O que é canonização equivalente, que levará José Gregorio Hernández aos altares

15 de out de 2025 às 15:51

O papa Leão XIV vai declarar oficialmente no próximo domingo (19) sete beatos como santos, entre eles José Gregorio Hernández, médico venezuelano que alcançou a dignidade dos altares por meio de uma canonização equivalente autorizada pelo papa Francisco em 25 de fevereiro.

Uma canonização equivalente, ou equipolente, ocorre quando o papa, num exercício de sua infalibilidade, “omitindo processos e cerimônias judiciais, ordena que um certo servo de Deus seja venerado na Igreja universal”.

Junto com José Gregorio Hernández, madre Carmen Rendiles também será canonizada, tornando-se a primeira santa da Venezuela.

O procedimento ordinário de canonização

O procedimento ordinário para que uma pessoa seja declarada santa pela Igreja Católica inclui uma investigação rigorosa para verificar se ela viveu heroicamente as virtudes cristãs, além da verificação de dois milagres como prova conclusiva de seu poder de intercessão diante de Deus.

Depois de passar por todas as etapas habituais do processo, o papa decreta a canonização, que é a declaração oficial de que a Igreja sabe infalivelmente que a pessoa alcançou a bem-aventurança eterna.

A partir daquele momento, seu nome é inscrito no catálogo universal dos santos e o culto público universal à sua intercessão é autorizado.

A canonização equivalente

A canonização equivalente pode ocorrer quando um servo de Deus “foi venerado por muito tempo, quando suas virtudes heroicas (ou martírio) e milagres foram registrados por historiadores confiáveis, e a fama de sua intercessão milagrosa é ininterrupta”.

Ou seja, para aprovar uma canonização por equivalência, são necessárias uma veneração prolongada do santo e virtude heroica demonstrada. Embora nenhum milagre moderno seja necessário, a fama de milagres ocorridos antes ou depois da morte de um santo também é levada em consideração depois de um estudo feito pela seção histórica do Dicastério para as Causas dos Santos.

No caso de José Gregorio Hernández, um primeiro milagre foi oficialmente aprovado pela Santa Sé em 2020, permitindo sua beatificação. No entanto, neste ano, o papa Francisco disse que o médico venezuelano cumpria os requisitos para isentá-lo da aprovação de um segundo milagre do processo, declarando assim sua canonização de modo extraordinário.

Logo depois da morte dele em 1919, a devoção ao "médico dos pobres" se espalhou entre todos os venezuelanos, com milhares de histórias de cura atribuídas à sua intercessão ao longo das décadas.

O padre Magdaleno Álvarez, reitor de santuário na cidade natal de Hernández, diz que ele sempre "serviu aos necessitados, o que o tornou uma pessoa admirada por todos".

Assim como aconteceu com Hernández, a Santa Sé pode dispensar algumas etapas formais e declarar a santidade de uma pessoa por meios equipolentes, concedendo o mesmo reconhecimento e autoridade de uma canonização tradicional.

Alguns casos modernos

No dia 3 de abril de 2014, o papa Francisco dispensou o milagre e inscreveu José de Anchieta no Livro dos Santos, estendendo o culto do jesuíta à Igreja universal.

Em 2015, o papa Francisco canonizou são Junípero Serra, evangelizador da Califórnia, EUA, pelo mesmo método. Naquele ano, Francisco disse que esse mecanismo "utiliza-se quando há já muito tempo que um homem ou uma mulher é beato, beata, e goza da veneração do povo de Deus, que o venera realmente como santo".

"Não se faz o processo do milagre”, disse também Francisco.” Existem pessoas que estão nestas condições há séculos”.

Mais recentemente, no mês passado, as 16 freiras mártires carmelitas de Compiègne foram canonizadas, também pela via equivalente, autorizada pelo papa argentino em dezembro do ano passado.