O patriarca latino de Jerusalém, cardeal Pierbattista Pizzaballa, falou  sobre a situação dos cristãos em Gaza depois da primeira fase do acordo de paz entre Israel e o Hamas ter começado esta semana.

“Estamos em contato diário com eles”, disse o cardeal sobre a comunidade católica em Gaza ao Vatican News, serviço de informações da Santa Sé. “Eles continuam escrevendo que ainda não conseguem acreditar que conseguiram dormir a noite toda sem ouvir o som das bombas”.

Apesar do resultado promissor da primeira fase do acordo de paz, que previu o retorno dos reféns israelenses e a retirada estratégica das tropas das Forças de Defesa de Israel (FDI) de Gaza, Pizzaballa enfatizou que a situação em Gaza "permanece muito fluida".

Em meio à distensão entre as forças israelenses e do Hamas, confrontos entre facções rivais palestinas eclodiram em Gaza.

“A situação continua dramática porque tudo está destruído”, disse Pizzaballa. “As pessoas estão retornando, mas estão retornando a ruínas. Os hospitais não estão funcionando; as escolas não existem. Ainda há a questão dos corpos dos reféns israelenses mortos que precisam ser recuperados”.

“No entanto, apesar de tudo isso, há uma nova atmosfera — ainda frágil, mas esperamos que se torne mais estável”, disse ele.

 

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Ao longo do conflito, Pizzaballa disse que os fiéis da região "sentiram a proximidade" tanto do papa Leão XIV quanto do papa Francisco. "Eles têm personalidades diferentes, mas ambos expressaram sua proximidade de maneiras muito concretas", disse o patriarca latino de Jerusalém, dizendo que ambos os papas tinham o hábito de telefonemas e contatos frequentes com o padre Gabriel Romanelli, pároco da igreja Sagrada Família, na Cidade de Gaza, além de fornecer ajuda concreta. O papa Leão XIV enviou antibióticos para Gaza esta semana.

O cardeal disse: “Não devemos confundir esperança com solução para o conflito”, falar sobre como a região deve avançar. “O fim da guerra não é o início da paz, nem é o fim do conflito”, disse ele. Em vez disso, a fraternidade deve ser construída em toda a região, com novas lideranças políticas e religiosas “que possam ajudar a reconstruir uma narrativa diferente, baseada no respeito mútuo”. O Hamas, milícia radical muçulmana patrocinada pelo Irã e que tomou o poder em Gaza através de uma guerra civil, não reconhece o direito de Israel existir.

Embora Pizzaballa tenha dito que não sabia se uma solução de dois Estados "é alcançável em curto prazo", ele enfatizou a necessidade de os palestinos não só receberem ajuda e apoio financeiro, mas também serem "reconhecidos em sua dignidade como povo".

“Não se pode dizer aos palestinos que eles não têm o direito de serem reconhecidos como um povo em sua própria terra”, disse ele. “Houve declarações — muitas vezes só teóricas — que devem encontrar concretização no contexto do diálogo entre as partes, que elas mesmas terão de alcançar, com a ajuda e o apoio da comunidade internacional”.