No interior da Bahia, duas irmãs descobriram a vocação para ser carmelitas descalças de clausura graças à devoção a santa Teresinha do Menino Jesus, celebrada hoje (1º). Irmã Maria Ester do Sagrado Coração de Jesus, de 25 anos, é noviça no Carmelo Ressurreição e Edith Stein, em Senhor do Bonfim (BA). Sua irmã mais nova, Luziane, de 19 anos, vive um período de experiência no mesmo Carmelo.

A caminhada de Maria Ester e sua devoção à santa influenciaram a vocação de Luziane que conheceu santa Teresinha através da irmã. “Pude conhecer sobre a vida dela, seus ensinamentos, a pequena via, o abandono nas mãos de Deus”, disse Luziane à ACI Digital.

A irmã Maria Ester conta que depois de conhecer santa Teresinha e ler História de uma Alma, primeira versão publicada dos manuscritos autobiográficos da santa, o primeiro chamado que ela despertou “não foi nem para a vida religiosa, mas para a vocação à santidade”. Na época, ela namorava havia quase cinco anos e acreditava que seu caminho seria o matrimônio. “Eu acreditava que a santidade era só para aqueles santos escolhidos por Deus, especiais, que faziam milagres, como são Padre Pio, como são Francisco”.

O que mais chamou a atenção da freira quando leu a autobiografia “foi o que santa Teresinha dizia sobre ser santa, apesar da pequenez, porque os méritos são de Jesus, não meus, então Ele que vai ser a minha santidade”.

“Santa Teresinha me despertou esse olhar para perceber que todos podemos ser santos”, disse. “Foi aí que eu comecei a gostar ainda mais e ela virou a minha santa de devoção”.

O desejo de se unir a Jesus no Carmelo

Outro ensinamento de santa Teresinha que toca o coração da irmã Maria Ester é o amor esponsal. “Quando ela fala que o Carmelo é o deserto onde ela se une a Jesus. Viver a vida amando a Jesus no Carmelo”.

“Foi a partir dessa leitura que eu comecei a pensar assim, meu Deus, acho que eu quero isso para mim também. Eu quero estar ali, como santa Teresinha”, revelou a irmã.

Mesmo com esse desejo, ela resistiu ao chamado. Participava de tudo na Igreja em sua cidade natal, Rio de Contas (BA). “Acho que era uma tentativa de me doar mais para preencher isso que eu sentia, essa sede de me doar, de me entregar mais a Jesus pela salvação das almas”, disse.

“Esse desejo está muito forte na vida de santa Teresinha: a intercessão pelas almas”, disse irmã Maria Ester. “Se entregar não só para gozar de Deus, mas pelas almas, para dar almas a Ele. Eu tinha esse desejo também, então eu ia para as pastorais, fazia coisa, fazia coisa, mas nada preenchia”.

 “Um dia, na oração pessoal, me deparei com a passagem do Jovem Rico, na qual Nosso Senhor disse que aquele que quiser vir após mim, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga”, disse. “Eu já tinha ouvido esse evangelho várias vezes, mas nesse dia de modo especial me tocou, porque eu senti como se Nosso Senhor estivesse me dizendo o mesmo. Venha e me siga”.

“Renuncie a teus planos, renuncie a teus projetos. Na minha cabeça minha vida já estava toda organizada. E aí foi que eu comecei a escutar mais”.

“Nesse momento eu resolvi que seria pela oração, seria pelo doando a minha vida que eu conseguiria ser feliz”.

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Do medo da clausura à entrega total

Apesar do encantamento, Maria Ester teve receio da clausura. Buscou outras espiritualidades, fez acompanhamento com as freiras ursulinas e uma experiência em um mosteiro beneditino, atraída pelo canto gregoriano. Mas o Carmelo e Santa Teresinha não saíam do seu coração. Por isso, decidiu fazer uma experiência no Carmelo Ressurreição e Edith Stein, em Senhor do Bonfim (BA), no qual entrou no dia 8 de julho de 2023.

Seus pais, Maria Santa e Jacó, e sua irmã Luziane foram a Senhor do Bonfim (BA), para a entrada da irmã Maria Ester no Carmelo. Embora sempre tenham apoiado a vocação, também tinham receios. Mas, como conta a freira, estavam “muito felizes, muito realizados”. Ela conta que se emocionou ao ouvir do pai que a entrada no Carmelo foi um “presentão para a família”. “Minha mãe parece que estava sonhando”, contou.

Irmã Maria Ester do Sagrado Coração de Jesus, com sua mãe, Maria Santa; seu pai, Jacó; e sua irmã, Luziane. Crédito: Arquivo pessoal.
Irmã Maria Ester do Sagrado Coração de Jesus, com sua mãe, Maria Santa; seu pai, Jacó; e sua irmã, Luziane. Crédito: Arquivo pessoal.

A influência da irmã e o chamado vocacional

Em fevereiro de 2025, Maria Ester recebeu o hábito, recebeu o nome religioso e tornou-se noviça. Na ocasião, a família voltou ao Carmelo, e Luziane pôde conhecer mais de perto a vida carmelita. “Através da minha irmã que entrou para o carmelo em 2023 eu tive o contato com o mosteiro carmelita, mas ainda não pensava em seguir essa vocação”.

“Com o passar dos meses eu comecei a sentir mais fortemente em mim um apelo de buscar uma vida totalmente entregue a Deus, totalmente consagrada a Deus”, disse.

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Luziane buscou outras ordens, mas não se encontrava em nenhuma. Então, decidiu “aprofundar na espiritualidade das monjas do carmelo”. O que mais lhe tocou foi “a questão do silêncio, da oração contemplativa e da solidão”.

Hoje, Luziane segue a rotina das irmãs e participa das formações do noviciado, fora da clausura.

A vocação carmelita como missão de amor

Para a irmã Maria Ester, “ser carmelita é se doar ao amor, se abandonar ao amor. Que é o que vai nos preencher, na mente, e aquilo que vai satisfazer o coração de Jesus. Essa inteira confiança. Se abandonar ao amor pela salvação das almas”.

 “Nós vivemos a missão da Igreja, acima de tudo, rezando pela salvação das almas”, disse. “E através da oração, é como o santa Teresinha diz, nós somos como pequenos Moisés, estamos de braços erguidos, em oração, sustentando a Igreja. A nossa pregação é a oração”, concluiu.