O papa Leão XIV se reuniu hoje (20) no Vaticano com ativistas e membros de uma organização internacional de sobreviventes de abusos cometidos por clérigos.

Quatro vítimas e dois defensores da Ending Clergy Abuse (ECA) — coalizão que representa sobreviventes de abuso sexual do clero de cerca de 30 países — tiveram hoje uma conversa de uma hora com Leão XIV. Segundo os participantes, foi a primeira vez em seu pontificado que o papa se encontrou com sobreviventes de abuso.

Gemma Hickey, presidente do conselho da ECA e sobrevivente de abusos cometidos por clérigos, disse que "foi uma conversa profundamente significativa” e que “hoje, todos nos sentimos ouvidos".

O grupo disse que foi convidado ao Vaticano depois de enviar uma carta a Leão XIV.

"Viemos não só para expressar nossas preocupações, mas também para explorar como podemos trabalhar juntos para garantir a proteção de crianças e adultos vulneráveis ​​em todo o mundo", disse Janet Aguti, vice-presidente do conselho da ECA. “Acreditamos que a colaboração é possível — e necessária".

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“A Igreja tem a responsabilidade moral de apoiar os sobreviventes e prevenir danos futuros”, disse também Tim Law, cofundador e membro do conselho da ECA nos EUA. “Nosso objetivo não é o confronto, mas a responsabilização, a transparência e a disposição de caminhar juntos em direção a soluções”.

A Pontifícia Comissão para a Tutela dos Menores divulgou na semana passada seu segundo relatório anual sobre políticas e procedimentos de proteção da Igreja, no qual pediu maior conscientização sobre abusos e a necessidade de oferecer reparações às vítimas.

O papa Leão XIV disse em julho ao jornal católico Crux que como responder à crise de abusos na Igreja — inclusive como equilibrar a justiça para as vítimas com os direitos dos acusados ​​— é "um dos muitos desafios” com os quais “está tentando encontrar uma maneira de lidar".

“Uma sensibilidade e compaixão autênticas e profundas pela dor, pelo sofrimento que as pessoas suportaram nas mãos dos ministros da Igreja, sejam eles padres ou bispos, leigos, religiosos ou religiosas, catequistas etc”, disse o papa. “Essa é uma questão que está conosco e acho que precisa ser tratada com profundo respeito”.