatizou que, em meio a essas transformações, “Cristo continua enviando seus discípulos” e que a Companhia de Jesus é chamada a estar onde as necessidades da humanidade “encontram o amor salvífico de Deus”.
Falando sobre o testemunho de santo Inácio de Loyola e seus primeiros companheiros, o papa disse que os jesuítas “não temiam a incerteza nem as dificuldades; eles se voltavam para as margens, onde a fé e a razão se cruzavam com novas culturas e grandes desafios”.
Assim, ele exortou os jesuítas a irem a "lugares de risco, onde os mapas familiares não são mais suficientes".
"Hoje", disse o papa Leão XIV, "repito: a Igreja precisa de vocês nas fronteiras, sejam elas geográficas, culturais, intelectuais ou espirituais".
“Nas encruzilhadas das ideologias, houve e há jesuítas”
Leão XIV citou o papa são Paulo VI, que disse em 1974 que “em qualquer lugar da Igreja, mesmo nos campos mais difíceis e extremos... Houve e há jesuítas”.
Ele também citou palavras de Bento XVI, que pediu “pessoas de fé sólida e profunda, de cultura séria e de sensibilidade humana e social genuína”, capazes de demonstrar “ harmonia entre fé e razão” e de “fazer conhecer o verdadeiro rosto do Senhor a muitas pessoas para as quais Ele ainda está escondido ou é irreconhecível”.
Outra área de missão que Leão XIV definiu como fronteira essencial é a da reconciliação e da justiça. Ele falou sobre os "conflitos, desigualdades e abusos" no mundo.
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"Devemos nos opor à globalização da impotência com uma cultura de reconciliação", disse ele, "encontrando-nos na verdade, no perdão e na cura". Assim, o papa exortou aos jesuítas para se tornarem "especialistas em reconciliação, confiando que o bem é mais forte que o mal".
Leão XIV também dedicou uma parte substancial de seu discurso à reflexão sobre tecnologia e inteligência artificial. Ele falou sobre o potencial delas para o florescimento humano, mas alertou sobre os perigos do "isolamento", da "perda de empregos" e da "manipulação".
“A Igreja deve ajudar a orientar esses avanços eticamente”, disse ele, “defendendo a dignidade humana e promovendo o bem comum".
“Precisamos discernir como usar as plataformas digitais para evangelizar, formar comunidades e desafiar os falsos deuses do consumismo, do poder e da autossuficiência”, disse o papa.
Ele também exortou a “caminhar com os pobres” e falou sobre as consequências de um sistema econômico “movido pelo lucro acima da dignidade da pessoa”.
“Vivemos sob a ditadura de uma economia que mata”
“Vivemos sob a ditadura de uma economia que mata”, disse Leão XIV, citando sua exortação apostólica Dilexi te, “na qual a riqueza de alguns cresce exponencialmente enquanto a maioria é deixada para trás”.
O papa disse também: “O verdadeiro discipulado exige tanto a denúncia da injustiça quanto a proposta de novos modelos baseados na solidariedade e no bem comum”.
Leão XIV exortou os jesuítas a "acompanharem os jovens". O papa falou sobre a diversidade e o desejo de autenticidade deles: "Os jovens estão em movimento, buscando sentido e justiça. A Igreja precisa falar a linguagem deles não só com palavras, mas com presença e coerência. Devemos criar espaços onde eles possam encontrar Cristo, descobrir sua vocação e trabalhar pelo Reino".
Por fim, falando sobre o cuidado da casa comum, Leão XIV citou palavras da encíclica Laudato si' : “Os jovens exigem mudanças. Perguntam-se como podemos esperar construir um futuro melhor sem considerar a crise ambiental”.
O papa disse que a conversão ecológica “é profundamente espiritual” e exortou as comunidades jesuítas para que sejam “exemplos de sustentabilidade, simplicidade e gratidão pelos dons de Deus”.





