24 de out de 2025 às 15:41
A Câmara dos Deputados aprovou na quarta-feira (22), com 398 votos favoráveis e 30 contrários, o requerimento de urgência do projeto de resolução que cria a bancada cristã.
“A criação da bancada cristã reforça o direito dos parlamentares de organizarem-se para promover o debate público à luz de seus valores e convicções, garantindo maior articulação e visibilidade às pautas que defendem a família, a vida, a justiça social e a liberdade de expressão da fé”, diz o texto da proposta de autoria dos presidentes das frentes parlamentares católica e evangélica, deputados federais Luiz Gastão (PSD-CE) e Gilberto Nascimento (PSD-SP) respectivamente.
Se o projeto for aprovado no Plenário, a nova bancada será “composta por parlamentares que professam a fé cristã”: um na coordenação-geral e três nas vices-coordenadorias. O líder da bancada poderá participar das reuniões do Colégio de Líderes da Câmara, com direito a voz e voto; usar da palavra, pessoalmente ou por delegação, durante o período destinado às Comunicações de Liderança, por cinco minutos, semanalmente, “para dar expressão à posição dos parlamentares cristãos da Casa quanto à votação de proposições e ao conhecimento das ações de interesse da bancada”, diz o projeto.
O presidente da Frente Parlamentar Católica, deputado federal Luiz Gastão (PSD-CE) disse que, “quando se fala em criar a bancada cristã, o que se pretende é discutir como foi e como é a formação do povo brasileiro” visto que “mais de 80% da população brasileira e de todos os espaços públicos são cristãos” e a Constituição “garante liberdade de manifestação da fé de todas as formas”.
Para a líder do Psol na Câmara, deputada federal Talíria Petrone (PSOL-RJ), esse projeto é “inconstitucional” porque “o espaço político não pode privilegiar com voz e voto no Colégio de Líderes uma fé professada”.
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“Eu respeito muito a fé cristã”, disse Petrone. “Fui da Pastoral da Juventude, cresci na Igreja Católica, mas hoje professo outra fé”.
“Vamos ter aqui a bancada das religiões de matriz africana? Vamos ter a bancada de todas as religiões? Vamos ter a bancada do budismo? E vamos ter a bancada temática dos direitos humanos, a bancada do agronegócio, a bancada da agroecologia, a bancada do MST? Não pode, colegas”, disse a psolista. “Além de ser projeto inconstitucional, já há a instituição das frentes parlamentares para organizar os temas”.
Ela ainda disse que o “Estado brasileiro é formado por desigualdades históricas” para “as mulheres e para as pessoas negras” e por isso, “é papel, também previsto na Constituição, garantir igualdade entre homens e mulheres, e também por políticas afirmativas, para corrigir a desigualdade histórica, que não tem a ver com religião” mas sim, com “a Bancada Feminina e a Bancada Negra”.
“Nós defendemos que todas as pessoas possam professar a sua fé e organizá-la aqui dentro numa frente parlamentar, como as que já existem, mas direito a voz e voto no Colégio de Líderes porque é cristão, porque se considera cristão, é um absurdo e é inconstitucional”, declarou.




