Quatro cardeais e um arcebispo vão celebrar cinco missas pontificais na liturgia tradicional anterior à reforma do Concílio Vaticano II em Roma e nos EUA no mês que vem.

Às 15h do próximo sábado (25), o cardeal Raymond Burke celebra uma missa pontifical na basílica de São Pedro, no Vaticano, como parte da Peregrinação Summorum Pontificum, que reúne fiéis tradicionais de todo o mundo. O cardeal celebrou uma missa semelhante na basílica pela última vez em 2014, para o mesmo evento.

A missa tornou-se uma tradição anual desde o início da peregrinação em 2012, mas foi suspensa em 2022 pelo motu proprio Traditionis custodes, com que o papa Francisco impôs restrições radicais ao rito romano tradicional. Desde então, os participantes da peregrinação só tiveram autorização para celebrar a oração de sextas do ofício das horas na basílica.

A decisão de permitir a realização da missa parece ter vindo de cima. Foi "claramente, porque o papa disse: Deixem que façam", disse Marco Agostini, mestre de cerimônias papal e um dos principais defensores da missa tradicional em Roma, ao jornal americano Washington Post no último domingo (19).

Como parte da peregrinação, na próxima sexta-feira (24), o arcebispo de Bolonha, Itália, cardeal Matteo Zuppi, presidente da Conferência Episcopal Italiana (CEI), celebrará as vésperas pontificais na basílica de São Lourenço, em Roma. O cardeal, que simpatiza com o rito tradicional, mas não o celebra regularmente, celebrou as vésperas pontificais para os peregrinos no Panteão pela última vez em 2022.

Agora em seu 14º ano, a Peregrinação Summorum Pontificum leva pessoas ad Petri Sedem (“à Sé de Pedro”) para dar “testemunho do apego que une numerosos fiéis em todo o mundo à liturgia tradicional”.

Joseph Shaw, presidente da associação Una Voce International, agradeceu publicamente ao papa Leão XIV por sua "resposta pastoral" ao permitir que o cardeal Burke celebre uma missa pontifícia na basílica, chamando-a de "um grande avanço para a peregrinação". Ele disse também esperar que isso promova a "unidade com o Santo Padre" entre fiéis apegados ao missal usado antes das reformas litúrgicas de 1970.

Liturgias pontifcais nos EUA

Ao meio-dia de 1º de novembro, solenidade de Todos os Santos, o arcebispo de São Francisco, Califórnia, Salvatore Cordileone vai celebrar uma missa pontifical solene — a forma mais completa e elaborada da missa tradicional — na paróquia Estrela do Mar, em São Francisco. A missa fará parte de um Congresso do Rosário Eucarístico, iniciativa para ajudar paróquias a iniciar sete dias de adoração e terços de hora em hora diante do Santíssimo Sacramento.

No dia seguinte, às 17h, dia de Finados, o prefeito emérito do Dicastério para a Doutrina da Fé, cardeal Gerhard Müller, vai celebrar uma missa pontifícia na igreja paroquial de Nossa Senhora de Lourdes, na Filadélfia. A missa, promovida pelo Instituto Internacional para a Cultura, organização sem fins lucrativos inspirada pelo chamado do papa são João Paulo II à reevangelização da cultura, terá um "programa especial de música sacra".

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“Essa é uma oportunidade rara de participar de uma liturgia tradicional de grande beleza e de conhecer pessoalmente um dos teólogos e líderes mais ilustres da Igreja”, diz o site do instituto.

Por fim, em 21 de novembro, o prefeito emérito do Dicastério para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, cardeal Robert Sarah, celebrará as vésperas pontificais na catedral-basílica de São Pedro e São Paulo, na Filadélfia. A liturgia coincidirá com o lançamento do livro The Song of the Lamb (O Canto do Cordeiro, em tradução livre), uma conversa sobre música sacra entre o cardeal Sarah e Peter Carter, fundador e diretor do Catholic Sacred Music Project, organização que visa uma renovação da música sacra. Estão programados dois eventos de lançamento do livro: o primeiro em 21 de novembro, às 15h, na Universidade da Pensilvânia; e o segundo, em 22 de novembro, às 14h, na Universidade Princeton.

Tempo de Tensões

As liturgias pontificais ocorrem num momento em que o papa Leão XIV deve decidir se continua restringindo o rito romano tradicional, conforme a Traditionis custodes, ou se permite a liberdade de celebrá-las mais conforme a carta apostólica Summorum pontificum, publicada pelo papa Bento XVI em 2007.

A credibilidade da Traditionis custodes foi severamente prejudicada nos últimos meses, quando surgiu a informação (ponha link para a nossa matéria sobre o furo da Diane Montragna) de que a justificativa original para implementar as restrições havia sido baseada em dados deturpados sobre opiniões dos bispos.

O cardeal Kurt Koch, da Suíça, presidente do Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos, disse em agosto que "certamente seria desejável abrir novamente a porta agora fechada" para a missa tradicional.

Mais em

O cardeal Angelo Bagnasco, ex-presidente da CEI, também disse que era a favor de um relaxamento das restrições à missa tradicional em latim, dizendo que não via "nem riscos nem perigos se as coisas fossem feitas pacificamente e com a boa vontade de todos".

Atualmente, as conferências episcopais nacionais e os ordinários locais continuam sendo as autoridades decisivas, e alguns continuam a implementar novas restrições, especialmente nos EUA.

Shaw disse a Raymond Arroyo no programa The World Over, da EWTN , de 16 de outubro: "Não ouvi falar disso vindo da Itália; da França; ou da Inglaterra, onde estou. Na verdade, os bispos na Inglaterra parecem mais relaxados do que há seis meses em relação à missa tradicional, então isso é um verdadeiro enigma".