O patriarca latino de Jerusalém, cardeal Pierbattista Pizzaballa, disse que o acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas mediado pelos EUA é um “primeiro passo” em direção à paz.

Num comunicado, o grupo terrorista islâmico Hamas, que controla a Faixa de Gaza, concordou em libertar os reféns israelenses restantes, vivos e mortos, nos primeiros passos de um acordo de paz mediado pelo presidente dos EUA, Donald Trump.

Acredita-se que vinte reféns vivos e os corpos de 28 reféns mortos permanecem em Gaza no âmbito do segundo aniversário do ataque terrorista do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023 — o maior massacre de judeus desde a Segunda Guerra Mundial.

Segundo Pizzaballa, o acordo de cessar-fogo de "um primeiro passo importante e muito aguardado" numa carta aos fiéis no último sábado (4).

O plano de 20 pontos fala sobre a desradicalização de Gaza para uma zona livre de terrorismo que não "represente uma ameaça aos seus vizinhos" e a reconstrução de Gaza para o povo de Gaza, assim como um cessar-fogo imediato, o retorno dos reféns e o retorno de quase 2 mil prisioneiros palestinos.

“Se ambos os lados concordarem com esta proposta, a guerra terminará imediatamente”, diz o plano. “As forças israelenses recuarão para a linha pactuada para se prepararem para a libertação dos reféns. Nesse período, todas as operações militares, como bombardeios aéreos e de artilharia, serão suspensas, e as linhas de batalha permanecerão congeladas até que sejam reunidas as condições para a retirada completa e gradual”.

Delegações dos EUA, de Israel, do Hamas e países do Oriente Médio se reuniram ontem (6) no Egito para negociações de paz.

“Nada está totalmente claro ou definitivo ainda; muitas perguntas permanecem sem resposta e muito ainda precisa ser definido”, disse Pizzaballa. “Não devemos nos iludir, mas estamos satisfeitos que algo novo e positivo esteja no horizonte”.

A primeira fase do cessar-fogo teria a logística da libertação dos reféns, seguida por um plano para criar uma liderança palestina "tecnocrática e apolítica" em Gaza que não seja o Hamas, segundo o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio.

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“Aguardamos o momento de comemorar pelas famílias dos reféns, que finalmente poderão abraçar seus entes queridos”, disse Pizzaballa. “Esperamos o mesmo pelas famílias palestinas, que poderão abraçar aqueles que voltam da prisão. Regozijamo-nos acima de tudo pelo fim das hostilidades, que esperamos que não seja temporário e que traga alívio aos habitantes de Gaza”.

“Não sabemos se essa guerra realmente terminará, mas sabemos que o conflito continuará porque suas causas ainda não foram abordadas”, disse o cardeal.

“O fim da guerra não marca necessariamente o início da paz, mas é o primeiro passo essencial para construí-la”, disse também o patriarca latino de Jerusalém.

Pizzaballa falou sobre a esperança da ressurreição da Páscoa em meio à guerra.

“Raiva, ressentimento, desconfiança, ódio e desprezo dominam com muita frequência o nosso discurso e poluem os nossos corações”, disse ele. “Corremos o risco de nos habituar ao sofrimento, mas não precisa ser assim. Cada vida perdida, cada ferida infligida, cada fome suportada continua sendo um escândalo aos olhos de Deus”.

“A narrativa dominante dos últimos anos tem sido a de confronto e ajuste de contas, levando inevitavelmente à realidade profundamente dolorosa da polarização”, disse também o cardeal. “Como Igreja, o ajuste de contas não nos pertence, nem como lógica nem como linguagem. Jesus, nosso Mestre e Senhor, fez do amor que se torna dom e do perdão a escolha de Sua vida”.

“Seus ferimentos não são um incitamento à vingança, mas um sinal da capacidade de sofrer por amor”, disse Pizzaballa.