16 de out de 2025 às 11:33
O papa Leão XIV nomeou o padre Inácio Wu Jianlin bispo auxiliar de Xangai, China, em 11 de agosto, com sua ordenação episcopal ocorrendo hoje sob a estrutura do acordo provisório entre a Santa Sé e a República Popular da China.
A consagração de Wu Jianlin na catedral de Santo Inácio, em Xangai, anunciada ontem (15) pela Santa Sé marca o complexo relacionamento entre Pequim e a Santa Sé.
O governo comunista chinês já havia anunciado a “eleição” de Wu, por uma assembleia de padres e leigos, em 28 de abril, no período de sede vacante entre a morte do papa Francisco e a eleição do papa Leão XIV.
O boletim da Santa Sé, publicado ontem (15), disse que Leão XIV aprovou a candidatura de Wu em 11 de agosto.
Embora a nomeação de Wu não tenha sido tornada pública anteriormente, o anúncio sugere que a mudança foi feita conforme o acordo Santa Sé-China.
Na época da eleição de Wu, observadores disseram estar preocupados de que Pequim estivesse explorando o interregno papal para afirmar controle sobre as nomeações episcopais.
A declaração da Santa Sé de ontem confirma que a nomeação foi aprovada pelo papa Leão XIV.
O bispo Wu, de 55 anos, nasceu em 27 de janeiro de 1970 e estudou filosofia e teologia no Seminário Sheshan, em Xangai, de 1991 a 1996. Ele foi ordenado padre em 1997 e serviu em vários cargos como clérigo.
Entre 2013 e 2023, ele ajudou a administrar a diocese na prolongada sede vacante de Xangai e, mais tarde, serviu como vigário-geral.
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Acordo como "semente de esperança"
O acordo provisório assinado em 2018 e renovado no ano passado por mais quatro anos, estabelece um sistema no qual autoridades chinesas aparentemente propõem candidatos para cargos episcopais, que devem então receber aprovação pontifícia antes de serem nomeados.
O conteúdo do acordo nunca foi divulgado, e a maneira como o processo é aplicado tem sido posta em dúvida.
O secretário de Estado da Santa Sé, cardeal Pietro Parolin, defende o acordo há muito tempo como um instrumento de diálogo numa situação imperfeita.
Num discurso de 11 de outubro comemorando o concílio de Xangai de 1924, Parolin descreveu o acordo como uma “semente de esperança” que, apesar dos contratempos, poderia dar frutos a longo prazo “na proclamação do Evangelho, na comunhão com a Igreja universal e o bispo de Roma, e na vida cristã autêntica”.
Na mesma conferência, o pró-prefeito do Dicastério para a Evangelização, cardeal Luis Antonio Tagle, falou sobre “a vida real e a rotina diária ordinária das comunidades católicas na China”, mesmo que “a atenção geralmente esteja focada em questões de nomeações episcopais, incidentes locais, relações entre as autoridades políticas chinesas e a Santa Sé, ou problemas relacionados à política religiosa do Estado”.




