6 de out de 2025 às 14:06
O Departamento de Justiça dos EUA entrou com ação judicial contra pessoas e entidades que organizaram um protesto em frente a uma sinagoga em Nova Jersey.
O DOJ denunciou duas organizações envolvidas no protesto — Partido pelo Socialismo e Libertação de Nova Jersey e Muçulmanos Americanos pela Palestina de Nova Jersey — assim como seis indivíduos que supostamente participaram do protesto, que, segundo autoridades, acabou em violência.
A ação foi movida com base na Lei de Liberdade de Acesso às Entradas de Clínicas (FACE, na sigla em inglês), que também impõe penalidades federais a pessoas que restringem o acesso a locais de culto. O DOJ diz que os manifestantes usaram ameaças, intimidação e violência no protesto na sinagoga da Congregação Ohr Torá, o que interferiu no direito da comunidade de exercer sua religião.
“Nenhum americano deve ser assediado ou discriminado por praticar pacificamente sua religião”, disse a procuradora-geral Pamela Bondi em 29 de setembro. “O processo de hoje ressalta o comprometimento do Departamento de Justiça em defender os judeus americanos — e todos os americanos de fé — daqueles que ameaçam seu direito de culto”.
As alegações do DOJ contrastam com as afirmações de promotores locais que dizem que contramanifestantes pró-Israel iniciaram a violência.
Histórico de protesto e processo judicial
O processo do DOJ diz que o protesto planejado coincidiu com o serviço religioso em memória do rabino Avi Goldberg, realizado na sinagoga. O documento diz que o evento teve um sermão da Torá, cânticos religiosos, danças religiosas, um churrasco festivo e uma feira de venda de terras, tudo "parte da observância religiosa".
Os manifestantes se reuniram do lado de fora do evento principalmente em oposição à feira imobiliária, que tinha a venda de terras na Cisjordânia Palestina obtidas por meio de assentamentos autorizados pelo governo israelense. O Tribunal Internacional de Justiça da Organização das Nações Unidas emitiu um parecer consultivo no ano passado que declarou esses assentamentos ilegais segundo o direito internacional.
O processo do DOJ diz que os manifestantes desafiaram as ordens da polícia e entraram na sinagoga "gritando e tocando vuvuzelas". O processo diz que "interromperam o evento religioso tocando vuvuzelas para abafar o serviço memorial e o sermão da Torá".
A denúncia diz que dois manifestantes jogaram vuvuzelas no rosto de um organizador do evento, que as rechaçou com um tapa. Um manifestante teria reagido investindo contra o organizador do evento, o que levou um segundo fiel a usar spray de pimenta contra o manifestante para interromper o suposto ataque.
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Segundo as alegações, o manifestante atacou a pessoa que lhe jogou spray de pimenta, jogando-o no chão, arrastando-o até o estacionamento e batendo sua cabeça no chão.
O fiel acabou atingindo o manifestante na cabeça com uma lanterna e escapou em segurança, segundo o processo.
“Este Departamento de Justiça fará cumprir vigorosamente o direito de todos os americanos de praticar seus cultos em paz e sem medo”, disse o procurador-geral adjunto Harmeet K. Dhillon. “Aqueles que atacam locais de culto e violam nossas leis federais que protegem pessoas de fé estão cientes de que enfrentarão as consequências”.
A interpretação dos eventos pelo Departamento de Justiça dos EUA entra em conflito com a dos promotores locais.
Segundo um artigo da editora de jornais North Jersey Media Group, promotores do condado de Essex dizem que "contramanifestantes pró-Israel" lançaram o ataque contra os manifestantes pró-Palestina. Promotores dizem que contramanifestantes pró-Israel "avançaram em direção a manifestantes pró-Palestina e começaram a arrancar seus materiais".
O organizador do evento e o outro fiel — que o DOJ diz terem sido as vítimas —foram acusados de intimidação tendenciosa, agressão agravada, porte de arma com objetivo ilegal e porte ilegal de arma, segundo o artigo.
Segundo um artigo do site de notícias New Jersey Monitor, o organizador do evento alega inocência e seu advogado disse que a interpretação dos eventos pelo DOJ “reconta o que ocorreu naquele dia trágico [e] estamos satisfeitos que finalmente as pessoas que merecem ser levadas à justiça o serão”.
O Muslim Legal Fund of America (Fundo Legal Muçulmano da América), que representa os Muçulmanos Americanos pela Palestina (AMP, na sigla em inglês), disse que a denúncia “não contém alegações de violência por parte de qualquer representante da AMP”.
“A AMP continua a defender os direitos de todos de exercer legalmente a liberdade de expressão pacífica protegida pela Primeira Emenda [da Constituição dos EUA]”, disse também a declaração.
Além de estabelecer proteções especiais para locais de culto, a Lei FACE, sancionada pelo presidente Bill Clinton, do Partido Democrata, em 1994, também dá proteções semelhantes para clínicas de aborto e centros de recursos pró-vida para gravidez.





